Relic Hunters Zero: Remix é um deles. Desenvolvido pelo estúdio brasileiro Rogue Snail, este jogo traz alguns adicionais à versão free-to-play lançada originalmente para PC, Relic Hunters Zero. Apesar de herdar muito do que o fez um excelente título em seu lançamento original, essa versão Remix falhou em adaptar a experiência open-source para os consoles em aspectos como novas funcionalidades e adaptação dos controles.
Escavar em busca das relíquias
Caçadores de relíquias, todos a postos! Se você aguardava que mais um título carismático e cheio de novidades recebesse um port do PC para o Switch, chegou a sua hora. Relic Hunters Zero: Remix é mais uma das versões deluxe de jogos lançados anteriormente e traz alguns conceitos diferentes a um gênero já tão saturado.Eliminar o conde Ducan é o objetivo dos protagonistas deste título. |
Para isso, a mecânica é simples: um direcional analógico guia o personagem e o outro indica a direção de seu tiro: um twin-stick shooter. Diferentemente de muitos jogos conhecidos do gênero, aqui não há nada de bullet hell. Você poderá calcular suas ações e utilizar as coberturas que o cenário oferece para recarregar seus escudos, além de gerenciar os recursos disponíveis pela fase.
Mova-se com o analógico esquerdo e atire com o analógico direito. |
Por falar em progresso, aí está mais um diferencial de Relic Hunters Zero: Remix: não há geração procedural dos cenários no modo história, o qual considero o principal da aventura. São grupos de três fases cada, intercalados por uma visita à loja, onde você pode comprar itens com suas estrelas — coletadas ao enfrentar os inimigos — ou melhorar sua arma no modo infinito com as engrenagens — obtidas ao reciclar aquelas que ficaram espalhadas pelo mapa.
Nada melhor que acabar com a raça do conde Ducan com uma bela pistola de plasma. |
A crise de identidade de um port e seus extras
Relic Hunters Zero: Remix coloca, frente a frente, duas faces de si mesmo: um modo história curto e bem pensado, que leva o jogador a refletir sobre suas estratégias e ponderar cada compra na loja, pensando nas próximas tentativas; e um modo infinito, estritamente baseado no modo história, que peca em acrescentar novos recursos e diverte pouco em suas repetições. E aqui, o jogo acaba sofrendo uma crise de identidade.Atirar com o "armão" também pode ser muito satisfatório. |
Não que a adição não tenha sido bem-vinda, já que a mesma trouxe uma nova forma de desfrutar da aventura original, com contadores de pontuação e algumas das armas mais famosas propostas pela comunidade online. O problema é que, para os jogadores recém-chegados ao título, o game não se identifica apropriadamente e você acaba se perguntando se o modo história é o principal e, depois, o modo “infinito” e “diário” são apenas extras. Aqui, até o simples fato de a aventura infinita ser apresentada bloqueada, como o primeiro item do menu, ressalta ainda mais essa confusão.
O resultado, porém, é o que mais decepciona, já que o modo infinito se assemelha demasiadamente com a história, como uma rápida adição de conteúdo às tão bem desenvolvidas doze fases do modo principal.
Boas escolhas?
Mesmo sendo curto e facilmente finalizado, Relic Hunters Zero: Remix desenvolveu com esmero os quatro mundos de sua aventura principal. A variedade de inimigos e armas é adequada para a sua duração e a dificuldade cresce de forma acentuada, introduzindo o jogador em um início mais lento e escalando-a nos próximos três mundos.Em determinado momento do progresso, você passa bruscamente de um caçador de relíquias amador para um profissional de elite. As primeiras tentativas na história não te levarão a muito mais do que o segundo mundo, mas, conforme você adquire armas e obtém as partes das relíquias, o jogo equilibra-se e chega até o ponto de ser fácil.
Mesmo tendo dito o contrário, este jogo pode se tornar um bullet hell se você avançar no modo infinito. |
Por fim, se este jogo sofre com as rápidas adições de conteúdo feitas, também há alguns problemas na adaptação dos controles para o console híbrido da Nintendo. O primeiro deles é a precisão da mira no analógico direito, que pode se tornar ainda mais frustrante nos pequenos direcionais dos Joy-Con. Aqui, funcionalidades como a mira assistida, presentes em títulos como o já citado Enter the Gungeon, tornariam a experiência mais amigável.
A falta da mira assistida é um dos principais pontos negativos da migração para o Switch. |
Por esses motivos, Relic Hunters Zero: Remix se mostra um título divertido em seu curto modo história e repetitivo nos modos adicionais, incapaz de agregar valor ao lançamento vindo do PC, mas triunfante em seu estilo artístico, trilha sonora e mecânicas. Se você gosta de experiências que fornecem certa quantidade de desafio por pontuações maiores em leaderboards e obtenção de conquistas, vale a pena investir na aventura.
Prós
- Abordagem diferente aos twin-stick shooters, com pegada estratégica;
- Estilo artístico conciso e agradável;
- Adições dos itens mais conhecidos entre a comunidade.
Contras
- Pouco valor agregado em relação à versão free-to-play do PC;
- Ausência de mira assistida;
- Impossibilidade de remapeamento dos controles originais.
Relic Hunters Zero: Remix — Switch — Nota: 6.5
Análise produzida com cópia digital cedida pela Akupara Games
Revisão: Davi Sousa