As paródias sanguinárias da PETA dos jogos da Nintendo

Organização não-governamental em defesa dos animais produziu diversos games que fazem paródias de famosos clássicos da Nintendo.

em 12/01/2020



A PETA é uma organização não-governamental - a famosa ONG - que luta pelos direitos dos animais desde 1980. Seu nome é um acrônimo para People for the Ethical Treatment of Animals, ou Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais.
 
O propósito da organização é cuidar e proteger animais que estão no centro de crueldades e explorações realizadas por seres humanos, seja em laboratórios, na indústria alimentícia, da moda, entretenimento e até mesmo em âmbito doméstico.


A organização, como uma forma didática de apresentar alguns dados e situações reais de exploração e tortura dos animais, criou paródias de videogames populares para chamar a atenção dos jogadores para a causa. A questão é que as paródias não são nada sutis em apresentar o ponto de vista da PETA.

Para tanto, utilizam clássicos da Nintendo como Pokémon, Super Mario e até mesmo Cooking Mama, que não chega a ser uma série oficial da Big N, mas faz parte do time de exclusivos. Além disso, a série possui um histórico com a organização, pois os games receberam duras críticas pela falta de variedade de receitas vegetarianas, tanto que o próximo título da série, Cooking Mama: Cookstar (Switch), terá um modo exclusivo para receitas sem carne, que foi amplamente reconhecido pelo PETA.

As paródias da PETA são, em sua maioria, versões mais simples e diretas de suas versões de origem, imitam as mecânicas dos jogos e apresentam tudo de forma bem sanguinária, além de apresentarem dados da crueldade com os animais durante o jogo, isso tudo para gerar sentimentos de revolta e compaixão, buscando aliados para a causa.

Cooking Mama: Mama Kills Animals

Já que estávamos falando de Cooking Mama, por que não começar com a paródia dela? Agora nós iremos preparar o prato mais querido dos americanos na época das festas: o peru. Diferentemente do Brasil, o peru é consumido no feriado de Thanksgiving, ou Dia de Ação de Graças, bastante comum na América do Norte.

Jogamos assim como nos jogos da franquia - o cursor imita os comandos da stylus no processo de preparação da receita. Aqui teremos de depenar um peru, arrancar-lhe fora as tripas, preparar o recheio e o molho e, por fim, assá-lo.

Entre uma preparação e outra somos apresentados a dados como “perus são alimentados com hormônios tão fortes que acabam crescendo rápido demais, a ponto de suas pernas não aguentarem seu próprio peso” ou “perus são escaldados em água fervente ainda vivos para remover suas penas”.

Sempre que o jogador faz uma preparação corretamente, Mama diz “Even meanier than Mama” (Até mais malvado que a Mama), paródia da famosa frase “Even better than Mama” (Até melhor do que a Mama).

Ao final do jogo, desbloqueamos um novo modo no qual a Mama descobre a crueldade que é feita com os perus e todos os outros animais, e decide não se alimentar mais de carne. Agora precisamos preparar um assado de tofu para as comemorações do feriado. Essa parte serve como gancho para as diversas receitas vegetarianas e veganas disponíveis no site da PETA, além de ser uma premonição do modo vegetariano da nova entrada na série Cooking Mama.

Para aqueles que se interessaram no game, podem jogar clicando aqui: Mama Kills Animals

Mario Kills Tanookis

Sem dúvidas, uma das mais divertidas de todas as paródias já feitas pela PETA (apenas no sentido da jogabilidade, que fique claro). Mario Kills Tanookis faz conexão com Super Mario Bros. 3 (SNES) e Super Mario 3D World (3DS), games nos quais Mario tem o poder de vestir-se de tanuki, ou cão guaxinim e ganha a habilidade de voar e flutuar no jogo.

A paródia busca trazer a atenção dos jogadores ao fato de que Mario está vestindo a pele de um tanuki, animais caçados e brutalmente mortos para que suas peles sejam comercializadas. Ao colocar o mascote da Nintendo utilizando-as, a PETA alega que estão naturalizando a crueldade com os bichinhos.

No site onde podemos acessar o jogo tem um vídeo mostrando os tanukis levando golpes em suas cabeças para ficarem atordoados e serem escalpelados vivos. É possível ver um dos animais piscando, com o rosto ensanguentado, com os ossos do crânio à mostra, uma imagem nada prazerosa.

O jogo tem uma pegada arcade, no qual um tanuki sem sua pele corre atrás de um Mario que flutua utilizando a sua pele pingando sangue. Se comparado com os demais, é um jogo de plataforma arcade divertido, mas que enjoa rapidamente. Os obstáculos são gerados automaticamente, mas em poucas tentativas o jogador terá familiaridade com todos.

Se você se interessou, é possível jogar esse game aqui:Mario Kills Tanooki

Pokémon: Black and Blue, Gotta Free’em All

Paródia de Pokémon Black & White (NDS), o jogo traz à tona o uso de animais para produção de comida, e também para produção de medicamentos, roupas, cosméticos e até mesmo para o entretenimento pessoal, como os criadores de cães de raça. Sem contar a mudança de título para Gotta Free’em all (temos que libertar todos) ao invés de Gotta catch’em all (temos que pegar todos).

Nesse jogo, na região de Unova, um Pikachu todo machucado e liberto salva um Tepig, o inicial de fogo, de seu treinador nada amistoso, que pensa que o usa com muito amor e carinho, mas tem uma visão distorcida por se pensar dono de um ser que não tem vontade própria nem sentimentos. Ao vencermos, é possível assistir a um vídeo curto que mostra diversos animais em péssimas condições nas diversas fábricas e laboratórios.

O Tepig está com as orelhas cortadas. Podemos pensar isso como as várias intervenções cosméticas feitas em animais domésticos, como cortar e levantar as orelhas de determinadas espécies, ou mesmo cortar-lhes os rabos e até mesmo a criação em massa de filhotes, visando o lucro embora negligencie o bem-estar da mãe.

Depois encontramos a professora Juniper, que está toda ensanguentada e sorri igual a uma maníaca: ela representa todos os cientistas que usam animais em experimentos para testes de cosméticos, medicamentos, e até experiências que, se fossem feitas com seres humanos, seriam consideradas como violação da ética no meio científico, como clonar um ser vivo por exemplo. Depois de derrotá-la, Snivy é liberada: o Pokémon está com uma injeção presa à sua cabeça e uma etiqueta em sua causa, reduzindo-a a um número.


A seguir encontramos Ghetsis, o chefe comandante do Team Plasma - que tem um papel bem diferente nesta paródia. Ele está vestindo diversas peles de Pokémon, lembrando a famosa vilã Cruela De Vil (ou Cruela Cruel, como preferir) do livro e animação clássica 101 Dálmatas (1961), da Disney. O vilão diz abertamente que quer usar as peles e carnes dos Pokémon para seu ganho pessoal, além de fazer alusões ao game original, com comentários satíricos.

Por fim, Oshawott é libertado. Ele está completamente sem pelos, já que foram podados para produção de roupas. Depois de libertado, encontramos o inimigo final, que é ninguém mais ninguém menos que Ash: o protagonista da série homônima e antigo mestre do Pikachu líder da revolução.

Ash é representado como um maníaco focado em usar os Pokémon como meio de entretenimento, independentemente do quão prejudicial isso seja aos seres e também como isso distorça a visão da crianças quanto ao trato com os animais. Quando é vencido, Ash se questiona como poderia fazer dinheiro, mesmo não se apropriando dos corpos dos Pokémon e o fim é ele criando uma versão do PETA para os Pokémon. Também conhecemos o Team Plasma, que, nesta versão, luta pelos direitos e liberdade dos Pokémon.


O jogo tem ares bastante maniqueístas e imita a linguagem do jogo para deixar a mensagem bem clara; a crítica contra o uso de animais para gerar lucro e entretenimento para as pessoas, além de piadas com a série Pokémon que, segundo eles, apenas faz vários jogos iguais há duas décadas.

Enquanto jogatina, só podemos participar das batalhas, que misturam ataques reais da série com dois ataques que associam-se às práticas da organização, como petições, protestos e por aí vai.

Caso você tenha se interessado, poderá jogar o game aqui mesmo: Pokémon Black and Blue

Pokémon Red, White and Blue


Bastante similar ao jogo anterior (como os próprios comentários satíricos diziam), mas desta vez focado numa outra temática. Agora o Pikachu revolucionário vai para o “mundo real” para salvar a todos de uma grande rede que não somente mata animais para produzir diversos alimentos, mas se apropria da imagem dos Pokémon para lucrar ainda mais. Estamos falando do McDonald’s.

O jogo também põe em xeque se a série Pokémon vem sendo parte da falta de empatia para com os animais, já que os Pokémon são, em sua grande maioria, inspirados nos animais e, nos jogos, são postos para duelar até desmaiarem, como galos que são postos para brigarem.

Tudo começa com um Miltank lutando contra um homem estranho, cujo visual lembra muito o Papa Burger, personagem do folclore do McDonald’s - aqui ele é apresentado bem magro e coberto de sangue. Quando derrotado, ele comenta que o pensamento geral é de que os animais são seres menores e que podem ser usados como bem quisermos, além de que a série Pokémon corrobora para esse pensamento.

Depois de vencido, o homem desaparece num portal, deixando cair um cofre que leva a um vídeo de 60 segundos, mostrando o dia-a-dia de diversas fábricas de produtos alimentícios à base de carne. Nele podemos ver trabalhadores batendo, cortando e matando animais de diversas formas possíveis.


Depois de ver o vídeo, os Pokémon entram no portal com o objetivo de destruírem a corporação que participa ativamente dos maus tratos aos animais, como mostrado no vídeo. Agora no mundo real, eles encontram um cliente do McDonald’s, representado por um homem gordo e que faz piadas sobre as causas defendidas pelo Pikachu.

Quando derrotado, seu Pokémon favorito, Jigglypuff, foge dele e comenta que estava há dias sem comer. Eles encontram protestantes da PETA, que indicam onde fica o matadouro do McDonald’s. Lá eles encontram funcionários do matadouro, que lembram bastante dois funcionários da Equipe Rocket, Jessie e James, apenas uma versão bem assustadora.

Como último aliado, eles salvam Grimace - o monstro roxo que também é personagem da esquecida turma do Ronald McDonald - que diz ter sido uma das formas da empresa atrair crianças para comer nos restaurantes. O que faz alusão à propaganda infantil e também ao motivo dos brinquedos do McLanche Feliz ser vendidos à parte dos lanches.

Por fim, os bravos Pokémon (e Grimace) lutam contra Ronald McDonald, o palhaço que um dia foi o mascote da empresa. O palhaço (assassino) comenta que aliou a imagem dos Pokémon para garantir a venda de diversos hambúrgueres de carne, peixe e os nuggets, garantindo um lucro de milhões.


Assim que é derrotado, descobrimos que, por trás da máscara do palhaço, há o CEO do McDonald’s que usa de todos os artifícios possíveis para gerar lucro para sua empresa. Depois de derrubarem a megacorporação, os Pokémon discutem qual a melhor forma de espalhar a palavra da PETA e comentam da internet e suas redes sociais, que têm um enorme alcance de pessoas.

O jogo está disponível para jogar aqui: Pokémon Red White and Blue

Super Chick Sisters


Esse nome é bem familiar, não? Sim, é a paródia de Super Mario Bros. (NES). Na verdade, esse é o primeiro jogo que a PETA fez. Esse daqui é menos sanguinário do que os outros, está mais próximo de uma versão retrabalhada da fonte original do que uma paródia ativista per se, como os anteriores.

Nessa história, Pamela Anderson (sim, a atriz estadunidense) está em um noticiário para divulgar sua descoberta das crueldades que o KFC - sim, a rede de fast-foods de frango frito - faz com galinhas e pintinhos em seus matadouros. Assim que Pamela ia abrir a boca para divulgar o que descobriu, a tela sai do ar e descobrimos que ela foi raptada. Agora só restaria para Mario e Luigi a opção de salvá-la.

A questão é que os dois jogaram muito o Wii e ficaram com dor nos braços, não podendo sair para salvar a donzela indefesa. Resta para as Chick Sisters (Irmãs Galinhas, literalmente), Chickette e Nugget, salvarem Pamela Anderson das garras do Coronel Sanders, o fundador do KFC.

O jogo tem 5 mapas e é bem similar a todos os títulos 2D do Mario. Você corre, pula, quebra blocos de tijolos ou esmaga os inimigos - aqui os Goombas foram trocados por máquinas com a cabeça do Coronel Sanders. A “moeda” do game são pequenos pintinhos que são libertados quando coletados e é possível encontrar itens que tornam as personagens maiores, podendo receber um ataque de dano, e vidas extras.


A parte mais legal é a sub-trama que rola com Mario enquanto as Chick Sisters estão progredindo em sua viagem. É deveras engraçado vê-lo se atrapalhando todo com o braço enfaixado e até mesmo sendo punido pela PETA, que protesta contra os maus-tratos que ele causa aos Koopa Troopas e com o Yoshi, que se filiou à organização.

Num geral é um jogo bem simples e com pouca variedade. Assim como o Mario Kills Tanookis, sabemos que o propósito aqui não é ser a paródia mais divertida do mundo, mas investir nisso pode ajudar a mais pessoas se alinharem à causa, não?

Durante a jogatina, diversos personagens irão comentar atrocidades que o KFC pratica com os animais em suas fábricas, como cortar os bicos das galinhas à sangue-frio, para que elas não biquem as outras quando estão estressadas em suas gaiolas minúsculas ou o fato de que elas também são escaldadas vivas para que suas penas sejam removidas facilmente.


Assim que você salvar Pamela Anderson, o game é finalizado com a esperança de que as pessoas boicotem a rede até a mesma oferecer melhores tratamentos para os animais que são o carro-chefe da empresa. Além disso, você poderá jogar com a própria Pam Anderson.

Como esse jogo é mais elaborado que os anteriores, é preciso baixá-lo e instalá-lo em seu computador, o link é esse: Super Chick Sisters

New Super Chick Sisters


E você pensou que acabou? Que nada, ainda tem a paródia de New Super Mario Bros (NDS), que seja a mesma fórmula do game anterior, mas agora com um novo alvo: os produtos com carne de ave do McDonald’s. Sim, o restaurante favorito da PETA está de volta.

Desta vez, a Princesa Pamela Anderson é capturada enquanto estava inaugurando seu restaurante vegetariano pelo Ronald McDonald. O palhaço vilão a queria pois ela será uma boa personagem para atrair as crianças para seus restaurantes. Agora resta à Nugget e Chickette, as Chick Sisters, salvarem o dia.

O jogo é bem similar ao anterior, mas traz algumas novidades interessantes à gameplay; como um ataque para baixo, que abriu portas para mecânicas de cenário muito boas, até mesmo a da gravidade reversa, inaugurada em Super Mario Galaxy (Wii). Além disso há também um power-up de peixe-gato, no qual as avezinhas conseguem nadar melhor nos cenários de água.

A participação de Mario e Luigi ficou ainda mais hilária nesse jogo, agora Mario é retratado como um personagem ocupado demais para conseguir salvar a dama indefesa, sem contar as indiretas às infinidades de jogos e acessórios do bigodudo. A participação dele traz uma boa adição à jogatina.

Por fim, depois de passarmos por cinco fases bem mais trabalhadas do que as últimas e ouvirmos diversos fatos da negligência do McDonald’s para com o bem-estar das galinhas que se tornam pratos do restaurante, vencemos o inimigo e salvamos a Princesa Pamela Anderson novamente.


O game reforça a ideia de que essas empresas podem seguir com seus produtos feitos à base de carne, mas com métodos menos cruéis e até mesmo mais seguros tanto para os animais como para os trabalhadores.

Caso você tenha se interessado, o link para acessar o jogo está fora do ar. Mas ainda é possível acessar outros jogos em: PETA Games

Num geral, devo dizer que os jogos têm um trabalho bem feito, principalmente com a música, muitas trilhas sonoras emulam bem a sensação dos títulos da Nintendo sem copiarem as melodias originais.

E acredito que a mensagem é bem passada durante a jogatina, o propósito desses jogos é educar mais do que divertir, mas até conseguem fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Talvez não da forma como estamos acostumados com games didáticos, mas ainda assim efetivos.

Revisão: Ícaro Sousa
Fontes: PETA, NintendoLife, BBC

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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