Desenvolvido pelo círculo doujin French Bread (Melty Blood, Dengeki Bunko: Fighting Climax), Under Night In-Birth é um jogo de luta 2D que começou nos arcades japoneses e teve suas revisões lançadas posteriormente para consoles. Após ganhar uma boa fama com Under Night In-Birth Exe:Late[st], que chegou a ser um dos jogos principais do torneio EVO 2019, a nova versão é a primeira a chegar a um console da Nintendo.
Uma noite marcada pelo conflito
Ao todo são 21 personagens, cada um com suas particularidades. Apesar das diferenças, o mais curioso é que realizar combos básicos com todos eles é bem fácil. Assim, o jogo é bastante tranquilo para quem tem pouca experiência com o gênero ou gosta de aproveitá-los de forma casual.
Falo isso até por experiência própria. Sou o tipo de pessoa que desde a infância joga títulos de luta como Street Fighter, The King of Fighters, Mortal Kombat e Samurai Shodown, mas minha taxa de aprendizado é bem lenta. Em Under Night In-Birth, tive facilidade em pegar praticamente qualquer personagem e muitos movimentos básicos servem para realizar combos com todos eles, com as devidas variações de área de alcance, força e recuperação.
Claro, existem golpes mais avançados e combos de alto nível que demandarão treino, como usual do gênero. Mas dá para pegar um personagem, curti-lo e aprender no seu próprio ritmo sem se sentir muito abaixo do nível dos outros jogadores online.
Mesmo lutando contra pessoas que claramente tinham mais experiência do que eu no jogo e conheciam mais a fundo as habilidades do personagem que usavam, tive partidas excelentes com tensão de ambos os lados no online. É importante destacar que o netcode é baseado em delay, mas a maioria esmagadora das partidas em que participei rodaram perfeitamente, de forma que praticamente não senti diferença nos meus combos ou na capacidade de reação.
Quanto às adições da nova versão, a principal é a presença do personagem Londrekia, que, francamente, é um dos meus favoritos. Seu estilo de ataque com gelo, que pode aprisionar inimigos e tem um bom range, é bem interessante e chamativo. Também houve a adição de músicas, imagens e algumas mudanças no balanceamento, mas, no geral, parece algo pouco significativo para quem já possui o jogo anterior em algum dos sistemas da Sony.
Quanto ao funcionamento das batalhas em si, o jogo segue o padrão de jogos de luta 2D. É um personagem de cada lado e, conforme os dois trocam ataques, suas barras de especial (EXS) enchem. Também há uma barra comum chamada GRD, que funciona como uma espécie de cabo de força entre os jogadores e recompensa jogadas agressivas desde que o jogador consiga, obviamente, atingir seu adversário.
Na prática, as batalhas são bastante ágeis, permitindo que os jogadores se divirtam com uma boa variedade de combos e tentando prever os movimentos do oponente. Isso faz com que alguns personagens mais lentos sejam mais complicados de aprender a princípio, mas mesmo eles oferecem vários possibilidades com counters e a possibilidade de cobrir grandes áreas com os seus ataques.
Explorando o mundo sombrio
Em termos de modos de jogo, o título oferece uma boa variedade. Além dos básicos arcade, versus e network (para lutas online), o jogo também conta com: score attack, time attack e survival. Os três contam com seus próprios rankings para que o jogador grave seus recordes e compita online.
Como falei anteriormente, o jogo é bem tranquilo para iniciantes pegarem o básico, mas quem quiser dar uma estudada nos movimentos também conta com os modos Tutorial, Mission e Practice. O primeiro explica o funcionamento básico do jogo em detalhe e o segundo exige que o jogador execute certos combos, enquanto o último é um modo livre para testar combos. Não é nada fora do comum, e nem diria que servem como tutoriais melhores do que simplesmente pegar o jogo nos outros modos do seu próprio jeito, mas podem ser úteis para pessoas que gostam de seguir um passo-a-passo para se sentirem mais preparadas.
Com exceção do Practice, os modos que mencionei também servem para que o jogador obtenha dinheiro de jogo para desbloquear novas cores dos personagens, itens para customização do perfil online e imagens da galeria. Há também um modo separado para a história, o Chronicles. Nele há apenas trechos de visual novel, explicando como cada personagem se envolve com a situação da Hollow Night, suas backstories e relacionamentos. Com isso, o jogador pode se aprofundar nos detalhes quando quiser e as lutas do modo arcade podem ser apreciadas sem gastar muito tempo nisso.
De modo geral, Under Night In-Birth Exe:Late[cl-r] é uma excelente obra, bastante indicada para entusiastas de jogos de luta e mesmo para pessoas com interesse casual no gênero. Para quem já possui o jogo em outro console, as adições podem ser pouco significativas (tanto que no PS4 é gratuito o update básico para a nova versão sem o personagem Londrekia e as novas cores), o netcode baseado em delay é antiquado (mas bastante funcional até onde testei) e os tempos de loading incomodam no longo prazo. Mesmo com esses pequenos defeitos, a qualidade do jogo é inegável e ele oferece uma experiência fantástica.
Prós
- Excelente ponto de entrada para novatos, com combos básicos fáceis de realizar e um bom espaço de aprendizado;
- Boa diversidade entre os personagens;
- Mesmo com netcode baseado em delay, o modo online funciona bem;
- Modo “Chronicles” separa a parte mais densa da história do resto do jogo, fazendo com que o modo arcade seja mais direto ao ponto.
Contras
- Os tempos de loading podem se tornar incômodos no longo prazo;
- Para quem já tem a versão anterior do jogo em algum console da Sony, poucas são as adições significativas para justificar comprá-lo novamente.
Under Night In-Birth Exe:Late[cl-r] - Switch/PS4 - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Kiefer Kawakami
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aksys Games