Análise: Code: Realize ~Future Blessings~ (Switch): um agradável retorno à Londres steampunk

Fandisc da visual novel otome traz mais momentos de romance, drama e ação com Cardia e seus namorados.

em 28/04/2020

Code: Realize ~Future Blessings~ é um fandisc baseado em Code:Realize ~Guardian of Rebirth~. Ou seja, o título reúne histórias alternativas à da visual novel original e epílogos para os finais felizes do jogo anterior, funcionando como uma espécie de expansão. Apesar de bastante agradável para quem se divertiu com seu antecessor, boa parte da história acaba tendo valor apenas para quem já vivenciou a história do original.

De volta à Londres steampunk


Code: Realize conta a história da jovem Cardia, uma garota que derrete tudo o que encosta devido ao veneno que corre em suas veias. Tratada como monstro, ela era uma peça importante de um plano terrorista que foi apresentado em Guardian of Rebirth. Com a ajuda de Lupin, Impey Barbicane, Frankenstein, Van Helsing e Saint-Germain, a personagem conseguiu evitar que o pior ocorresse.

Em função disso, Future Blessings conta com epílogos das rotas de cada um desses aliados, que também eram interesses românticos da protagonista. Neles, são apresentados novos dilemas e questões não resolvidas na rota original, mas são em geral muito mais simples do que antes. São mais uma forma de explorar novas circunstâncias e poder ver a trupe reunida novamente.

Ao contrário do jogo original, em que tudo começava em uma rota comum que desembocava em rotas de personagens de acordo com a escolha do jogador, desta vez as histórias são apresentadas desde o início no menu, fazendo com que o jogador tenha apenas que escolhê-la de uma vez. Também não há nenhuma decisão a ser tomada nessas histórias, o que é compreensível já que o conflito já foi resolvido no jogo anterior.


Justamente por isso, essa parte da obra acaba não tendo tanto valor para quem ainda não jogou o antecessor. Para quem já conhece os personagens, no entanto, é realmente muito divertido revê-los em um contexto mais leve em que a maior parte dos conflitos muitas vezes são mais coisas de um casal recém-formado. A química entre os personagens é muito boa e é fácil rir com as besteiras deles.


Porém, o jogo não é uma simples sequência de Guardian of Rebirth. Entre as opções disponíveis desde o início, estão também três histórias alternativas. Duas delas são rotas novas com os personagens Herlock Sholmès e Finis. Assim como as rotas do jogo original, elas continuam a partir do meio da história, quando Cardia já sabe o segredo sobre a sua origem.

Poder conhecer mais a fundo os personagens é interessante, já que ambos tiveram pouca participação na história original. Finis, inclusive, nem é tratado como um interesse romântico, mas a sua rota entra em mais detalhes sobre a forma como o contexto e a mentalidade tóxica do personagem o levou às circunstâncias de vilão.

Ambas são rotas pesadas, com eventos traumáticos do passado dos personagens, que são bem distantes do grupo principal. Nelas, há decisões para serem tomadas que podem levar a um final ruim ou bom. Também são apresentados novos personagens, como o jovem Hansel, um dos apóstolos de Idea.

Por fim, há também uma história extra em que Cardia conhece uma garota da sua idade e acaba se envolvendo em conflitos entre máfias. Ela é bem divertida e sabe fazer bom uso do que há de melhor na obra, que é a ação e a comédia. Os novos personagens apresentados combinam bem com o universo e o relacionamento de empatia e amizade entre as garotas é uma novidade interessante, já que a única outra personagem feminina com a qual ela pode desenvolver vínculos similares é a Rainha Victoria.


Como se trata de uma história isolada, contida em si mesma, diria até mesmo que se trata do ponto alto do jogo. Afinal, o seu valor não depende do jogo original e ele conta com todos os elementos que fazem Code: Realize envolvente.

Uma extensão para viver feliz para sempre

Apesar da história independente envolvendo a máfia, Future Blessings funciona mais como uma expansão do original do que uma obra própria. Boa parte do desenvolvimento dos personagens foi feito no outro jogo e, mesmo com resumos dos eventos necessários para compreender as histórias ao longo de flashbacks, uma parte muito grande da obra depende de já conhecer e gostar dos personagens.


A história, de forma geral, é bem escrita e instigante, especialmente nos momentos de maior ação. Porém há alguns erros de digitação e termos repetidos (“he will grant you a a single wish”, por exemplo) com uma frequência que chega a ser incômoda e difícil de ignorar totalmente. Considerando que o jogo já havia sido lançado anteriormente nos consoles da Sony, é uma pena que não foi feita a correção desse problema no novo lançamento.

Quanto às artes, há novas CGs de alta qualidade, como no original, e novos fundos que chamam a atenção, como a rua de Paris ou um jardim escondido em Londres. Também há animações em algumas novas cenas, especialmente algumas com movimentos de pétalas pelo ar, simbolizando perfeitamente o contexto do amor que floresceu entre os personagens.


Conforme o jogador completa as histórias, ele libera partes da galeria como de costume, mas há também um novo bônus: o quarto de Delly. No menu principal, histórias envolvendo o pequeno vampiro são liberadas. São interações mundanas com o personagem secundário, mas ajudam a ver um pouco da experiência dele na mansão de Saint-Germain.

A trilha sonora é praticamente reaproveitada do jogo anterior, mas isso francamente está longe de ser um problema. Apesar de originalmente ter achado ela pouco chamativa em Guardian of Rebirth, tenho que confessar que ela é efetiva e chega a ser memorável pela nostalgia da jornada anterior. Ouvir Splinter in the Heart ou Blue Heart nas cenas mais tristes em que Cardia está inconsolável é de arrancar o coração, assim como A New World traz toda a paz e sensação de triunfo que é tão recompensadora ao final da jornada.


De forma geral, Code: Realize ~Future Blessings~ é uma visual novel que sabe explorar os bons pontos do seu antecessor. Novas histórias que trazem à tona a sensação boa de rever velhos amigos e poder se apaixonar novamente por todos eles. Para quem se divertiu com Guardian of Rebirth, é uma extensão de tempo muito bem vinda para abençoar o futuro desses personagens com um final ainda mais feliz.

Prós

  • Personagens carismáticos com uma boa química;
  • História extra traz um pouco do que havia de melhor no antecessor;
  • Novas rotas exploram o passado de personagens que tiveram menos desenvolvimento;
  • Artes de fundo e CGs muito bonitas, além de algumas pequenas animações que chamam atenção;
  • Trilha sonora bem executada.

Contras

  • Erros de digitação e escrita;
  • Boa parte do prazer do jogo depende da experiência de ter passado pela jornada de Guardian of Rebirth.
Code: Realize ~Future Blessing~ — PS Vita/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aksys Games

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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