Análise: holedown (Switch) mostra que a simplicidade pode ser uma vantagem

Com uma mecânica objetiva e proposta fácil de assimilar, esse jogo pode ser o responsável por ocupar horas e horas da sua vida.

em 27/04/2020

Alguns jogos têm como maior benefício a complexidade de suas propostas e mecânicas. Outros, pecam justamente por serem simples demais. No meio do caminho, holedown mostra que "simples" não é sinônimo de "simplório", e oferece uma experiência consistente, pautada em uma jogabilidade limitada mas bem executada — além de extremamente viciante.

Aprendendo física

holedown não tem uma história, narrativa ou algo parecido. Lançado inicialmente para plataformas mobile, o game guarda essa simplicidade e efemeridade que caracteriza os títulos criados para smartphone. Ainda assim, o carisma e precisão na execução tornam o jogo muito bem-vindo à biblioteca do Switch, onde, aliás, ele parece se encaixar perfeitamente.



Em holedown nós devemos atirar bolas e com elas destruir blocos que nos impedem de descer o mais fundo possível na fase em que estamos. Cada bloco apresenta um número, que é a quantidade de hits que ele precisa levar para ser destruído. Os tiros são dados em sequência e vão todos na mesma direção, mas a partir do momento em que colidem com os blocos e interagem com os elementos do cenário eles passam a seguir a física, e podem se deslocar em direções diferentes, atingindo inclusive algo que não foi previsto inicialmente. Alguns blocos estão apoiados em outros, que por sua vez podem estar fixos no cenário (conseguimos diferenciá-los porque os que estão presos por conta própria possuem um "x" nas bordas). Ao destruir o bloco fixo, todos os que estão apoiados neles caem também, e assim fica mais fácil avançar.

A cada rodada o cenário vai descendo cada vez mais, de forma que se um bloco ultrapassar uma linha divisória no topo da tela nós perdemos a partida. Durante cada partida é possível coletar itens que são utilizados para comprar upgrades, como mais tiros simultâneos a cada rodada, possibilidade de guardar mais itens e até mesmo liberar outras fases. No entanto, só é possível desbloquear uma nova fase depois de passar pela atual. E isso acontece quando chegamos até o fundo e derrotamos uma esfera gigante que precisa ser abatida com um número específico de hits (bem maior do que qualquer um dos blocos anteriores).



Ao comprar upgrades, as áreas iniciais vão ficando cada vez mais fáceis. Por outro lado, essas alterações são a única forma de conseguir avançar no game, pois mais à frente os blocos possuem números bem maiores. Por exemplo, se no primeiro planeta (as fases são chamadas assim) é possível encontrar um bloco com "1" de vida, o menor valor encontrado na área seguinte é de "8", e assim por diante. É muito eficiente a maneira como o jogo apresenta as mecânicas e permite o progresso do jogador, sem deixar a experiência repetitiva ou frustrante ao extremo.

No Switch, especificamente, existe a possibilidade de um modo cooperativo, que funciona muito bem. Nesse modo, os tiros são divididos entre os dois jogadores. Isso significa que se você estiver com quatro tiros simultâneos, o player 1 controlará o uso de metade deles, e o player dois, o restante. A vantagem é que, diferentemente do singleplayer, passa a existir a possibilidade de dar tiros em direções diferentes, atingindo mais blocos e, consequentemente, avançando mais rapidamente.

Jogando sozinho é possível também acionar o modo cooperativo para tirar vantagem desse recurso. Basta acionar outro Joy-Con (eles precisam, obviamente, estar fora do Switch) e você já passa a ter controle dos dois players. Como é possível jogar com eles de maneira alternada, não é difícil utilizar essa estratégia para tentar avançar mais facilmente. No entanto, apesar de tornar algumas situações mais simples, o benefício não chega a ser tão grande assim. Por isso, recomendo que jogue o modo singleplayer da maneira como ele foi originalmente pensado.


Entre no ritmo

Uma das coisas mais bacanas em holedown é o clima intenso criado pelo ritmo imposto pelos tiros que saem ricocheteando pelos blocos e paredes. É muito fácil ficar encantando pelo movimento do game e, pouco a pouco, ao ganhar experiência para prever jogadas mais eficientes, se sentir viciado em alcançar pontuações maiores. Infelizmente o jogo é curto e a geração aleatória não permite uma criação efetiva de estratégias para todas as situações. Claro que isso é parte da tentativa de garantir longevidade ao jogo, mas seria muito bom ter mais estágios e, talvez, até mesmo variações de mecânicas. No entanto, não seria demais afirmar que holedown é praticamente perfeito do jeito que ele é, minimalista e simples, na medida certa.

Prós 

  • Jogabilidade viciante; 
  • Mecânica simples e bem executada; 
  • Trilha sonora e gráficos carismáticos; 
  • Sistema de upgrades que deixa o progresso agradável.

Contras 

  • Poucos estágios e variações entre eles; 
  • Aleatoriedade das fases dificulta a criação de estratégias entre partidas.
holedown — Switch — nota: 9.0
Análise produzida com cópia digital cedida pela Grapefrukt Games


Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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