Stunt Race FX (SNES): os carros poligonais da Nintendo que se perderam no passado

Outro projeto que só foi possível graças a tecnologia do chip Super FX, game não repetiu o sucesso de Star Fox.

em 05/11/2019


Os assinantes do serviço online do Switch agora têm à disposição uma biblioteca recheada de títulos originalmente lançados para o SNES. É a oportunidade de conhecer ou revisitar alguns dos clássicos que foram responsáveis pelo imenso sucesso da plataforma de 16-bits da Big N. Para melhorar ainda mais sua experiência com esses games, o Nintendo Blast está preparando uma série de matérias com detalhes e curiosidades sobre cada um dos jogos presentes no catálogo. Hoje é o dia de falarmos de Stunt Race FX.


Quando lembramos do famoso chip Super FX, o jogo que costuma vir à mente instantaneamente é Star Fox. Não à toa, a aventura espacial protagonizada pelo quarteto animal foi o projeto que conquistou o maior sucesso e tem novos lançamentos até os dias de hoje. Porém, a batalha entre Fox McCloud e Andross é apenas o primeiro game a aproveitar a inovadora tecnologia. Depois dele, outros títulos do SNES também tiveram seus modelos poligonais graças ao chip e um dos que mais se destaca é Stunt Race FX.

Produzido pela própria Big N, com apoio da Argonaut — que colaborou ativamente no desenvolvimento do Super FX —, o jogo era bastante aguardado no início da década de 1990. Os veículos com olhos que disputam corridas tridimensionais apareciam frequentemente nas revistas da época. Depois que chegou às lojas, apesar de ter vendido mais de 1 milhão de cópias, ele dividiu as opiniões. Entre os críticos, alguns condenaram os controles imprecisos, enquanto outros elogiaram o visual inovador.
Propaganda na edição de novembro de 1994 da revista Super Game Power

Hora de acelerar

Stunt Race FX traz corridas mais “tranquilas” se comparadas com as de Super Mario Kart ou F-ZERO, outros títulos do mesmo gênero que fizeram sucesso no Super Nintendo. Apesar de serem um tanto quanto lentos, os veículos têm direção realmente complicada e pode demorar algumas voltas até que o jogador se acostume com a maneira correta de realizar as curvas. As disputas contam ainda com uma pitada de realismo, com os carros sofrendo dano ao colidirem com os demais concorrentes ou obstáculos pelas pistas.

Inicialmente, é possível escolher entre três máquinas, sendo que elas não têm somente visuais únicos, mas também se diferenciam pelos seus atributos. A primeira é o F-Type, semelhante aos carros de Fórmula 1 e que conta com aceleração e velocidade altas, porém é o que tem a menor capacidade de sofrer danos. O COUP tem as características mais equilibradas do game, com desempenho estável e direção firme. Por fim, o 4WD é um pesado caminhão monstro com os melhores resultados de aderência.

Com o passar do tempo, é possível desbloquear o 2WD, que só tem duas rodas e é extremamente difícil de ser controlado. Porém, o motorista capaz de domá-lo será praticamente invencível. Outro carro especial, mas que só pode ser usado em um único modo de jogo, é o TRAILER — bastante complicado para conduzir, mas que não sofre danos independentemente de qualquer batida.
F-Type era o carro-chefe do game

Curiosidades rápidas

A Nintendo apostava bastante no sucesso de Stunt Race FX, ao ponto de fechar parceria com a Mattel e a Kellogg's para promover o lançamento nos Estados Unidos. Quem enviasse duas caixas vazias do cereal matinal Apple Jacks para o endereço da promoção, receberia gratuitamente uma miniatura do F-Type. O brinquedo, na verdade, era apenas uma pintura diferente do modelo Shock Factor, da Hot Wheels. Atualmente, ele é bastante raro, principalmente, se estiver na embalagem original.

Apesar de os personagens terem ficado somente no jogo do SNES, eles não foram completamente esquecidos pela Big N. No recente Super Smash Bros. Ultimate, por exemplo, F-Type e TRAILER estão na lista de Spirits. Ambos os veículos também fazem parte da relação de stickers de Super Smash Bros. Brawl, mas com a informação que pertencem ao jogo Wild Trax — nome japonês de Stunt Race FX. O game de luta do Wii também teria uma música remixada vinda diretamente das corridas poligonais, porém a trilha acabou sendo retirada.

Além do chip Super FX, há outras relações entre Star Fox e Stunt Race FX. Em algumas das pistas, é possível ver as Arwings de Fox e companhia realizando shows aéreos pelos céus. Além disso, a raposa espacial estampa algumas propagandas nos outdoors de diversas corridas. Assim como o líder do grupo mercenário, Mario e Kirby são outros ícones que aparecem nas grandes placas.
O brinquedo promocional

Sequência?

Na E3 de 1997, foi apresentado Buggie Boogie para Nintendo 64. Desenvolvido pela Angel Studios (atual Rockstar San Diego), o jogo consistia em uma espécie de batalhas entre veículos, em que um carro absorveria o outro para assimilar seus poderes e conseguir evoluir. Entretanto, Shigeru Miyamoto avaliou o trabalho e não o considerou divertido, dando um prazo de alguns meses para a equipe torná-lo mais interessante.

Então, o visual dos tanques de guerra e veículos equipados com artilharia pesada foi substituído por algo mais cartunesco. Os cenários se tornaram coloridos e os carros ganharam expressões faciais em seus capôs. Mas, mesmo assim, Miyamoto insistiu que não estava suficientemente bom e o projeto acabou cancelado. Como as máquinas ganharam rostos, acabou se popularizando a lenda que Buggy Boogie seria uma sequência de Stunt Race FX.

Entretanto, não é bem assim e a comprovação de que são dois games sem relação alguma está nas revistas da época que falaram sobre o jogo da Angel Studios. Em absolutamente nenhuma publicação há referências de que Buggy Boogie fosse algum tipo de continuação do título do SNES.
Carro de Buggy Boogie depois das alterações da equipe de desenvolvimento

Algumas publicações sobre Buggy Boogie...
... e nada de Stunt Race FX 2

Redescobrindo o passado

Apesar de ter sido eleito o melhor jogo de corrida de 1994 para SNES, Stunt Race FX acabou caindo no esquecimento. É incomum encontrá-lo nas inúmeras listas espalhadas pela internet de games imperdíveis da plataforma. Até causou surpresa sua inclusão no Nintendo Switch Online — sendo essa a primeira vez que o jogo é lançado para um console que não seja o seu original. Hoje, está extremamente datado, com gráficos que cansam a visão e jogabilidade pesada, mas não deixa de ser um importante capítulo dos 16-bits que muitos terão a oportunidade de conhecer somente agora.

Confira, logo abaixo, outras matérias dos jogos que integram o catálogo do Super Nintendo no Switch Online.

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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