Série Atelier: por onde começar?

Viu a série Atelier e se assustou com a quantidade de jogos? O Blast preparou um guia para você não se perder.

em 19/01/2020


Devo dizer que um dos maiores prazeres de 2019 foi poder conhecer a série Atelier, franquia de JRPGs com mais de 20 anos de história. Sei que ela tem uma boa base de fãs, mas acredito que muitos não se aventuram pela franquia não ter muito apelo no Brasil. Portanto resolvemos trazer ao Blast um rápido guia para aqueles que se interessarem pelas divertidas aventuras dos alquimistas.


Para tanto, recolhi minhas experiências com os jogos e também pedi a colaboração de outro redator do Blast, Ivanir Ignacchitti, para podermos dar o máximo de insumo para aqueles que quiserem se enveredar no melhor que a franquia tem a oferecer.

A série começou no PlayStation, sim o número 1, lá em 1997 e por muitos anos ficou restrita ao Japão. Muitos títulos ainda não viram suas versões traduzidas para o ocidente até hoje. Apenas em 2004 estreou no ocidente com Atelier Iris: Eternal Mana (PS2),e desde então vem ganhando mais e mais títulos cada vez melhores e divertidos.
Arte promocional de Atelier Marie: the Alchemist of Salburg (PS1), game que originou a série.
Os jogos centralizam no tema da alquimia, uma técnica que se aproxima de mágica no universo da série. Alquimistas são capazes de sintetizar qualquer coisa em seus caldeirões, desde remédios e alimentos, até materiais de construção e armamentos.

A mecânica básica do jogo é exploração dos cenários e ambientes para recolha de materiais diversos que serão utilizados para criar produtos que auxiliarão no desenvolvimento da história, seja para realizar missões, destruir obstáculos ou até mesmo como itens de batalha.

Enquanto isso somos embalados por uma série de eventos, já que Atelier é um RPG com uma história muito bem desenvolvida, uma trama principal que se divide em diversas sub-tramas que tornam a jogatina extensa e aprofundamento em boa parte dos personagens criados para cada título.
Arte conceitual de Atelier Ryza: Ever Darkness and the Secret Hideout (Switch)
Isso pois o jogo se parece com os animes e mangás slice-of-life, gênero que foca na vida cotidiana de seus personagens. Então, por horas, realmente parece que estamos em um anime interativo. E, por se basear numa vida comum, alguns dos títulos têm os dias contados no jogo, o que dá prazos para a realização de missões.

Mas até aqui tá tudo muito bonito, muito legal, mas por onde um jogador que nunca sequer ouviu falar desse Atelier deve começar a jogar? Bem, de trás para frente.

Mesmo se espelhando nos animes do estilo slice-of-life, os jogos não deixam de ser desafiadores. Nas últimas entradas da série a desenvolvedora focou em tornar a franquia mais acessível aos novatos, sem perder a complexidade e desafio dos primeiros títulos, por isso recomendamos os mais recentes. Vamos listar alguns que podem servir como porta de entrada para os curiosos e interessados pela série.

Atelier Ryza: Ever Darkness and the Secret Hideout (Switch)


Começamos pela filha mais nova, Atelier Ryza é o lançamento mais recente da série e é unânime enquanto um RPG de qualidade. O jogo foi sucesso de vendas no Japão, vendendo mais de 150 mil cópias em sua primeira semana de lançamento.

Esse título esbanja frescor e cuidado em sua produção. Além de ser muito bem trabalhado na estética e gráficos, o jogo teve tanto o processo de síntese como as batalhas remodeladas. O processo está mais intuitivo e dinâmico, sem contar que é um dos jogos mais receptivos da franquia.

E isso não se limita às explicações das mecânicas, mas tem uma história de uma personagem que descobre a alquimia desde seu princípio. Por mais que seja um tema relativamente repetido pela franquia - que se repete para poder recepcionar os jogadores em qualquer título - a história inteira se molda nessas e outras descobertas, até porque o jogo também é o início de um novo arco da franquia, o que abre ainda mais a porta para os jogadores não sentirem que pegaram o bonde andando.


Sem contar que, mesmo os cenários mudando o horário, não há mais missões com prazo para entrega, mecânica que tornava a jogatina um pouco mais desafiante, mas comprometia o aproveitamento do jogador que prefere um processo mais lento e minucioso ao experimentar o jogo.

Dentro de todas as opções é o mais indicado aos que querem se aventurar pela primeira vez na franquia. Para quem se interessar, tem a análise do game aqui no Blast.

Atelier Ayesha: the Alchemist of Dusk DX (Switch)


Esse jogo simboliza o Atelier Dusk Trilogy Deluxe Pack (Switch), que foi lançado para o Switch no dia 14 de janeiro. Escolhemos Atelier Ayesha por ser, assim como Atelier Ryza, um título que inicia um novo arco da franquia, na região de Dusk.

É interessante por não ter um caminho linear para seguir. O jogo dá uma amplitude de objetivos a serem feitos e o jogador poderá escolher quais caminhos seguir enquanto a grande missão de Ayesha, que é encontrar a sua irmã perdida, segue como foco principal do desenvolvimento da história.

Diferentemente de outros jogos, esse não possui um processo explicitamente linear, o que pode assustar alguns jogadores que se perdem fácil (eu sou um deles), mas saiba que não é difícil de se achar e as missões de Ayesha são apresentadas em um diário e o jogador poderá se guiar por ele para as missões mais focadas no objetivo central da trama.


O título possui a mecânica de tempo, mas nada para se assustar. Muitos dos desafios possuem prazos extensos e alguns até ilimitados, o que não vai comprometer a experiência do jogador. Mas é sempre bom buscar um bom manejamento do tempo, assim não será pego de surpresa em prazos menores.

A versão que chegou para o Switch possui agora um “modo rápido” que ajuda para aqueles que acharem o ritmo um tanto lento para seus gostos. Esse modo torna as batalhas menos lentas e é possível fazer Ayesha correr mais rápido, diminuindo o tempo de locomoção nas fases.

Além disso, o jogo vem em um pack com os três títulos do arco Dusk com um preço atraente, seja nos games soltos ou no pacote completo. Vale a pena dar uma olhada.

Atelier Rorona: the Alchemist of Arland DX (Switch)

Por Ivanir Ignacchitti


Atelier Rorona foi o primeiro título 3D da série e o segundo com o estilo tradicional da franquia a chegar ao Ocidente. Começando a quadrilogia Arland, o jogo conta a história da jovem Rorolina Frixell (cujo apelido é Rorona), uma garota bastante alegre que trabalha para a infame alquimista Astrid. No entanto, como Astrid raramente faz alguma coisa, o ateliê corre o risco de ser fechado e Rorona terá que trabalhar duro para manter o lugar funcionando.

Ao longo de um período de três anos, a jovem é forçada a cumprir 12 tarefas e, caso ela falhe em cumprir o mínimo necessário, o ateliê é fechado e o jogo acaba. Há também várias quests para aumentar a popularidade do local. De acordo com a avaliação do jogador nesses dois quesitos, é possível alcançar finais diferentes. O relacionamento da garota com os outros personagens que podem fazer parte da equipe nas expedições também influencia nesse quesito.

Para poder cumprir os objetivos do jogo, tempo é um recurso muito valioso. Por um lado, é importante gastar tempo para explorar as dungeons, onde é possível coletar materiais e lutar contra monstros. Por outro, sintetizar itens através de alquimia também consome tempo de acordo com quantidade e nível de dificuldade da receita. Saber equilibrar entre esses dois aspectos é fundamental e a base não só desse jogo como da série de forma geral.


Como o primeiro da subsérie Arland, ele apresenta alguns personagens que poderão ser vistos novamente em Atelier Totori DX e Atelier Meruru DX. O tom slice-of-life com situações simples e fofas também é bastante adequado para se acostumar com a série. Inclusive, Rorona é tão obcecada por tortas que o jogo tem até mesmo um final especial para o jogador que se dedicar à criação de todos os itens desse tipo. 

Em comparação com a versão original do jogo, DX também apresenta uma série de melhorias (já presentes na versão Atelier Rorona Plus). Além de ter sido refeito graficamente, o sistema de batalha agora é mais detalhado, as quests de personagens são oferecidas no balcão da Esty junto com as dos cidadãos comuns, há novos personagens jogáveis como Astrid, é possível jogar 1 ano livre após o fim do jogo, há novos finais (e é possível escolher o final quando múltiplos requisitos são cumpridos), etc.

Hora do spin-off

Para finalizar, quis trazer o jogo que foi a minha porta de entrada para os jogos da série: Nelke & the Legendary Alchemists: Ateliers of the New World (Switch). Sim, o título é gigante, mas é um jogo extremamente divertido que foge um pouco do estilo de RPG que a série é consolidada.


Nelke é um título de simulador de cidades, que lembra um pouco jogos como SimCity, mas ambientado no universo de Atelier. Nele devemos desenvolver uma cidade provinciana até a mesma se tornar uma metrópole influente econômica e socialmente.

O jogo vem de uma mecânica que existia em Atelier Annie: Alchemists of Sera Island (NDS), mas de forma secundária, no qual o jogador devia construir espaços como áreas de plantação, estabelecimentos comerciais e ateliers para que os alquimistas criem produtos que possam ser revendidos na cidade.

Para tanto será preciso delegar os cidadãos que vão morar na região e sabe quem são eles? Os protagonistas de todos os jogos da série até então! O game é um grande crossover da própria franquia, o que serve como um bom título para que o jogador conheça, mesmo que em menor intensidade, as outras personagens que estampam os títulos da série.


Foi jogando Nelke que pude ver o grande apelo para portáteis que essa série tem, pois mesmo jogando-o com o Switch na TV, o modo portátil era o mais prazeroso para aproveitamento. Não me leve a mal, jogar Atelier Ryza e todos os outros é um deleite na televisão, mas nem por isso o modo portátil deixa de ser interessante e de uso muito fluido. Aconselho a tentativa.

Apesar de toda essa explicação e a rasgação de seda, devo pontuar que não ter versão para o português, mesmo que fosse de Portugal, complica bastante o acesso ao título. Como eu disse anteriormente, a franquia é guiada pela história e mesmo com todas as mecânicas intuitivas, a falta do texto - nem estou contemplando a dublagem - complica para que jogadores que não falam um segundo idioma apreciem a série.


De qualquer forma, ainda é uma série muito divertida que merece mais atenção do público, e esperamos que esse texto tenha ajudado para que você se interesse um pouco mais pelos games aqui apresentados e, quem sabe, não jogue algum deles no futuro?

Você conhece ou já jogou algum título da série? Comente aqui embaixo as suas impressões.

Particiapação especial: Ivanir Ignacchitti
Revisão: André Carvalho
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Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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