A relação de FIFA com os consoles da Nintendo (1993-2007)

A série da EA Sports já tem mais de 25 anos de história, e muita história pra contar. Relembre os maiores momentos da série nos consoles da Big N.

em 29/03/2020


Falar de FIFA sem discussão é quase impossível. Seja pela clássica guerra contra o rival Pro Evolution Soccer, da Konami, pela zoeira com os fãs do jogo, ou mesmo pelas críticas contra a própria essência da série, que muitos alegam ser “a mesma coisa todo ano”. E onde que a Nintendo entra nessa história? É o que vamos ver agora. Vamos conferir aqui os altos e baixos da franquia ao longo desses mais de 25 anos. A começar pelo SNES.

1994 – Rola a bola no gramado virtual

Muitos jogos genéricos de futebol já existiam até FIFA International Soccer (também conhecido como FIFA 94), isso é verdade. Porém, com FIFA 94, a experiência de futebol foi elevada a um nível nunca visto antes. Lançado no final de 1993, ele trouxe pela primeira vez a câmera isométrica a um jogo de futebol. O ângulo “em ladeira” trazia uma sensação de imersão em relação aos demais simuladores em 2D.

Além disso, o jogo recebeu a (então) incrível soma de 48 seleções. Não foram incluídos times de clubes, já que na época a EA ainda não tinha acordos com os mesmos. A falta não foi notada por muitos, já que nunca antes um jogo do gênero tinha acrescentado clubes, e optar apenas por seleções nacionais condizia com o momento (a Copa de 1994, que ocorreu no ano seguinte).

A versão de SNES ainda era a principal naquela época, de forma que veio a receber o jogo principal (e não uma versão adaptada). Ou seja, os modos Exibição, Campeonato (que tinha o mesmo sistema da Copa de 94, ainda com 24 clubes), Playoff e Liga (o formato round-robin, semelhante ao Brasileirão) estavam incluídos no jogo, assim como a equipe da EA All-Stars (que nada mais era que uma equipe extra com os desenvolvedores do jogo).
A câmera isométrica conseguia passar a impressão de 3D, de forma nunca antes vista em um jogo de futebol


1996/98 – As primeiras jogadas pra escanteio

FIFA 95 foi o primeiro título da série que não veio para um console da Big N (a versão foi restrita ao Mega Drive). E de 1996 a 1998, veio o primeiro deslize da EA com o público de fãs da casa do Mario.

Enquanto alguns consoles 32-bit (que já suportavam 3D) recebiam o Virtual Stadium, do FIFA 96, que foi a primeira experiência tridimensional no futebol, o SNES recebeu nada mais que ports da versão exclusiva de Mega Drive, apenas com atualizações de elenco (que ainda usavam nomes fictícios na versão do Super Nintendo, ao contrário dos outros consoles). Naquela edição, a EA já tinha as licenças necessárias, o que possibilitou a inclusão de clubes pela primeira vez. Um único diferencial do jogo de SNES, diga-se de passagem, foi a inclusão do modo Indoor (o nosso conhecido Futsal), que basicamente era uma quadra menor com menos jogadores.
Na esquerda, o FIFA 96 - Virtual Stadium, que não saiu para a Nintendo. Já a direita, bem, a versão de SNES


Essa foi uma das únicas vezes na série que a máxima “FIFA é a mesma coisa todo ano” pôde ser usada com motivos. O Game Boy também recebeu essas versões de FIFA (que junto ao Game Gear da SEGA, pode ser considerado o primeiro jogo da série para um portátil). Nada que viesse a chamar a atenção dos fãs de futebol, em todo caso. O SNES teve como seu último título da série o FIFA 98: A Caminho da Copa. E aí a Nintendo entra de vez na revolução tridimensional do final dos anos 1990.

1998/99 – Subida na tabela

Se você jogou FIFA no período entre 1997 e 1998, certamente você vai se lembrar do “woo-hoo”, da OST do jogo daquele ano. Considerado por muitos o ápice na série, FIFA 98: A Caminho da Copa foi o segundo título para o Nintendo 64. O primeiro, FIFA 64, de 1997, não é levado em conta na série principal, sendo considerado apenas um título teste, já que faz uso da mesma engine 32-bit das versões dos outros consoles até então.

A versão de 1998 para o N64 se redimia de todas as dívidas com os fãs nintendistas em relação aos três anos anteriores. De um jogo desatualizado para o SNES, a versão de N64 do FIFA 98 trazia a máxima experiência de futebol possível à época. Com um motor de 64-bit, as animações dos jogadores, bem como a qualidade de cores e resolução de imagem, foram elevadas a outro nível, ficando muito à frente da concorrência. Com esse aumento na qualidade, o jogo permitiu pela primeira vez retratar com alguma fidelidade a aparência dos jogadores - que agora era possível, já que a EA conseguira a licença FIFPro (que liberava os direitos de imagem dos atletas) dois anos antes.

Por sua vez, o jogo da Copa do Mundo na França em 1998 também foi lançado para as duas plataformas da Nintendo naquele ano: N64 e Game Boy. Apesar disso, ela não foi lembrada por muitos fãs, dado que apresentava muito menos conteúdo em relação à versão anterior, com apenas 40 seleções nacionais no jogo.
A Seleção de 98 não ganhou a Copa no mundo real, mas sempre é bom poder jogar com aquela equipe



Lançado apenas para PC, PlayStation, N64 e Game Boy Color (sendo esse o primeiro FIFA do novo portátil), FIFA 99 foi o último título da série para o N64. Apesar das limitações de espaço exigidas pelo cartucho, o que deu menos possibilidades em relação à versão lançada para o console da Sony (e pode ser considerado o motivo para não ter sido lançado um FIFA 2000 no N64), o jogo fechou a passagem pela quarta geração na Nintendo com chave de ouro.

Vários clubes estavam presentes, assim como a UEFA Champions League e a UEFA Cup - conhecida atualmente como Europa League -, ainda que com nomes não oficiais. Vários estádios do mundo real foram incluídos, assim como as novas opções de jogo daquele ano, o Meu Torneio (que permitia criar torneios personalizados), o Editor (que deixava acessível a edição individual de jogadores), e a seção de transferências (que liberava transferências entre os clubes no jogo).
FIFA 99 foi o primeiro jogo da série a apresentar o editor. E o último para o N64







2000/01 – O segundo tropeço

Nos primeiros anos do novo milênio, os jogos de FIFA para a Nintendo sofreram seu segundo período de seca por parte da EA Sports. O único console da Big N a receber FIFA 2000 foi o Game Boy Color, que, diga-se de passagem, não ganhou nada mais que uma versão adaptada dos jogos de SNES de anos antes.Já 2001 foi o primeiro ano desde o começo da série que nenhum console da Nintendo, portátil ou de mesa, recebeu um FIFA. Aquela edição foi restrita a PlayStation (1 e 2) e PC.

2002 – Retorno tímido nos gramados de Kyoto

Após um hiato de dois anos fora dos consoles de mesa da Nintendo, FIFA fazia seu retorno ao recém-lançado GameCube com FIFA Football 2002 (abreviado aqui para FIFA 02). O jogo tinha uma melhoria significativa em relação à última versão ainda para o N64, isso é fato. FIFA 02 apresentava algo similar ao jogo de quatro anos antes, com os sistemas de eliminatórias, que agora não tinham mais todos os países, como em 1998. Nessa edição também se incluiu a barra de potência, criada para aumentar a técnica do chute.

O GameCube também recebeu o título da Copa daquele ano. Um pouco maior que o equivalente de 98, 2002 FIFA World Cup teve a soma de 100 equipes nacionais e todos os 20 estádios daquela edição na Coreia do Sul e Japão.
É penta, Reginaldo! É penta!


Uma coisa importante a destacar aqui é que, na Nintendo, apenas o GameCube recebeu versão de FIFA 2002. Pela internet, você pode achar alguns poucos locais citando uma versão desse jogo para o GBA. A verdade é que houve uma confusão naquele ano.

Para quem ainda não sabe, o padrão de FIFA é lançar a versão com o ano final da temporada (por exemplo, FIFA 02 se refere ao jogo lançado no ano anterior para a temporada 2001/02 na Europa e 2001 no Brasil). Porém, a primeira versão para o GBA não foi lançada com um ano no cartucho. O único indicador de data nele é o ano de lançamento – 2002. Assim, ele foi erroneamente atribuído por alguns como FIFA 02, quando na verdade já era o FIFA 2003, tanto que o jogo no portátil se assemelha mais aos das outras versões de 2003 do que de 2002.

2003/07 – A era vitoriosa

Alguns meses após a Copa e o subsequente penta da Seleção, foi lançado mais um título da série. FIFA Football 2003 foi o primeiro jogo da saga no Game Boy Advance e o segundo para o GameCube. A edição trouxe reduções em relação à versão anterior, porém com o adendo de um novo formato de jogo, o Club World Championship, que reunia 17 clubes da Europa em um campeonato de pontos corridos.

O ano seguinte marcou o aniversário de 10 anos do primeiro lançamento da série. FIFA 2004 inovou trazendo pela primeira vez as divisões inferiores de algumas ligas ao jogo. Para o GameCube, bem como os demais consoles de mesa, o título incluiu o recurso de controle de dois jogadores ao mesmo tempo, que passou a permitir uma melhor organização tática da equipe.

Surpreendentemente, dessa vez o GBA teve conteúdo exclusivo. Os clubes do México, bem como a equipe do Polonia Varsóvia estavam disponíveis apenas no jogo para o portátil. Apesar de ser uma inclusão simples (e compreensível, dada a limitação gráfica do console), isso foi algo nunca antes visto para um console da Nintendo na série.

FIFA 2005, por sua vez, foi mais um título em que o “mesma coisa todo ano” pôde ser usado com propriedade. Sem muitas adições na edição, o jogo passou batido pelos consoles de mesa, como o GameCube. Já o GBA teve mais uma vez um tratamento especial por parte da EA Sports. Naquela edição, ele recebeu uma completa repaginada, de forma a melhorar os gráficos no portátil.

É bem interessante ressaltar que essa versão apresentou algo muito semelhante a um jogo 3D. FIFA 05 para o GBA teve um novo recurso de replays, no qual era possível nada mais, nada menos que girar a câmera em 360°, mesmo que o jogo ainda fosse a base das tradicionais sprites em 2D.
Sim, isso aqui gira em 360º. Um verdadeiro "avanço"




















2006 não seguiu um caminho diferente. Apesar de que nos demais consoles fossem incluídos alguns poucos novos recursos na seção de extras (como biografias de jogadores e o FIFA 94 para o PS2), a Nintendo não recebeu muita coisa além de uma versão atualizada do jogo. O principal foco para os consoles da Big N foi o fato de FIFA 06 ter sido o primeiro título da série para o Nintendo DS, que finalmente levava a jogabilidade em 3D para um portátil da casa.

Já para a Copa de 2006 as coisas foram completamente opostas. O jogo foi o que registrou o maior número de consoles para um mesmo lançamento de FIFA. Todos os consoles da Nintendo na época receberam o FIFA 2006 World Cup - GameCube, GBA e DS. Vale lembrar que o Wii não recebeu o jogo por ter sido lançado só no final daquele ano, alguns meses após a Copa e o consequente tetra italiano.

Com todas as seleções que disputaram o processo de eliminatórias disponíveis, o jogo tentou se elevar ao nível de 1998, ainda que não fosse a mesma coisa, já que apenas seleções estavam disponíveis. A versão de DS recebeu um modo exclusivo, a Trivia, que consistia em uma série de perguntas e respostas sobre a história das Copas. Uma adição um tanto interessante, para ser honesta.

196 seleções. Praticamente todo o mundo em um jogo. Sim, isso é excitante




O ano de 2006 também simbolizou o último ano de FIFA no GameCube e GBA. Apesar de FIFA 07 não apresentar nenhum modo de jogo novo, ele teve uma melhoria significativa em relação aos jogos anteriores, em se tratando dos consoles de mesa. A física da bola passou a ter muito mais naturalidade. Os jogadores, que antes só chutavam “de bico”, passaram a aplicar curva na bola. A iluminação dos estádios também teve um avanço significativo, com as partidas passando uma impressão muito mais realista.

E bem, por enquanto, é isso. Essa aqui foi a primeira parte da retrospectiva da relação da série FIFA com a Nintendo. Aqui relembramos os primeiros oito anos da série, bem como as três Copas que ela abrangeu. Na próxima parte, vamos ver o período de 2008 até hoje. Desde quando a franquia chegou ao Wii e se consolidou no DS até os dias de hoje com o Switch. Vocês têm alguma lembrança com a série? Deixa aqui nos comentários! Até lá!

Revisão: Davi Sousa
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Estudante de História, "nascida" em Johto, é fã da Altaria e de Galar. Pokétuber e futura professora de História, nas horas vagas treina seus monstrinhos. Benfiquista e boleira, pode ser achada enquanto cria algo pelo Twitter: @gabsjohto
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