Famosa já em todo o mundo por jogos como Pac Man (que se tornou um sucesso inclusive no Ocidente nas máquinas de Arcade e no Atari 2600), a empresa trouxe títulos muito interessantes para a máquina doméstica da Nintendo, como Kai no Bouken: The Quest of Ki (1984), Galaxian (1984), Galaga (1985), Choujikuu Yousai Macross (1985), Super Xevious (1986) e o entrevistado de hoje, Battle City, um shooter multi direcional que chegou ao mercado japonês em 1985.
A inspiração
Em Julho de 1958, estreava, nos Estados Unidos, o filme Tank Battalion, escrito por Richard Bernstein e dirigido por Sherman A. Rose. A obra tinha como pano de fundo a Guerra das Coreias, ocorrida alguns anos antes, 1951.Por muito tempo um referente quanto a filmes de guerra, a ideia de controlar tanques de batalha em uma grande guerra parece ter inspirado os programadores da Namcot, empresa que, em 1980, lançou um jogo com o mesmo nome do filme para os Arcades.
Com suporte a multiplayer por turnos, no qual jogadores revezavam a vez de tomar o comando do tanque e de partir para cima dos inimigos, este título teve boa aceitação do público, e mais tarde recebeu uma versão caseira para o MSX.
A versão definitiva
Em 1985, reaproveitando a ideia de Tank Battalion, a Namcot preparou uma nova versão que levaria o nome de Battle City.À primeira vista, é, como quase todo jogo das primeiras levas daquela geração, um projeto muito simples. Ao mesmo tempo traz recursos interessantes para a época, com uma boa variedade de inimigos e diversos power-ups que podem fortalecer o tanque, congelar o tempo, explodir todos os inimigos da tela, reforçar momentaneamente o material que protege a base, etc.
O jogo conta com diferentes tipos de terrenos e barreiras. Os tanques podem se camuflar na vegetação, mas não podem passar sob a água, embora os tiros atravessem estas superfícies. Há um outro tipo de terreno, representado por um sprite cinza com linhas, o veículo fica mais lento ao passar sobre ele, mas sinceramente não sei o que os programadores quiseram representar com isso.
Sobre as barreiras, elas têm duas formas, quadradas e retangulares, e podem ser de dois elementos: Tijolos simples, que podem ser destruídos com qualquer disparo, e tijolos de concreto, estes necessitam de um canhão especial para serem atravessados.
No menu principal, podemos observar três modos de jogo disponíveis: 1 player, 2 player e construction.
Na modalidade 1 player, controlamos um simpático tanque amarelo que deve eliminar todos os tanques da legião inimiga, ao mesmo tempo em que deve preocupar-se em proteger a base (representada pela… águia da liberdade?). É um objetivo muito simples, ao mesmo tempo exigente para o padrão dos jogos de 1985.
Em resumo o jogador teria que preocupar-se em eliminar os inimigos, proteger-se dos tiros (até aí nada que Space Invaders e Galaga não o tivessem feito). Porém os obstáculos impostos pelo cenário obrigavam o jogador a se movimentar pelo ecrã para acabar com todas as unidades, colocando-o a todo tempo diante de uma importante decisão: avançar e destruir, ou recuar para proteger a base?
A modalidade 2 players eleva essa experiência ao trazer uma das melhores sacadas: Multiplayer simultâneo e cooperativo! O segundo jogador controla um tanque verde (ainda mais simpático), e isso tende a mudar completamente a estratégia do jogo.
Ao longo dos 35 níveis de Battle City, os jogadores são livres para decidirem como irão jogar:
Se ambos partirão em cooperação para o ataque, se um deles vai ficar “na defesa”, se vão competir para ver quem abate mais inimigos (no fim de cada nível o jogo mostra a pontuação feita por cada jogador).
O friend fire é outra mecânica presente que aumenta a complexidade e o nível de atenção do jogo. Se os tiros de um jogador atingirem o tanque do parceiro, este ficará alguns segundos imóvel, podendo receber tiros dos inimigos. Portanto, há de se observar bem o campo de ataque antes de disparar, pois, como em qualquer cenário de guerra, não seria legal ver seu companheiro abatido pelas forças inimigas por causa de um descuido seu.
O modo construction é literalmente construção. Um editor de fases muito intuitivo e eficiente para os padrões de 1985, no qual podemos criar nossas fases com todos os elementos disponíveis no jogo e se divertir, sozinhos ou em dupla.
O tanque de guerra que não lutou no Ocidente
O mais impressionante, para mim, é o fato de que Battle City nunca foi (oficialmente) lançado no Ocidente, nem mesmo pelos serviços de Virtual Console!Sinceramente, sou incapaz de compreender esta decisão, pois este é o tipo perfeito de jogo que venderia no mercado dos Estados Unidos e da Europa. Gráficos bem polidos, temática mais “séria”, multiplayer intuitivo e muito imersivo.
Os motivos? Quem sabe? Talvez por decisão da Namcot, talvez pela própria Nintendo da América não considerar apropriado para seu sistema de entretenimento, talvez... Nunca saberemos.
O que sabemos é que nem mesmo a versão do Gameboy, de 1991, foi lançado fora da terra dos samurais. Até mesmo a recente coletânea Namcot Collection, que inclui este e alguns outros jogos da Namco lançados nos anos 80, não deu pinta de que atravessará o Pacífico.
Por aqui, conheci este jogo por intermédio dos típicos cartuchões amarelos de 9999 jogos em 1 dos Famiclones (o meu tinha o suspeitoso formato de um certo console de 32 bits), desses que se vendiam nas melhores lojinhas de esquina. E, para ser bem sincero, ocupei mais horas jogando a dois esta joia do que com o próprio Super Mario Bros.
E você? Já conhecia este jogo? Ficou curioso? Será que teremos um lançamento no ocidente da nova coleção da Namco? Comenta aqui embaixo e conta para a gente suas experiências com Battle City!
Revisão: Jhonatan Rodrigues