Análise: Gun Crazy (Switch) oferece ação rápida (literalmente) em um robótico mundo de 16-bits

Assuma o controle de uma policial fortemente armada para enfrentar as ameaças mecânicas que estão atacando a cidade.

em 25/05/2020

Gun Crazy, projeto da Ritual Games que conta com distribuição da Ratalaika Games, dispensa completamente histórias ou tutoriais. Depois de apertar o botão Start na tela de título, você é atirado diretamente na ação e deve se virar sozinho. Ameaças robóticas aparecem por todos os lados e não abrem brechas para o jogador se familiarizar com os controles. Após poucas fases, quando finalmente sentimos que estamos dominando a personagem, os créditos sobem e te parabenizam por ter concluído a jornada.


A princípio, fiquei atônito com tudo acontecendo tão rápido. Imaginei que poderia ser um daqueles títulos que limitam a quantidade de estágios em função do nível de dificuldade, ou seja, no “Fácil” é possível ir somente até certo ponto e para continuar se torna necessário mudar para o “Normal” ou “Difícil” — algo comum na era dos 16-bits. Mas, bastou uma olhada nas opções para me certificar que realmente o game se resume a quatro fases que podem ser tranquilamente vencidas em menos de 15 minutos.
Velocidade máxima

Porque perguntar se podemos atirar

Esqueça qualquer tipo de enredo, cutscene e até mesmo diálogos. Gun Crazy simplesmente os ignora a ponto de nem ao menos dar um nome para a personagem principal. As únicas informações que temos da garota é que ela compõe a força policial de alguma cidade e está enfrentando inúmeros mecanismos robóticos que provavelmente têm origem extraterrestre — conclusão que cheguei por achar que certos inimigos se parecem com alienígenas. Porém, nada disso é confirmado e sua criatividade será o limite para a criação de um plano de fundo para a aventura.

A proposta do jogo claramente não é contar histórias, mas sim oferecer uma experiência ao melhor estilo arcade, e isso ele consegue fazer muito bem. O gameplay segue o gênero run and gun, em que é preciso eliminar tudo o que se move e tomar cuidado para não ser atingido pelos disparos dos oponentes. Há muitas semelhanças com clássicos como Metal Slug e até mesmo um pouco de Mega Man, porém sem reproduzir em nenhum momento os desafios de plataforma enfrentados pelo robozinho azul.
Prepare-se para enfrentar chefões como este em todas as fases






Outra similaridade com Mega Man está em uma das armas de nossa protagonista. No lugar do braço ela tem um canhão com disparos infinitos e que pode ser fortalecido temporariamente por meio de itens coletados nas fases. A policial conta ainda com um poderoso soco corpo a corpo, executado quando o botão de atirar é pressionado no momento em que a personagem está perto de algum inimigo. O golpe pesado elimina qualquer oponente imediatamente, mas tem a desvantagem de deixar a garota exposta, já que ela precisa se aproximar muito dos perigosos robôs.

Além das hordas de oponentes metálicos, as quatro fases também desafiarão aos jogadores com chefões. No primeiro estágio, três deles precisam ser derrotados, enquanto que nos outros níveis há apenas um. Essas máquinas maiores e ameaçadoras têm diversos padrões de ataque, que tornam as lutas frenéticas e adicionam um toque de estratégia. Antes de partir para o combate, a melhor opção é analisar previamente os movimentos inimigos para encontrar as raras janelas de ação. Tudo isso torna os duelos contra os chefes o ponto alto do título.
Ataques à distância ou corpo a corpo

Caos pixelado

Gun Crazy traz visual em pixel art simples e sem nenhum detalhe que se destaca dos demais. Os cenários até apresentam boa qualidade gráfica, mas nada que possa ser muito apreciado devido ao ritmo frenético e também ao caos que frequentemente polui a tela. Cada inimigo derrotado faz com que dezenas de moedas amarelas apareçam por todos os lados, para depois serem “sugadas” automaticamente pela protagonista. Esses objetos, somados aos demais elementos do jogo, tornam o visual extremamente confuso.

Serão comuns os momentos em que você será atingido por disparos inimigos sem nem enxergar de onde ele veio. Muitas vezes, o excesso de informação na tela aumenta o nível de dificuldade do game — que a princípio parece ser elevado, mas que se revela na medida certa depois que o jogador domina os controles. O principal problema é a quantidade limitada de vidas, pois quando o contador chegar ao zero é game over e será necessário recomeçar desde o início. Apesar do número restrito de continues, eles são oferecidos numa quantia mais do que suficiente para terminar o jogo.
Esse tipo de bagunça na tela é bastante comum

Só isso?

Mesmo sem nenhum conceito novo, o título até demonstra potencial. O grande fator negativo foi ter desperdiçado o gameplay sólido e divertido em um projeto tão vazio. Depois de passar as quatro fases disponíveis, um modo mais difícil é liberado — em que os inimigos precisam levar mais dano para explodir e há uma quantidade muito mais limitada de vidas. Porém, é pouquíssimo conteúdo e não justifica o replay. Após ter visto os créditos em menos 15 minutos, minha sensação é que Gun Crazy não passa da demo de um jogo maior que nunca será lançado.

Prós

  • Ação frenética com nível de desafio na medida certa;
  • Interessantes lutas contra chefões;
  • Gameplay sólido e divertido.

Contras

  • Falta de conteúdo;
  • Apenas quatro fases que terminam em menos de 15 minutos;
  • Poluição visual na tela que atrapalha a jogatina.
Gun Crazy — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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