10 Jogos do Wii — e não do Wii U — que mereciam uma segunda chance no Switch

Se for para reciclar um jogo já lançado anteriormente, que ao menos seja algo antigo e que se beneficiaria de verdade de um upgrade.

em 02/02/2020

Além de vários títulos próprios incríveis, como Splatoon 2, Super Mario Odyssey e Fire Emblem: Three Houses, o Switch é constantemente colocado em debate por abrigar uma série de ports de games originalmente produzidos para o Wii U. Enquanto alguns criticam a prática por preferirem jogos que sejam novos e não simplesmente requentados do console anterior para preencher buracos no calendário de lançamentos, outros alegam que pouquíssimas pessoas tiveram acesso ao aparelho antecessor, e que esses relançamentos servem para impedir os originais de ficarem presos a uma única plataforma que não foi tão bem-sucedida assim e, consequentemente, de se perderem no tempo.


Se esse é o ponto de vista, por que parar por aí? O Wii U é o único aparelho com pérolas perdidas que podem ser aproveitados em um novo console? De jeito nenhum! O Wii foi um videogame extremamente popular, mas alguns títulos realmente mereciam uma nova chance de serem jogados no Switch — afinal se a indústria não tem vergonha de (re)lançar The Elder Scrolls V: Skyrim (Multi) praticamente todo ano, não há problema em reciclar alguns jogos bons de um sistema cujos principais clássicos já têm praticamente uma década.

10 - Super Mario Galaxy e Super Mario Galaxy 2

Vamos começar com o óbvio. Apesar de já terem marcado presença na eShop do Wii U, os dois Super Mario Galaxy são clássicos do Wii que encheram os olhos de jogadores do mundo todo com seus efeitos de luz e dinâmicas gravitacionais. Considerando que a onda de Super Mario Odyssey já passou, Galaxy seria uma presença muito bem-vinda no atual console da Nintendo.



Além disso, o seu próprio visual apenas se beneficiaria de um hardware mais potente e conseguiria atingir seu verdadeiro esplendor com uma revisão gráfica. Embora exemplar, os modelos estouravam um pouco e ocasionalmente eram perceptíveis algumas arestas serrilhadas. Vale levar em conta que Galaxy — assim como a maioria dos games da lista aqui — já tem mais de uma década e, dessa vez, uma revisitá-lo

9 - The Legend of Zelda: Skyward Sword

O principal diferencial do Wii eram seus controles à base de movimento, sejam eles vistos como uma qualidade, sejam eles vistos como um defeito. The Legend of Zelda: Skyward Sword era um título completamente fundamentado nesses preceitos, para o bem e para o mal. A principal questão é que, na prática, o Switch não abdicaria dessa forma de jogar porque os controles podem ser completamente adaptados nos Joy-Con, caso o aparelho fique no dock. De quebra, uma eventual versão de Switch de Skyward Sword teria que, necessariamente, adaptar a jogabilidade para um modelo mais tradicional no intuito de torná-la compatível com o console em seu modo portátil.



Adicionalmente, um port mais fácil de se fazer é o de The Legend of Zelda: Twilight Princess. Ele não é tão exclusivo assim, visto que a versão original foi lançada tanto para Wii quanto para GC, além de uma versão HD para Wii U, mas, dessa vez, poderia utilizar novamente os controles de movimento, só para variar. 

8 - Fire Emblem: Radiant Dawn 

Apesar de Fire Emblem ser hoje uma das três principais franquias da Nintendo (quatro, se contar Pokémon que, na verdade, pertence à The Pokémon Company), é notável que ela passou por verdadeiros maus bocados antes do lançamento de Fire Emblem Awakening (3DS), chegando ao ponto de ser quase descontinuada. De fato, a pouca popularidade da série até então, principalmente no ocidente, acabou rendendo games de tiragem bastante limitada.



Levando isso em consideração, jogos mais antigos da franquia são extremamente raros e caros em um mercado de usados. Muitos desses são praticamente injogáveis para um público comum por estarem virtualmente presos a essas plataformas antigas e oferecidos a preços exorbitantes. Fire Emblem: Radiant Dawn é um belo exemplar desse fenômeno. Ele, junto de seu antecessor direto, Fire Emblem: Path of Radiance (GC), poderiam muito bem figurar em um remake ou remasterização de forma combinada. 

7– No More Heroes e No More Heroes 2: Desperate Struggle

No trailer cinematográfico de Travis Strikes Again: No More Heroes (Switch), o protagonista, Travis Touchdown, quebra a quarta parede ao constatar que já faz muito tempo desde sua última aparição e que “há uma nova geração de jogadores por aí”, sendo necessário se apresentar a ela. Considerando que No More Heroes III vem aí, seria interessante se houvesse um esforço para trazer os dois primeiros jogos ao Switch.



Uma remasterização em alta definição não seria novidade para o primeiro game da franquia, visto que o PlayStation 3 e o Xbox 360 (apenas no Japão) receberam um port chamado Heroes’ Paradise. O segundo título, contudo, a exemplo de vários outros nomes dessa nossa lista, ainda está confinado no Wii. Por fim, nota-se que, mais uma vez, os controles de movimento — que ajudaram a compor a personalidade da IP, a exemplo do movimento realizado para recarregar a Beam Katana — poderiam ser muito bem implementados novamente com os Joy-Con desatrelados a um aparelho dockado. 

6 – Final Fantasy Crystal Chronicles: My Life as a King/My Life as a Darklord (e alguns outros lançamentos do WiiWare)

Lembra-se do WiiWare? Pois é, o Wii Shop Channel chegou a ter uma categoria para jogos novos e exclusivamente digitais, mas a burocracia e as limitações envolvidas acabaram dificultando um pouco a vida do desenvolvedor, que não via tanta vantagem em produzir para a plataforma.
Um dos jogos que se tornaram ícones do serviço foi Final Fantasy Crystal Chronicles: My Life as a King/Darklord, um cativante spin-off inspirado por Animal Crossing que colocava o jogador no controle de um monarca no universo Crystal Chronicles. O título, ao lado de alguns outros — como a série Rebirth, da Konami, que englobava releituras de clássicos como Contra e Castlevania —, tornou-se uma espécie de tesouro perdido no tempo e nos consoles daqueles que tiveram a oportunidade de baixá-lo. 

5 – Red Steel 2

O primeiro Red Steel veio na primeira leva de lançamentos do Wii e, apesar de sua intenção em trazer um hack and slash visceral ao combinar a jogabilidade de uma arma de fogo com uma espada samurai, o game foi péssimo por ser pouco responsivo — o que é um defeito capital, visto que o jogo todo é baseado nisso.



Essas críticas não foram suficientes para descontinuar a franquia naquele momento: em 2010, Red Steel 2 chega ao mercado e, com o auxílio do Wii Motion Plus, conseguiu entregar absolutamente tudo o que o seu antecessor prometeu e não cumpriu. Trazendo uma ambientação em cel-shaded que mistura elementos orientais com os de velho oeste — exalando uma atmosfera que lembra vagamente à de Afro Samurai — o jogo é uma verdadeira pérola do Wii que até hoje segue restrita ao console. 

4 - Boom Blox

Engana-se quem pensa que os sensores de movimento morreram. Eles estão muito bem vivos no Switch, que os aproveita em games como Fitness Boxing, Arms e Ring Fit Adventure, além do Nintendo Labo. Apesar de não serem utilizados de maneira tão ostensiva quanto no passado, é notável que algumas ideias ainda podem ser resgatadas quando são suficientemente boas.



Boom Blox foi concebido por Steven Spielberg e era uma espécie de mescla de Jenga com boliche, já que a jogabilidade consiste em utilizar o Wii Remote para derrubar as estruturas da maneira como o jogo propõe. Considerando o aspecto multiplayer tantas vezes estimulado no Switch em que duas pessoas conseguem jogar com um único par de Joy-Con, Boom Blox teria bastante espaço caso decidisse retornar depois de mais de dez anos desde o lançamento do segundo título da IP, Boom Blox Bash Party.

3 - MadWorld

Assim que foi fundada, a PlatinumGames assinou um acordo com a Sega para a produção de cinco jogos diferentes. O exclusivo MadWorld (Wii) foi um deles e trouxe a ideia única de um game quase inteiramente monocromático — cujas únicas outras cores além do preto e do branco eram o amarelo (para certos efeitos visuais) e o vermelho (do sangue dos oponentes) — protagonizado pelo brucutu Jack Cayman em sua participação em um reality show mortal chamado DeathWatch.



Aqui, sem dúvidas, trata-se de um caso interessante porque a franquia se encontra exatamente no mesmo limbo em que Bayonetta já esteve até ser resgatada pela Nintendo. Dado o andar da carruagem, é seguro afirmar que a Sega não tem nenhum interesse na IP e o game ainda é completamente exclusivo no Wii. De quebra, caso um eventual port para o Switch ocorra, também seria aproveitável a sua sequência espiritual, Anarchy Reigns, que traz vários dos personagens do original e foi lançada para Xbox 360 e PlayStation 3 (ou seja, inédita em um console da Nintendo).

2 – Tatsunoko Vs. Capcom

Mais uma vez, um exclusivo preso no Wii. Mais uma vez, um exclusivo complicado. Enquanto a concorrência contava com toda a grife de Street Fighter IV (Multi) e Marvel Vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds (Multi), o Wii ficou muito confortável com o carismático Tatsunoko Vs. Capcom: Ultimate All-Stars, que colocava para brigar os principais personagens da empresa de animação contra os da empresa de games.



O título já teve certa dificuldade para chegar ao ocidente por conta da obscuridade de alguns personagens por estas bandas, mas ele foi muito bem recebido e é lembrado como exemplo até hoje. O que impede que Tatsunoko Vs. Capcom retorne para mais um round é, na verdade, a questão do licenciamento, que expirou em 2012, e, por lei, a Capcom não podia mais distribuí-lo para o público. Um caso, dentre vários, de um jogo praticamente impossível de se jogar hoje por meios simples. 

1 – Pandora’s Tower e The Last Story

O Operation Rainfall foi um projeto movido por fãs e tornou-se um exemplo até os dias atuais por ser uma das únicas petições da internet que teve algum resultado prático. A ação consistia em mostrar o interesse da comunidade pela localização de três RPGs japoneses exclusivos para o Wii e que, até então, não tinham sido lançados no ocidente. Um deles era Xenoblade Chronicles. Os outros dois eram Pandora’s Tower e The Last Story.

Xenoblade gozou de algum sucesso e se tornou uma espécie de clássico cult, num sentido de se tratar de produto cultuado com fervor pela própria comunidade de fãs, mas que não age de forma tão penetrante em uma esfera além de seu nicho. Ainda assim, ele já foi relançado para New 3DS, na eShop do Wii U e logo vai dar as caras no próprio Switch em uma edição definitiva.



Os dois outros, por sua vez, apesar de terem conseguido pisar em solo ocidental, não contaram com a mesma repercussão. Dessa forma, são mais dois jogos que se tornaram produtos de colecionador por conta de sua tiragem limitada em um console que já via seus últimos dias, uma vez que o sucessor já estava virando a esquina. Pandora’s Tower até chegou a ser disponibilizado na eShop do Wii U. The Last Story, por sua vez, que inclusive tem dedo do mestre Hironobu Sakaguchi e do maestro Nobuo Uematsu, ainda é só no Wii.  

Menção Honrosa – Dragon Quest X

Houve certa fanfarra quando Dragon Quest X foi anunciado em 2008, isso antes mesmo do lançamento de Dragon Quest IX no Nintendo DS. Na prática, ele é um dos mais singulares da franquia toda por se tratar de um MMORPG em meio a todas as outras experiências puramente single player. Outro fator que o torna especial é a questão de que ele nem de longe é exclusivo do Wii, visto que posteriormente foi adaptado no Wii U, 3DS, PlayStation 4, dispositivos móveis e — olha só — para o Switch.

Obviamente, isso o desclassifica como um “game que poderia vir para o Switch”, uma vez que ele já está no aparelho. A questão é que o décimo título numerado da série jamais deu as caras no ocidente de forma alguma — o que é curioso, já que, naquele momento, apesar de alguns períodos de incerteza em que a franquia ficou exclusiva apenas ao Japão, ela era consistentemente localizada desde Dragon Quest VII



Como DQX teve uma identificação bem forte com o Wii, ele figura aqui como uma menção honrosa pontual por sua possibilidade de finalmente se tornar acessível para os jogadores deste lado do globo. Em tempo: ele poderia vir acompanhado de Dragon Quest Swords: The Masked Queen and the Tower of Mirrors (Wii) como um extra.

Revisão: Vladimir Machado


É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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