Análise: Yumeutsutsu Re:After (Switch): além do felizes para sempre

Fandisc de Yumeutsutsu conta com pequenas histórias do relacionamento entre as garotas desenvolvedoras de jogos.

em 12/05/2020
Desenvolvido pelo Kogado Studio, Yumeutsutsu Re:After é um fandisc de Yumeutsutsu Re:Master. Ou seja, trata-se de uma antologia de pequenas histórias que expandem a história do original sem ser propriamente uma sequência. Ele acaba deixando o desenvolvimento de jogos em segundo plano para trabalhar mais o romance, oferecendo mais valor para quem já jogou o seu antecessor.

De volta à Eureka Software



Ao todo, o jogo oferece cinco histórias, cada uma focada no relacionamento de Ai com uma de suas colegas da empresa Eureka Software, onde a personagem desenvolveu o remake de NieMajo em Re:Master. Quatro delas são epílogos do título anterior, contando o que aconteceu com as personagens após ficarem juntas e trazendo novos conflitos à tona, enquanto a última oferece uma rota alternativa para Ai com a presidente da companhia, Honoka.

Ao invés de ramificações do roteiro, o jogador apenas seleciona a história que quer fazer direto do menu, seguindo a ordem que quiser. Como cada uma é independente entre si, não há nenhuma ordem prioritária, mas é melhor ter jogado o título anterior, pois há menções a certos eventos importantes que ocorreram nele.

Na história de Kokoro, “Yumeutsutsu Re:Unification”, a diretora e a protagonista Ai precisam planejar um fandisc de NieMajo. A discussão meta do que esse tipo de obra é e um pouco do esforço das duas para criar o seu conceito são interessantes. Infelizmente, o problema acaba se resolvendo muito rapidamente e pulando diretamente para o lançamento, sem muitos dos percalços da equipe.

Já “Deadline Before Paradise” é focada em um novo desafio de Saki. Quando a outra equipe de desenvolvimento, PZ Team, pede socorro a ela, a roteirista de NieMajo acaba tendo que ajudá-los. Do que o jogo oferece, esta é a melhor história para conhecer um pouco das dificuldades da indústria. Ela também tem um final abrupto, mas no geral é bem desenvolvida.

“Ghosts of the Past” revive a tensão da rota de Nana, a dubladora que se veste de empregada. Mesmo agora, tendo uma carreira mais sólida, ela ainda não se libertou totalmente da sua negatividade. A história se passa prioritariamente na sua perspectiva, assim como a rota da personagem no jogo anterior. Infelizmente, ela faz algumas escolhas forçadas na história.

No caso da ilustradora Marie, a história “Married Life” conta um pouco da vida dela e da protagonista após se casarem. Assim como no episódio de Kokoro, algumas questões de desenvolvimento vêm à tona quando a equipe recebe a tarefa de pensar em um novo game. Isso é desenvolvido um pouco, mas o foco da história está no romance entre as duas.


Por fim, “She, Her Dog and Ai” é um cenário alternativo no qual Ai se apaixona por Honoka. No entanto, existe uma grande discrepância entre as duas em termos de personalidade e experiência. Nessas condições, o romance entre elas parece impossível. A única decisão oferecida também leva a duas ramificações, uma delas sendo completamente ridícula e mais longa do que a outra.

Uma divertida sobremesa


Ao analisar o roteiro, Re:After é uma história muito menor e menos significativa do que seu antecessor. Como é a proposta de um fandisc, ela busca apenas estender o tempo que o jogador pode explorar aquele universo, trazendo pequenos eventos entre as personagens.

Por um lado, é uma pena que a história acabe desconsiderando bastante o aspecto de desenvolvimento de jogos. É um dos pontos que diferencia o jogo, mas fica totalmente em segundo plano aqui. Por outro lado, o aspecto romântico e dramático dos episódios é tão bem escrito quanto o original, sendo perceptível o desenvolvimento das personagens.

Em termos da escrita, há bem poucos erros. Assim como no antecessor, seria bom que o texto passasse por uma revisão para corrigir a formatação dos parágrafos e algumas falas sem sentido, mas são poucas ocasiões incômodas. De forma geral, isso ajuda a fazer a experiência fluir melhor do que o original.


Vale destacar que o jogo reaproveita bastante os assets do antecessor num esforço de economia que faz sentido e não chega a ser incômodo. Há a adição de algumas poucas personagens e alguns fundos, mas claramente a novidade está mais na história em si e nas poucas CGs de eventos. As vozes exclusivamente japonesas também continuam valorizando bem as personalidades excêntricas de cada uma.

De forma geral, Yumeutsutsu Re:After é uma boa experiência para quem gostou dos relacionamentos entre as personagens que foram desenvolvidas em Re:Master. Vê-las novamente é de fato muito bom, mas é difícil se importar com a obra sem ter jogado o seu antecessor. Além disso, é uma pena que ela praticamente deixe de lado o desenvolvimento de jogos, um dos aspectos mais interessantes da série.

Prós

  • Relacionamento das personagens desenvolvido de formas interessantes;
  • Personalidades excêntricas do elenco valorizadas pelas vozes;
  • Menos erros de escrita do que o antecessor.

Contras

  • A história não tem muito valor para quem não jogou o antecessor;
  • Relega o desenvolvimento de jogos ao segundo plano;
  • Algumas das histórias têm finais abruptos.
Yumeutsutsu Re:After — Switch/PC/PS4 — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Degica Games
Revisão: Davi Sousa
Siga o Blast nas Redes Sociais

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).