Trials of Mana (Switch) promete ser uma releitura de um grande clássico dos RPGs japoneses

Com cutscenes altamente performativas e um combate fluido, o remake tem potencial para fazer jus ao legado do clássico Seiken Densetsu 3.

em 16/04/2020
Trials of Mana, também conhecido como Seiken Densetsu 3, é um RPG de ação lançado originalmente no SNES. Infelizmente, o jogo só saiu oficialmente no Ocidente na recente Collection of Mana (Switch), apesar de ser considerado um dos grandes clássicos do console. Junto com o lançamento da coletânea, a Square Enix também anunciou o remake do título, que será o foco deste texto.

A nova versão tem a intenção de apresentar essa obra-prima para uma nova geração, dando a ela uma roupagem 3D e buscando desenvolver um pouco mais as histórias dos personagens, além de oferecer um novo conteúdo pós-game. Este texto foi escrito com base na demo disponível na eShop, e o jogo tem o lançamento para Switch, PC e PS4 marcado para o dia 24 de abril.

A jornada de seis heróis

Trials of Mana oferece ao jogador a possibilidade de escolher entre seis heróis para montar uma equipe de três protagonistas. Duran é reconhecido como um excelente espadachim do reino de Valsena. Já Angela é a princesa de Altena e uma aprendiz de maga não muito bem-sucedida. Kevin é filho do rei dos homens-fera, criado para ser uma máquina de luta.


Charlotte é a neta do Priest of Light de Wendel e tem uma personalidade cheia de vida. Hawkeye vem da guilda de ladrões nobres de Nevarl, tendo sido criado como um dos filhos do líder Flamekhan. Por fim, Riesz é uma amazona que costumava atuar como capitã da guarda do reino de Laurent. Cada um dos seis tem sua própria motivação para a jornada, que é explorada durante a demo.


O primeiro personagem escolhido é o herói principal, e o início da história é mostrado a partir da sua perspectiva. Antes da batalha com o primeiro boss, que serve como o fim da demo, encontramos os dois outros personagens, e cada adição à equipe nos permite vivenciar o início da aventura deles. Isso é totalmente opcional, e nada feito nesses flashbacks é relevante, sendo os itens obtidos apenas descartados.

Quanto à história, vale destacar também que os eventos do enredo agora incluem cutscenes elaboradas. Além da dublagem (em inglês ou japonês), a performance corporal dos personagens e os ângulos de câmera ajudam a dar bastante dramaticidade às cenas. A trilha sonora também é bem utilizada, sendo possível escolher entre as músicas antigas ou os seus novos arranjos, que são bastante fiéis à trilha original.

Um combate mais fluido do que o original


Um dos detalhes que mais chamam a atenção na demo é o combate. Como um RPG de ação, ter a capacidade de atacar e se defender rapidamente é muito importante. Enquanto o jogo original tinha uma restrição que fazia os ataques terem uma espécie de cooldown, o remake traz combos extremamente fluidos e a possibilidade de cancelar rapidamente os ataques em roll dodges ou pulos, sem nenhum tipo de inconveniência.

O combate conta com três tipos básicos de ataque: fraco, forte e forte carregado. Dependendo de como o jogador os combina, efeitos diferentes podem ser ativados. Por exemplo, enquanto eu estava jogando com Riesz, aprendi que um combo fraco-forte empurra o inimigo, enquanto um combo fraco-fraco-forte permite um ataque em área.

Conforme os inimigos são atacados, eles deixam cair cristais, que são usados para encher a barra de CS (Class Strike). Gastando um pouco dela, é possível usar golpes de classe, ataques especiais que podem ser ativados com atalhos simples, assim como itens e magias. Mesmo com essa possibilidade, o jogo mantém o Ring Command, que permite ao jogador equipar vários itens e magias, usados durante a batalha através de um menu que pausa o combate enquanto está ativo.


Como a demo cobre apenas o início da aventura, elementos como o sistema de classes e o efeito de equipamentos de forma geral são difíceis de perceber, mas fiquei surpreso com a dificuldade baixa do jogo. Mesmo colocando no hard, a gameplay é absolutamente tranquila, sendo apenas uma questão de desviar dos ataques dos inimigos e contra-atacar sem momentos de maior dificuldade, já que o ritmo dos inimigos é bem lento e o dano é baixo.


Ataques mais elaborados também têm suas áreas de efeito avisadas antecipadamente por círculos e linhas vermelhas. Isso é especialmente útil contra o chefe ou em momentos um pouco mais caóticos. Tendo cuidado com isso, chega a ser difícil passar por qualquer problema. Inclusive, evitar dano e derrotar rapidamente os inimigos é recompensado com bônus de experiência ao fim das batalhas.

Em termos visuais, o jogo está bonito, fazendo uma transição do original para o 3D com um estilo que reflete bem o espírito da série Mana: colorido, fofo e convidativo no design. De forma geral, a performance no Switch é boa, o que também contribui bastante para a fluidez do combate.

O único ponto mais incômodo é o campo de visão, que leva a pop-ins estranhos em alguns momentos. Até mesmo em cenas de apresentação de novos cenários, é perceptível o carregamento tardio de alguns assets.

 De forma geral, Trials of Mana é um remake promissor de um grande clássico. Como alguém que nunca jogou Seiken Densetsu 3 a fundo, fiquei muito feliz com as mudanças, e o que vi na demo me deixou bastante animado para o lançamento. Para fãs de RPG, sem sombra de dúvida, é um título para ficar de olho.
Revisão: Davi Sousa

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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