Análise: WILL: A Wonderful World (Switch): o poder de alterar as vidas das pessoas

Visual novel do estúdio chinês WMY Studio combina elementos de puzzle a uma narrativa sobre as consequências de alterar as vidas das pessoas.

em 12/05/2020

Uma caneta mágica, cartas e a possibilidade de alterar o destino das pessoas. Este é o trabalho de Will e Myth, os deuses deste universo: guiar 12 personagens únicas a fim de resolver seus problemas pessoais e dar a elas o tão desejado “final feliz” – no entanto, o final será realmente feliz? Essa é a premissa de WILL: A Wonderful World, lançado em 2017 para PC e, um ano depois, para Nintendo Switch.


A princípio, parece um jogo inofensivo, mas não se deixe enganar por seu visual colorido e personagens carismáticas, pois a visual novel esconde em sua rica história um enredo sombrio, com temas adultos que a classificam como M (mature). Pode ser que pessoas mais sensíveis sintam possível aversão a certos assuntos, porém, no geral, é capaz de o jogador se pegar chorando quando menos esperar por isso: a trama apresenta tabus cotidianos com os quais, como seres humanos, podemos nos identificar.


A respeito da história, a trama é sólida e com um desenvolvimento que vai direto ao ponto: pessoas escrevem cartas relatando seus problemas a seus deuses, graças a uma lenda urbana (Carlos e Alicia, por exemplo, são católicos; já Chang Gyeong-Min é budista) e cabe a Will e Myth reorganizar alguns eventos a fim de alterar o resultado final. Contudo, após certa progressão, frente os resultados de tanta alteração no espaço-tempo, fica o questionamento: as mudanças foram realmente positivas?

Sobre a jogabilidade, trata-se de uma visual novel e, devido a isso, contém uma grande dose de leitura; todavia, é, também, um puzzle: o simples fato de reorganizar partes das cartas para recriar os eventos citados rendem ao jogo tal classificação.

Algumas cartas são entrelaçadas, demandando maior atenção; às vezes, existem condições para mover os trechos selecionados, como estes estarem restritos a determinada personagem ou seguirem uma ordem específica. Em alguns pontos, é necessário assumir o papel de detetive e procurar em cartas passadas pistas para solucionar as novas.




No entanto, embora o ponto alto seja a característica de quebra-cabeça, esta também é seu ponto fraco: algumas cartas e finais só podem ser desbloqueados sob certas circunstâncias; embora isso torne o jogo mais desafiador, após horas de gameplay, ele começa a ficar cansativo e repetitivo, já que é necessário ler e reler cartas passadas para descobrir sobre o que está sendo falado. Esse fator piora quando o jogo chega ao seu clímax, pois é fácil se perder e conseguir o final ruim (bad ending); para destravar o final verdadeiro (true ending), é necessário ter todos os finais de todas as personagens desbloqueados.

Outro detalhe importante é a presença de textos em laranja: são instruções ou dicas que Will dá e que requerem bastante atenção por parte do jogador, já que não podem ser vistos novamente. Isso significa, às vezes, lidar com estresse desnecessário ao tentar solucionar um desafio que, no fim das contas, era bem simples.

A respeito da arte, as personagens e as artes in-game são bem desenhadas, coloridas e detalhadas; no entanto, apenas a silhueta do remetente aparece nas cartas, mas é possível vê-las por inteiro no perfil de cada personagem. A trilha sonora é bastante imersiva, fazendo com que seja outro ponto alto de WILL. Além disso, o jogo possui uma galeria, na qual é possível conferir as CGs, músicas e eventos desbloqueados, além de contar com um sistema de conquistas (achievements) e um glossário para certas palavras que aparecem nas cartas.




A visual novel também conta com dois modos de dificuldade, Normal e Lunatic; no primeiro, dicas são exibidas no decorrer do jogo, enquanto no segundo não, porém pode-se alternar entre um e outro no meio do jogo. Além disso, é possível escolher entre os idiomas inglês, japonês, russo, espanhol e chinês (simplificado e tradicional).


Não existem diferenças entre as versões de Switch e PC, embora jogar no híbrido permita que o jogador mova as partes das cartas usando a tela touchscreen. WILL: A Wonderful World recebeu notas bastante positivas de sites como Famitsu (34/40), IGN Japan (8/10) e VGTime (8,5/10).

Ainda que talvez deixe a desejar em alguns aspectos, a visual novel vale a pena. É uma rica experiência que prova que a melhor escolha nem sempre é a melhor.

Prós

  • Visual novel diferenciada, com característica de puzzle;
  • Narrativa bem construída;
  • Artes e trilha sonora excelentes;
  • Personagens únicas e bem trabalhadas.

Contras

  • Gameplay repetitivo que consiste na resolução de um único tipo de puzzle;
  • Elementos no enredo que podem deixar alguns jogadores desconfortáveis;
  • Requer total atenção do jogador (há informações que não podem ser conferidas novamente). 
WILL: A Wonderful World — (PC/Switch/PS4) — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Icaro Sousa
Análise produzida com cópia adquirida pela redatora
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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