Análise: Exit the Gungeon (Switch) vai testar os seus limites

Um jogo que coloca em conflito a aleatoriedade e a técnica.

em 01/04/2020

Exit the Gungeon é um spin-off derivado do bem-sucedido Enter the Gungeon. O novo jogo traz uma proposta diferente e um nível de desafio capaz de enlouquecer qualquer um. Com uma mecânica questionável, mas desempenho excepcional, o título exige tudo do jogador e entrega uma experiência agradável e funcional.

Corra! Corra! Corra!

Em Exit the Gungeon o objetivo é fugir do Balabirinto por uma série de elevadores. Cada ciclo dentro de um dos elevadores funciona como uma fase, sendo que estas possuem trechos específicos e momentos bem marcados entre suas diferentes partes. Ao final de cada estágio é necessário enfrentar um chefão e assim seguir para a área seguinte, até escapar do local.

Na primeira vez que se tem contato com o jogo, tudo parece impossível. Parte dessa sensação tem a ver com o ambiente caótico em que nos vemos. Um lugar repleto de inimigos e de tiros que surgem por todos os lados, sem trégua alguma. Mas nem tudo é ruim como parece. Quando saltamos ou utilizamos o dodge é possível desviar das balas, o que permite uma jogabilidade encadeada entre tiros e momentos de escape. Depois de poucas tentativas, percebi que o grande problema não eram os inimigos no elevador ou os chefes (ainda que eles sejam muito chatos e irritantes), mas sim a mecânica imposta pelo game na troca de armas.



Em Exit the Gungeon somos informados, assim que tentamos sair do Balabirinto, que as armas serão trocadas automaticamente de tempos em tempos. Em tese, isso deveria ocorrer para premiar o jogador, e quanto mais avançássemos sem tomar dano, mais armas potentes e itens relevantes (cura, escudo etc) receberíamos. No que se refere aos itens isso é inteiramente verdade. Mas em relação às armas o efeito é de total frustração. Muitas vezes eu me vi em situações em que estava com uma arma boa em um momento tenso, e mesmo sem receber dano ou romper o combo, fui “beneficiado” com uma troca por alguma arma que não ajudava em nada. Para ser justo com a mecânica proposta, é importante dizer que quanto maior o combo, mais provável é o surgimento de uma arma forte. No entanto, as chances pequenas ainda são chances, e isso invariavelmente vai acontecer: uma grande probabilidade de receber uma boa arma, frustrada pelo aparecimento de uma das piores armas do jogo. E é terrível quando isso acontece.

Para iniciar a aventura, devemos escolher entre um dos heróis para escapar do Balabirinto. Cada um deles tem alguma característica diferente, e ela pode ser decisiva no seu modo de jogar. Por exemplo, o soldado tem uma precisão maior nos tiros, mas a caçadora possui um cão (quer dizer, o jogo diz que é um cachorro, mas eu tenho certeza que vejo um hamster) que caminha pela tela coletando itens que são essenciais para o avanço no game. Então, dependendo do seu modo de adaptação ao esquema de Exit the Gungeon, é possível perceber qual personagem é mais interessante.

Outra dica importante tem relação com a loja. Enquanto estamos lutando com os inimigos, caem cartuchos de balas pelo chão. Pegando esses cartuchos eles se convertem em uma moeda que pode ser utilizada nas lojas que aparecem entre os andares do elevador. Na primeira vez que entrei em uma dessas lojas, eu economizei dinheiro, pensando já na outra loja. Mas acabei descobrindo que isso não é muito útil. Afinal, ao morrer pelo caminho, se volta ao começo, perdendo todo o dinheiro. Então, quando encontrar uma loja, compre tudo o que puder.



No Switch, o desempenho é muito bom, principalmente considerando a quantidade absurda de coisas que acontecem na tela. Curiosamente, só percebi queda de framerate nas partidas em que eu jogava na televisão com o Pro Controller. Mas foi sempre algo rápido e que não causou nenhum problema sério. No modo portátil, o desempenho foi sempre perfeito. Outra coisa estranha é que, apesar da maior parte do jogo ter tradução para o português, alguns trechos de diálogos com personagens que libertamos durante o game aparecem em inglês. Não interfere na jogabilidade, mas seria melhor se a tradução estivesse completa.

Mantenha o ritmo

Exit the Gungeon é um game muito bonito, com humor ácido e desafio no nível máximo. Apesar da mecânica de seleção de armas ser questionável, o desempenho do jogo é excelente e a curva de aprendizado é muito satisfatória. Além disso, é muito satisfatório avançar observando o contador de combo aumentando a cada etapa. Depois de algumas partidas, entendendo o comportamento dos inimigos, chefes e a física do ambiente, já é possível olhar para o caos instaurado de outra forma. Sem dúvida, é um bom desafio para todos aqueles que não tem problema em encarar o ciclo que vai da tentativa para a derrota, e nova tentativa, e nova derrota, e nova tentativa etc.

Prós

  • Ritmo frenético e empolgante;
  • Grande variedade de inimigos e armas;
  • Game desafiador, mas que não tira as chances do jogador.

Contras

  • Mecânica de escolha aleatória de armas é muito frustrante;
  • A repetição das fases se torna cansativa depois de muitas partidas.
Exit the Gungeon  — Switch — Nota: 7.5
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital
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Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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