Análise: THOTH (Switch) esbanja charme e bom game design

Mesmo sendo breve e minimalista, esse twin-stick shooter proporciona jogatinas divertidíssimas e cheias de desafio.

em 16/01/2020

É muito comum no cenário indie o lançamento de jogos simples e curtos, normalmente com um pequeno diferencial dentro do gênero em que o jogo se encaixa. Em quase todos os casos, esse diferencial é irrelevante ou simplesmente não justifica a compra do título, uma vez que há uma similaridade muito grande entre ele e outros do mesmo gênero.


Em casos especiais, para um excelente game designer, basta uma perspectiva diferente e uma boa execução: esse é o caso de THOTH.

Um twin-stick shooter minimalista

Em suma, THOTH é justamente esse subtítulo: um jogo breve, dividido em fases curtas, em que o jogador deve navegar pelo espaço bidimensional atirando em formas geométricas, com controles bem simples. Para os raros fãs do gênero, essa proposta já pode ser o suficiente para justificar o contato com THOTH, mas há muito mais do que isso.

Para começar, é importante dizer que os 64 níveis seguem a mesma lógica fundamental: o jogador deve desviar dos inimigos, projéteis e armadilhas, enquanto atira e elimina todos os inimigos. Porém, algo que chama a atenção logo de início é que “matar” um inimigo não significa que você não precisará se preocupar com ele; muito pelo contrário. Ao fazer isso, ele perde a sua cor, torna-se “vazio”, e começa a perseguir o jogador com uma física diferente, meio tridimensional e instável.


Isso garante que durante todo o tempo você precise estar atento a tudo, e a navegação do personagem pela tela deve ser extremamente precisa e calculada, principalmente nos níveis mais difíceis. O mais interessante é que essa mecânica se mantém presente por todo o jogo, mas se complexifica graças às pequenas adições que são feitas periodicamente, como quando há duas bolinhas na fase e, sempre que o jogador elimina um inimigo, ele troca de lugar com a outra esfera.

É muito visível o excelente game design de Jeppe Carlsen com essa proposta: mesmo com regras e mecânicas simples e limitadas, ele desenvolve cada nível com um objetivo diferente que exige do jogador um grande domínio mecânico e estratégico. Nesse sentido, a disposição inicial dos inimigos, quantidade de inimigos, armadilhas, paredes, etc., são cruciais para que cada fase seja realmente diferente e, obviamente, divertida.


Frustração e desafio

Para você salvar o seu progresso é necessário passar por 4 níveis e, então, seu último checkpoint se atualiza. Naturalmente, isso faz com que seja muito comum repetir níveis e, dependendo da sua experiência com o gênero / dificuldade natural dos desafios apresentados pelo jogo, a frustração pode começar a aparecer. Naturalmente, junto dela também surge a vontade de sobrepor esse sentimento negativo com o doce sabor da vitória.

A chegada de THOTH ao Switch é excelente, uma vez que essa brevidade pode ser muito bem aproveitada durante uma viagem, ou em curtas jogatinas esporadicamente ao longo da semana. Os controles são muito precisos e a física é muito responsiva, o que é crucial pois faz com que o jogo seja difícil, mas justo.



Para fãs do gênero ou não, recomendo muito esse joguinho charmoso. É evidente que existem defeitos inerentes a ele, como a brevidade, simplicidade dos gráficos, mas, ainda assim, THOTH cumpre tudo aquilo que ele se propõe a fazer: e isso é o que importa!

Prós 

  • Desafios mecânicos e de puzzle muito interessantes;
  • Gameplay responsivo e fluido.

Contras

  • Brevidade.
THOTH — Switch/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch 
Análise produzida com cópia digital cedida pela Carlsen Games

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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