Análise: Inbento (Switch) aquece o coração e põe a cabeça para funcionar

Puzzle vai fazer o músculo da lógica funcionar ao assumir o papel de uma mãe que prepara as mais variadas marmitas para seu filhote.

em 28/03/2020


Lançado inicialmente para smartphones, Inbento (Switch) traz ao console híbrido da Nintendo um jogo que mistura fofura e desafio ao extremo. Neste jogo devemos preparar bentôs, ou marmitas ao estilo japonês, para seu filho, que irá crescendo junto da sua criatividade para criá-los.


O bentô ou obentō 弁当, é uma marmita que se tornou uma das identidades da culinária e cultura japonesa. Se trata de um almoço inteiro contido em uma embalagem compacta, nela temos não somente uma refeição balanceada e, em tese, saudável - pois comumente é feita em casa pelas mães japonesas.

Mas a sua fama se reserva no cuidado em produzir refeições visualmente satisfatórias, ricas em detalhes na preparação e bastante decoradas (instagramáveis, se nos permitirem o termo) para aumentar o interesse das crianças em comê-las. Vamos deixar algumas imagens abaixo para exemplificar como um bentô é.

É de pensar, não de comer

Começamos com a história de uma gata branca, uma mãe, que aparece com um pequeno gatinho alaranjado. Logo depois de colocar o seu pequeno filhote para dormir, a mamãe inicia a sua jornada enquanto cozinheira de marmitas, pois é muito comum que as mães preparem os bentôs de seus filhos à noite para que eles levem-nas à escola no dia seguinte.

E então o jogo começa. Como fases iniciais temos as apresentações das mecânicas de jogo, irá aparecer no topo a versão final e logo abaixo a situação atual dos alimentos na marmita e os passos que faltam ser realizados. Inicialmente não teremos muito o que fazer, geralmente é só colocar o ingrediente correto na posição que foi pedida.


Ao passo que vamos avançando o livro de receitas da mamãe-gata, novas imagens da história vão se juntando ao jogo, além das marmitas, iremos colecionar fotografias de momentos da mãe com o filho e vamos vendo a complexidade da relação entre os dois evoluir com a complexidade das preparações.


E quando eu digo complexo, é complexo. De início o jogador vai pensar “isso é fácil demais”, por estar apenas colocando um pedaço de salmão aqui e trocando o bloquinho de arroz para lá. O jogador irá se deparar com uma marmita com espaços que variam de 1x1 até 3x3 blocos de ingredientes, parece pouco, mas aí que conheceremos as mecânicas de posição.

Pois além de ter que imitar as imagens exigidas pelo jogo, haverá ações fixas que a fase pré-determina. Por exemplo: é preciso movimentar dois ingredientes paralelos, ou um conjunto de três que estão unidos, substituir um ingrediente por outro e por aí vai. A parte boa é que o jogo irá te fazer exercitar demais o pensamento lógico, sem dar nenhuma colher de chá.

Um ponto que talvez não agrade os fãs sem paciência é a completa falta de auxílio por parte do jogo. As fases iniciais de cada página costumam ser mais didáticas para apresentar a respectiva mecânica, mas as fases seguintes já ganham novas camadas de dificuldade e caso o jogador se sinta perdido terá duas opções: tentar novamente ou ir para outra fase. Mesmo se o jogador errar diversas vezes em sequência, não haverá nem mesmo uma dica para seguir com o jogo.


E parece que os desenvolvedores estavam bastante cientes disso, tanto que não é uma exigência terminar todas as fases de uma página para conseguir progredir no jogo e acompanhar a história. Mas o jogador terá de completar, pelo menos, de 50% a 80% para avançar, isso incluindo a fase final.

Uma jornada culinária e afetiva

Embalados com uma trilha sonora simples e envolvente, o jogo tem um estilo gráfico simples e bem polido. As imagens poderiam ter uma animação simples ou algum tipo de dublagem, mas acredito que o foco maior do jogo era “menos é mais”. Acompanhar o desenrolar da história, ainda mais quando se está na pilha de fazer um quebra-cabeça seguido do outro, é uma quebra interessante e que combina perfeitamente.

E toda a simplicidade que circunda o jogo mascara, de forma positiva, as mais de 100 fases contidas no título, todas com o mesmo propósito, mas cada uma com o seu desafio. Não posso negar que senti falta de um auxílio aqui e ali quando não encontrava a saída para um quebra-cabeça, mas em momento algum o jogo faz o processo se tornar frustrante, pois há sempre a opção de avançar para uma outra fase.


Uma coisa que ficou estranho nesse jogo é a qualidade questionável do touch do jogo. Fazer movimentações dos ingredientes e movimentos no jogo usando a tela de toque é uma experiência que eu não imaginava ver em um jogo para Switch e que veio de celulares, a resposta é muito lenta, parece que os objetos se movem em câmera lenta. Apesar disso, os controles funcionam sem problemas.

Num geral considero Inbento uma boa opção para quem está interessado em treinar o raciocínio lógico em um título fofinho. O título tem abre espaço para uma interpretação bem bonita, pois não somente soa como “invento”, já que o bentô é famoso pela criatividade dos japoneses em estilizar a sua marmita, e tantas outras coisas, mas o prefixo “in”, do inglês, que associa a algo que vem de dentro, do coração. Lugar dos jogadores que, certamente, a história irá tocar.

Prós

  • História pictorial muito fofa;
  • Quebra-cabeças desafiantes;
  • Localizado para o português;
  • Gráficos e músicas que casam com a proposta do jogo.

Contras

  • Experiência ruim ao controlar com a tela de toque do Switch.
Inbento - Switch - Nota: 7.5
Revisão: Vladimir Machado
Análise realizada com cópia digital cedida pela 7Levels

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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