Diferentemente de outras empresas que atuam na indústria dos videogames, a Nintendo sempre traz novidades em termos de dispositivos e modos de interação. Se é verdade que nem todas as tentativas são bem-sucedidas (o Virtual Boy que o diga), o Wii e o Switch mostra como essas apostas podem trazer bons frutos. No entanto, é possível afirmar que essa sede por inovação contribui para o mercado de games em geral?
Imagine se tudo fosse mais do mesmo
Nem todo mundo gosta das mudanças bruscas de jogabilidade apresentadas pela Big N. Para muitos jogadores é simples e cômodo apoiar empresas que mantém o foco no desenvolvimento dos games, mas arriscam pouco em propostas disruptivas. Se você olhar para os principais concorrentes da Nintendo vai entender o que estou dizendo. De um console para outro, pouca coisa muda. E algumas mudanças são alavancadas justamente por transformações que vieram de fora. Veja o caso dos controles de movimento, por exemplo.Com o sucesso estrondoso de vendas do Wii, foi necessário que os outros concorrentes se adaptassem, buscando suas próprias soluções para esse tipo de demanda de um público novo que chegava ao mundo dos videogames. Nem tudo foi uma maravilha nesse processo, é verdade. Apesar da própria Nintendo ter conseguido grandes feitos com o Wii, apresentando jogos de indiscutível qualidade, a maior parte do que foi produzido para o console foi conteúdo completamente dispensável. Quando pensamos no que foi criado para controles de movimento em outras plataformas, a constatação é a mesma. Era melhor que não tivesse acontecido. No entanto, é importante considerar que essa renovação e a atenção gerada pelo Wii, alavancaram essa indústria para um novo nível de popularidade.
Fora o caso do Wii, pense em muitas outras novidades apresentadas pela Nintendo: o D-Pad, os botões L e R do controle do SNES, o analógico para jogos 3D, portáteis, consoles com duas telas, 3D nativo sem uso de óculos, jogabilidade assimétrica no WiiU, console híbrido, Labo... enfim, é muita coisa. Como já disse antes, nem tudo deu certo. O recurso de efeito 3D do 3DS, por exemplo, foi subutilizado, e o WiiU acabou não rendendo o retorno imaginado. No entanto, no caso deste último, podemos dizer que seu surgimento foi a base do Switch. Então, sim, ele teve um sentido de existir para além dos números de vendas. Mas não é só a Nintendo que se beneficia dessas inovações.
Um mundo disruptivo
Ainda que muitas pessoas amem desejar o fim da Nintendo, o fato é que ela movimenta o mercado de videogames como ninguém mais consegue fazer. Sem medo de arriscar, e às vezes até gerando estranhamento por causa disso, a empresa japonesa insiste em uma constante mobilização de forças em busca de novas formas de entregar entretenimento dentro de produtos de qualidade.Quando comprei o Nintendo Labo, fiquei impressionado com a atenção aos detalhes, o cuidado com cada elemento do set, a integração de tudo com o Switch. Quanto tempo, pesquisa e dedicação não foi despendida para gerar esse resultado tão fantástico? E ainda assim, esse produto não é um sucesso. O produto é relativamente caro e seu uso é muito restrito. No entanto, ainda que as pessoas adorem fazer brincadeira com o fato de que a Big N consegue vender até papelão, a verdade é que o Nintendo Labo é um feito incrível. E quem já teve a oportunidade de ter um set dele sabe disso.
Esse exemplo para mim é sintomático porque mostra como a Nintendo não se acomoda diante da situação confortável que possui. Sendo uma companhia com tantas propriedades intelectuais amadas mundo afora, seria menos complicado “apenas” fazer jogos. No entanto, não bastasse a complexidade que envolve a construção de games que realmente façam a diferença, a decisão de insistir incorporando imaginação e desafio em seus produtos, faz com que a Nintendo seja, sem dúvida alguma, a empresa mais disruptiva desse setor. E como isso ajuda a própria indústria? Gerando desafio, trazendo atenção para os jogos, movimentando as notícias e atraindo pessoas que passam a olhar para esses produtos como criações que transcendem o senso comum do videogame como um passatempo pouco relevante. E em uma época em que as transformações são constantes, me parece fazer sentido encarar as coisas dessa forma.
Mas, e você, gosta desse lado inovador da Nintendo? Deixe suas impressões nos comentários.