A evolução da franquia Paper Mario até The Origami King

A série Paper Mario, muito amada pelos fãs, vai ganhar um novo capítulo. Por isso, é hora de lembrar o caminho dos jogos até aqui.

em 28/05/2020

O anúncio de Paper Mario: The Origami King e sua chegada próxima ativou nos fãs a ansiedade pelo novo jogo da série. Por outro lado, pessoas que nunca jogaram nenhum dos títulos anteriores estão curiosas para saber que tipo de experiência podem esperar. Claro que é muito cedo para saber se o game do Switch estará próximo dos primeiros jogos (que trazem boas lembranças) ou dos mais recentes (pouco celebrados). De qualquer forma, vale a pena percorrer o caminho que nos trouxe até o ponto em que estamos.

É só papel, mas é mais

Paper Mario foi lançado em 2000, para o Nintendo 64. Mais próximo da proposta de Super Mario RPG do que das aventuras em plataforma, o título encantou os fãs. Considerado por muitos como um dos melhores jogos do Nintendo 64, Paper Mario tinha uma história simples, que repetia o contexto básico de outros games do encanador. Mario e Luigi são convidados para uma festa no castelo da Peach. No entanto, quando chegam lá, um terremoto assusta a todos e acaba com a festa. Enquanto os convidados escapam do desastre, Mario e Peach ficam presos e depois percebem que o castelo de Bowser está elevando a casa da Peach aos céus. Claro, muitas adversidades acontecem, e é Mario quem tem que salvar a princesa e restaurar a paz no Reino do Cogumelo.

Uma das coisas mais interessantes do primeiro jogo é o fato de que existem muitos parceiros que acompanham o nosso protagonista. Cada um deles possui habilidades específicas e tornam o esquema de batalhas extremamente único. Com o sucesso de crítica do primeiro título, se esperava ansiosamente por uma continuação, e ela veio, ainda melhor do que o original.



Paper Mario: The Thousand-Year Door foi lançado no GameCube, em 2004. Apesar de manter o básico em termos técnicos, tivemos contato com um novo vilão, Grodus, que raptou a Peach em um lugar chamado Rogueport, para onde Mario e Luigi tinham sido chamados para encontrar a princesa. Mario mais uma vez conta com o auxílio de parceiros, e aqui eles são ainda mais importantes e únicos. Suas habilidades são bem exploradas e o sistema de combate é extremamente satisfatório. Tudo em The Thousand-Year Door é ampliado para melhor: gráficos, músicas, história, jogabilidade, humor. Mas a Nintendo não gosta apenas de apostar no que está dando certo. E assim, no lugar de tentar repetir a fórmula nos jogos posteriores, a Big N optou por investir em novos caminhos, com mais ou menos sucesso.

Super Paper Mario foi lançado em 2007 para o Wii. Os visuais ainda são incríveis, com personagens 2D de papel em um belíssimo mundo 3D, e o humor também. No entanto, esse título é menos RPG e mais plataforma, talvez para explorar o modelo de jogabilidade único do Wii com seus sensores de movimento. Mesmo sem o brilho do anterior, Super Paper Mario agradou seu público. O novo vilão, Count Bleck, é memorável, e a história do game é lembrada como a melhor de toda a série. Mas a principal novidade da vez é o fato de podermos jogar com Mario, Luigi, Peach e, pasmem, Bowser. O título foi bem sucedido, mas deixou uma pulga atrás da orelha dos fãs. Afinal, a série voltaria ao esquema básico (e extremamente bem sucedido de The Thousand-Year Door) ou buscaria por ainda mais inovações?



A resposta foi dada em 2012, quando Paper Mario: Sticker Star foi lançado para o Nintendo 3DS. Não se engane. Apesar de todas as críticas negativas, o que temos aqui é um jogo agradável, visualmente muito bonito, e como uma história bem-humorada. No entanto, perto do que foi apresentado anteriormente, ficava muito difícil não estabelecer uma comparação. E ela era bem negativa para o título do 3DS. A primeira coisa a notar é que o mundo de Paper Mario foi perdendo brilho. Só encontramos Toads por todos os lados, não existem parceiros de batalhas e o esquema de combate, envolvendo os stickers, é bem confuso e pouco desafiador, já que praticamente desconsidera os elementos de RPG presentes anteriormente na série. Mesmo sem destaque, Sticker Star atraiu atenção suficiente para levar a Nintendo a investir em uma quarta aventura, dessa vez no Wii U.

Paper Mario: Color Splash foi lançado em 2016, e teve a infelicidade de sair em um console que teve pouco apelo de público e crítica. Só por isso, o game já não teria atenção suficiente. Mas mais do que isso: ele repetiu alguns dos erros do anterior, como a ausência de parceiros e pouca variedade de personagens no mundo, além da falta dos elementos de RPG. A história é muito boa (mais uma vez): Mario, Luigi e Peach são convidados até uma ilha e lá descobrem que as cores do lugar foram roubadas. Cabe então a Mario restabelecer o colorido do mundo, como a ajuda de uma latinha de tinta chamada Huey. Mesmo que você não aprecie muito as mecânicas do jogo, vale dizer que Color Splash é muito bem desenvolvido e consistente, com uma narrativa que mescla humor e emoção de maneira única. Mas os fãs continuavam esperando uma experiência mais próxima daquela que tiveram no Gamecube, algo que nunca mais se repetiu.


Que tipo de papel teremos em mãos?

Talvez Paper Mario: The Origami King não seja, mais uma vez, o RPG que muitos esperam. No entanto, pelo que conseguimos ver até agora, parece que estamos diante de algo interessante e divertido. Por exemplo: aparentemente poderemos jogar ao lado de Bowser Jr., o que pode ser algo próximo do esquema de batalha com os parceiros. E falando em combate, o novo modo (apesar de difícil de compreender pelos poucos vídeos que temos até o momento) parece exigir um pouco mais de estratégia do que o que vínhamos acompanhando nos dois games anteriores. Como disse, é difícil saber o que esperar em termos específicos. Mas, como sempre, podemos ter a certeza de encontrar no Switch algo tecnicamente muito bom, com a marca da criatividade que só a Nintendo consegue imprimir. Agora, se vai agradar a maioria dos fãs, só o tempo vai dizer.
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Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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