Análise: Ganbare! Super Strikers (Switch): um simples RPG tático de futebol

Apesar de trazer uma boa proposta, alguns problemas comprometem o jogo.

em 27/05/2020
Quem já jogou Inazuma Eleven sabe que a combinação entre RPG e futebol é surpreendentemente interessante. Mesmo quem usualmente não curte jogos de esporte é capaz de se divertir com a mistura quando ela é bem feita. Desenvolvido pela rese, Ganbare! Super Strikers traz a inusitada premissa de ser um tactics de futebol. Porém, alguns problemas comprometem essa proposta.

Bola no pé, dribles e táticas

Ganbare! Super Strikers conta com dois modos de jogo: História e Arcade. No primeiro, acompanhamos um pequeno time colegial japonês em um torneio nacional e posteriormente em uma equipe que representa o Japão no internacional. O roteiro demonstra uma clara inspiração no RPG da Level-5 já mencionado, mas sem o charme da obra, com diálogos simples antes de cada disputa. Já no Arcade, há partidas rápidas e ligas customizáveis, com a possibilidade de enfrentar outros jogadores localmente.


A história começa com a  criação do protagonista e a customização do uniforme do time. Cada adversário é uma fase diferente, sendo necessário vencê-la para avançar. Os times têm habilidades exageradas, como teleporte ou a capacidade de congelar e envenenar jogadores. Chuva ou calor extremo também podem afetar drasticamente as condições de quem está em campo.
 
Em jogo, é necessário coordenar as ações de toda a equipe. Além do objetivo principal óbvio de fazer mais gols, cada disputa também oferece objetivos secundários, como “não usar técnicas especiais” ou “não deixar o inimigo fazer gol”. Cumpri-los oferece novos equipamentos, cuja utilidade pode variar do aumento de atributos ao aprendizado de novas técnicas.

Durante a disputa, o jogador precisa lidar com o posicionamento de toda a equipe e avaliar o seu adversário. Avançar ou manter a equipe mais recuada? Tentar driblar o time rival com o personagem ou tocar para outro que está em posição melhor? Cada turno envolve várias dessas microdecisões, especialmente por ser possível movimentar toda a equipe nesse tempo.


Um personagem pode realizar apenas dois movimentos e há uma terceira ação que só pode ser usada uma vez pela equipe inteira. Se o inimigo está com a bola, o carrinho está disponível. Caso o jogador tenha a bola em seus pés, o chute ao gol é a ação extra. Perder a bola para o adversário implica na perda do turno sem poder fazer mais nada com nenhum personagem, valorizando essa dimensão de controle das jogadas.

 No início do jogo, as competições são mais simples, com apenas sete jogadores de cada lado e um campo menor. Quando o torneio internacional começa, há uma expansão para 11 jogadores e um campo maior. Infelizmente, o resultado disso é que em algumas ocasiões a IA fica bem mais lenta para pensar nas suas próximas jogadas. Partidas que antes eram divertidas agora ficam tediosas por essa espera.


Nessas partidas, também encontrei alguns bugs, especialmente jogando contra a Alemanha. Tanto no modo História quanto no Arcade, quando enfrentei esse time, a habilidade de barreira levou o jogo a simplesmente congelar, me impedindo de realizar qualquer ação, até mesmo passar o turno ou voltar ao menu inicial.


Outro problema não tão grave para quase toda partida é que, pela forma como a IA executa suas jogadas, é fácil bloqueá-la. Ou seja, criar situações em que ela fica apenas paralisada e passa a vez. Com isso, é simples ganhar de um adversário fazendo um gol e apenas ficando parado pelo resto do tempo. Mas como os personagens ganham experiência por ação realizada em campo e há objetivos secundários, essa vitória barata tem um custo.

Os benefícios do vestiário entre as partidas


Por se tratar de um RPG, a cada partida realizada, os personagens ficam mais fortes. Além disso, apesar dos personagens terem atribuições fixas de goleiro, atacante, etc, é possível alterar suas posições antes das partidas e realizar substituições para lidar com a limitação de SP (stamina) que cada um tem. Afinal, quanto mais ações realizam, mais eles se desgastam, tornando importante esse controle.

Outro elemento fundamental de RPG, junto com o ganho de experiência, são os equipamentos. Cada personagem pode se vestir com dois itens, que têm uma variedade de efeitos. Não só eles são responsáveis por mudanças nos atributos (como chute, bloqueio e passe), como também contêm habilidades especiais.


Ao equipar uma determinada chuteira, o personagem poderá passar a bola e ter a chance de congelar o adversário, por exemplo. A capacidade de causar efeitos nocivos nos inimigos é uma estratégia bem interessante, que pode fazer bastante diferença. Além disso, as técnicas são mais poderosas do que os movimentos normais, aumentando a chance de sucesso do jogador ao utilizá-las.

Com o uso de certos equipamentos, a técnica é adicionada ao arsenal do personagem, que passa a poder usá-la quando quiser, mesmo que o jogador passe o item para frente. Isso nos permite experimentar várias possibilidades com todos os membros da equipe. Infelizmente, o uso de itens também possui um pequeno bug que faz com que um personagem desaprenda a técnica se for equipado novamente com o item após aprendê-la.


De forma geral, esses pequenos defeitos acabam se tornando relevantes. Apesar do conceito do jogo ser interessante e de ter alguns momentos divertidos, Ganbare! Super Strikers é executado de forma simples sem oferecer nada significativo. Os bugs, no entanto, comprometem a experiência. Por esse motivo, infelizmente é difícil recomendar o jogo no seu estado atual.

Prós

  • As competições mais simples (7x7) são divertidas e funcionam bem;
  • Os equipamentos com habilidades para ensinar aos personagens são interessantes.

Contras

  • Partidas lentas contra a IA quando há 11 jogadores de cada lado (ela demora muito a pensar na próxima jogada);
  • A barreira da Alemanha causa bugs que impedem o jogador de prosseguir;
  • É simples paralisar completamente a IA com algumas jogadas e forçá-la a passar a vez;
  • Equipar um item que ensina uma habilidade já aprendida leva o personagem a desaprendê-la;
  • Roteiro sem graça.
Ganbare! Super Strikers  — Switch/PC/PS4/PS Vita/XBO — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
Revisão: Davi Sousa
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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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