A popularidade de jogos que envolvem montar, seguir e descobrir receitas é inegável. Mas ao contrário de títulos como Overcooked ou até mesmo o nostálgico Café Mania, no qual a velocidade de preparação e a administração do estabelecimento importam, em Coffee Talk o foco está na satisfação dos clientes e nos sentimentos que diferentes tipos de bebidas transmitem para cada um.
Desenvolvida e publicada pelo estúdio Toge Productions, a visual novel coloca o jogador no comando do único funcionário de um café situado em uma Seattle alternativa. Vale mencionar que preparar as bebidas é apenas uma parte da gameplay, visto que na maioria do tempo o que acontece são longos diálogos entre os clientes e o barista.
Vida de barista
A jogabilidade de Coffee Talk é bem simples: basta misturar alguns poucos ingredientes enquanto prepara uma bebida para servir ao cliente. Como não existe limite de tempo para montar as receitas, não há muito desafio envolvido no processo. O que pode dificultar é a interpretação dos pedidos, que algumas vezes não acompanham explicitamente quais produtos devem ser usados na preparação.
Daí entra a criatividade do jogador, que deve utilizar seus conhecimentos como barista para tentar atender os requisitos dos personagens ao equilibrar os seguintes aspectos em suas receitas: aquecimento, refrescamento, doçura e amargura. Caso o cliente não fique satisfeito, pode ser que ele não retorne ao estabelecimento, fazendo com que sua narrativa deixe de ser abordada durante o restante do jogo.
Outra forma de explorar o lado criativo é ao fazer latte art no fim das preparações, ferramenta que permite customizar a superfície do café ao adicionar leite e criar figuras com o creme formado. Mas apesar de interessante, tal adição não agrega em nada o decorrer da história.
Um café alternativo
A falta de interações por parte do jogador é compensada através da diversidade de personagens e, consequentemente, de histórias a serem contadas. Em uma sociedade que mescla fantasia com modernidade, o que não falta são clientes "alternativos", como vampiros veganos e seres de diferentes espécies com problemas de relacionamento. O barista aqui não é um personagem relevante no sentido narrativo, pois atua como um mero ouvinte para seus clientes, que são os verdadeiros protagonistas da visual novel.
Um diferencial do jogo é que as escolhas não são feitas a partir das respostas que o barista seleciona para dar continuidade aos diálogos, mas sim de acordo com quais bebidas foram servidas em cada situação. Mesmo com tanta variedade, o excesso de diálogos pode prejudicar a experiência de jogadores que não gostam tanto do gênero.
Relaxante ou tedioso?
Enfim, Coffee Talk é (ou tenta ser) uma experiência relaxante, algo meio chill vibes. Mesmo com várias histórias de NPCs para conhecer, pode ser que isso não prenda o jogador, o que pode gerar um sentimento de tédio após um tempo. Além disso, um nível de inglês intermediário é necessário para aproveitar a visual novel, já que a tradução para o português não está disponível e texto é o que não falta no game.
Para amenizar o clima e tornar a jogatina mais leve e descontraída (afinal, essa é a premissa do jogo), resta contar com a ótima trilha sonora repleta de músicas de jazz e lo-fi. Além disso, a estética de anime dos anos 90, combinada com o ótimo trabalho de pixel art realizado no visual do jogo também auxiliam nesse processo.
Prós
- Grande diversidade de personagens e histórias para conhecer;
- Ótima ambientação;
- Trilha sonora excelente e bem relaxante.
Contras
- Jogabilidade muito simples;
- Não há tempo limite para a preparação das bebidas;
- Excesso de diálogos e pouca interação com o jogo.
Coffee Talk - Switch - Nota: 7.0
Revisão: Icaro Sousa
Análise produzida a partir de cópia digital cedida pela Toge Productions