Katsuya Eguchi é um dos grandes nomes do time de profissionais da Nintendo. Ele foi o responsável por criar e dirigir franquias e jogos de muito sucesso através de várias gerações de consoles e portáteis desenvolvidos pela Big N. Essas criações nos conquistaram e certamente foram o primeiro contato de muitos de nós com o maravilhoso mundo dos games, despertando uma paixão que duraria pro resto de nossas vidas. Portanto, vamos relembrar (ou conhecer) um pouco mais da trajetória de Eguchi-san e de suas premissas como criador de videogames, buscando satisfazer e unir jogadores, encorajando-os a compartilhar suas experiências e imergir em mundos fantásticos.
Um início promissor e uma trajetória sólida
Katsuya Eguchi nasceu em Tóquio, Japão, no ano de 1965 (54 anos) e desde muito jovem demonstrava seu interesse por jogos eletrônicos e computadores, a começar pelos fliperamas. Mais especificamente na Prefeitura de Chiba, Eguchi cresceu ao lado de sua família e estudou até o ensino superior, frequentando a Japan Electronics College, onde estudou computação gráfica e se formou aos 21 anos. Nessa mesma idade, Eguchi acabou se candidatando a uma vaga de emprego na Nintendo após o fim do curso. Então em 1986, depois de passar pelo processo seletivo e ter conquistado a vaga, ele tomou a importante decisão de se mudar para Quioto, onde ficava a sede da Nintendo, se afastando de tudo que lhe era familiar e iniciando um importante novo ciclo de vida.Ocupando o cargo de designer, Eguchi teve como seu primeiro grande trabalho o design de fases para Super Mario Bros. 3, realizado em conjunto com Hideki Konno. Após isso, o designer foi trabalhar como auxiliar no desenvolvimento do título de lançamento do Super Famicon (SNES), o inigualável Super Mario World.
O primeiro trabalho de Eguchi na posição de diretor foi em Star Fox, também para o Super Famicon, que foi um dos primeiros jogos da Nintendo desenvolvido com o auxílio de uma empresa ocidental; mais tarde ele repetiria seu papel como diretor em Star Fox 2, título que não chegou a ser lançado comercialmente na época mesmo tendo seu desenvolvimento finalizado, mas que hoje é parte do pacote do SNES Mini e também do catálogo de jogos do SNES Online no Switch.
Próximo do fim da década de 90, chegava ao mercado a próxima geração de consoles, trazendo novas tecnologias e, consequentemente, novos desafios aos desenvolvedores. Katsuya Eguchi seguia firme com suas atividades na Nintendo e cada vez mais engajado em grandes projetos. Nessa época ele atuava como diretor de clássicos do Nintendo 64, como Wave Race 64, Yoshi’s Story e o primeiro Animal Crossing (conhecido como Animal Forest – Doubutsu no Mori).
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| Eguchi-san (à esquerda) e Hisachi Nogami (à direita) |
Já como um produtor veterano da Nintendo EAD (Nintendo Entertainment Analysis & Development), Katsuya é imbuído da missão de desenvolver um jogo que acompanharia o pacote do próximo console Nintendo, o Nintendo Wii. Katsuya Eguchi e seu time criaram o gigante Wii Sports, o primeiro de vários jogos bons da série ‘Wii’ criados por esse time, alcançando bons número e recepção por parte dos jogadores. Em consequência do sucesso do primeiro Wii Sports, Eguchi já trabalhava em Wii Sports Resort, Wii Music e no próximo título Animal Crossing (City Folk) simultaneamente.
Passados mais alguns anos, Katsuya Eguchi se tornaria o produtor principal do console Nintendo Wii U. Ele recebeu o título de produtor geral e supervisor em vários dos títulos desenvolvidos pela Nintendo EAD e EPD (Nintendo's Entertainment Planning & Development). Atualmente, Eguchi ocupa o cargo de Gerente Geral Adjunto da Nintendo EAD e continua envolvido em grandes projetos, muitos dos quais ainda nem conhecemos, mas um dos maiores entre eles é certamente o aguardado Animal Crossing: New Horizons, para o Nintendo Switch.
Liderança, imersão e filosofia profissional
Sendo uma figura tão importante e influente dentro da Nintendo, Katsuya Eguchi inspira profissionais que queiram seguir a carreira de desenvolvimento de jogos, bem como as equipes de trabalho que já coordenou ao longo dos anos e certamente também inspira fãs de jogos eletrônicos. Sendo um líder, é importante coordenar os esforços da equipe e comungar tantas ideias e estilos em prol de um produto final que transmita a filosofia da empresa que o emprega e alcance o coração do público ao qual este foi destinado.Como jogadores fãs da Big N, temos a certeza de que, mesmo com vacilos e um conservadorismo exacerbado em relação à certos assuntos e recursos, a Nintendo leva muito em consideração os sentimentos e o impacto geral que seus jogos e consoles terão em seus consumidores. Preocupação essa que às vezes se estende até à família daquele jogador e ao ambiente que o cerca. Eguchi-san também é um dos grandes difusores dessas preocupações e busca sempre pensar em como os jogadores experienciam seus jogos e as mudanças trazidas a cada nova geração.
Em uma entrevista dada ao site da Nintendo UK, lá em 2016, foi perguntado a Eguchi como os jogos e jogadores haviam mudado ao longo dos anos, e como eles (desenvolvedores) mudaram sua filosofia pessoal de criação para se ajustar a isso. A resposta foi a seguinte:
“Não creio que o objetivo dos jogadores tenha mudado tanto desde o começo em termos de o que eles desejam alcançar ao jogar um jogo. Por exemplo, quando começavam a jogar eles não conseguiam fazer certa coisa, mas eventualmente eles conseguiriam realizá-la, ou vencer a competição da qual estavam participando. Ou você coleta uma tonelada de itens, depois mostra isso para as pessoas e compartilha suas impressões. Com o tempo, esses métodos de expressão se tornaram mais belos, e talvez coisas mais complicadas possam ser realizadas. Hoje em dia podemos atingir objetivos de maneira mais fácil, ou podemos ter a ajuda de outros jogadores que estejam mais avançados. Essas coisas podem ter mudado, mas não que a essência do que as pessoas estão aproveitando dos jogos tenha se modificado.”
E sobre como tais mudanças influenciaram seu principal objetivo ao desenvolver um jogo:
“Em primeiro lugar, (...) a pessoa que compra o jogo, e todos os seus amigos tem que ter uma experiência divertida. Eles devem ser capazes de compartilhar isso uns com os outros, se quiserem. Essa é a primeira prioridade.”
“Enquanto estão jogando, eles podem se esquecer de tudo, de todos os seus problemas. Eu acho que é importante para o jogo possuir uma experiência altamente imersiva. Pode ser um jogo do tipo feliz e relaxante, ou pode ser um mais competitivo. O que quer que seja, é importante que os jogadores possam imergir a si mesmos para que sintam que muita coisa está em jogo e que eles têm que se esforçar para alcançar o objetivo.”
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| Katsuya Eguchi ao lado de Aya Kyogoku, atual diretora de Animal Crossing |
É interessante perceber o foco da fala de Eguchi-san em proporcionar uma experiência positiva e completa aos jogadores, sobre o quão importante é também torná-la duradoura, incorporando o fator social em seus jogos, encorajando a partilha de experiências entre jogadores. Essa interação proporciona a integração de pessoas e os encoraja a se comprometer mais e mais com seus jogos, além de agregar um fator sentimental maior quando se experiencia algo junto de alguém.
E por fim, mais uma fala de Katsuya Eguchi que acredito resumir toda a sua trajetória e filosofia de trabalho, demonstrando mais uma vez o profissionalismo e alguns dos fatores que o fizeram chegar tão longe:
“Eu quero criar coisas que eu tenha gosto em jogar. Da minha perspectiva profissional, não estou criando jogos de verdade, eu sou um produtor. Sou mais um coordenador. Eu apoio e auxilio as pessoas que estão fazendo jogos diretamente, não posso fazer o jogo diretamente – não sempre, pelo menos! No entanto, em meu coração eu olho para as coisas e digo ‘isso é algo que eu iria gostar’. Falando francamente, é daí que vem a minha motivação e minha abordagem.”
Que venham mais 30 anos
Com seus mais de 30 anos de carreira, tantos títulos de peso e envolvimento em grandes projetos, Katsuya Eguchi é um produtor que se destaca pela habilidade ímpar de entender os anseios dos jogadores para os quais ele desenvolve e coordena o desenvolvimento de tantos bons jogos. Eguchi transporta experiências de vida (pessoais inclusive, como a criação da série Animal Crossing – mas isso é história pra outra hora) para os jogos e busca agradar ao proporcionar imersão e vivências positivas. O prazer em fazer videogames é seu norte profissional e motivação para continuar criando.
Revisão: Icaro Sousa
