O que aconteceu com os amiibo?

Desde que foram lançados, em 2014, os amiibo passaram de promessa a itens de luxo. Ainda vale a pena investir neles?

em 26/11/2019

Na E3 de 2014 a Nintendo anunciou oficialmente os amiibo. Na época existiam outras opções de brinquedos que eram utilizados em associação com jogos de videogame, como Skylanders e Disney Infinity. Considerando que essas opções não existem mais, e lembrando que ainda temos anúncios de novos amiibo, poderíamos supor de imediato que o investimento da Big N rendeu boas experiências para os jogadores. No entanto, não é bem assim.

Uma promessa que não se cumpriu

Os amiibo, desde a sua concepção, foram apresentados como a possibilidade de integrações que aumentariam a imersão dos jogadores. As plataformas da época, Wii U e 3DS, teriam suporte à novidade, e muitos jogos, inclusive third parties, utilizariam a tecnologia para inserir elementos novos de gameplay. Foi impressionante, por exemplo, ver na época um trailer da Ubisoft apresentando um nível de integração que nunca conseguimos encontrar na prática.



Isso não quer dizer que não existiram boas experiências. Mas o fato é que as maioria das integrações foram feitas pela própria Nintendo e, ainda assim, em boa parte dos casos, elas se limitavam a dar itens ou elementos extras durante as partidas. Algo que, inevitavelmente, se mostrou supérfluo e desnecessário.

Contudo, isso não significa dizer que os brinquedos foram um fracasso. Pelo contrário. Como disse anteriormente, enquanto os concorrentes deixaram de existir, os itens de colecionador da empresa japonesa continuam vendendo justamente porque são… isso mesmo, itens de colecionador.

Pra ficar na estante

É inegável. Muitos amiibo são realmente magistrais. Mas, se você lembrar que está pagando mais caro para levar consigo a tecnologia de NFC — tecnologia essa que se encontra nos mais recentes consoles da Nintendo, incluindo aí os controles do Switch — você vai perceber que está gastando dinheiro pelos motivos errados.

Os amiibo ainda vendem porque são bonitos, bem acabados e porque ficam muito bem na estante de qualquer colecionador. Aliás, eles já se mostram um ótimo investimento, com alguns mais raros custando pequenas fortunas. No entanto, é importante lembrar que eles não são, ou não deveriam ser, action figures como quaisquer outros, mais sim itens conectados aos jogos. E é por isso que é desanimador ver a Nintendo abandonando não os amiibo, mas a funcionalidade original deles.

Se considerarmos os principais lançamentos da empresa neste ano de 2019, vemos que The Legend of Zelda: Link’s Awakening possui suporte limitado à tecnologia (são utilizados apenas no criador de dungeons) enquanto Super Mario Maker 2, Luigi’s Mansion 3 e Pokémon Sword/Shield não possuem suporte algum. No site oficial o último jogo mencionado com funções específicas para os brinquedos é Super Smash Bros. Ultimate (2018), mas na lista completa temos 16 deles já lançados em 2019 (tomando como referência a data de publicação desse texto), quatro ainda por lançar e um já confirmado para o ano que vem. Portanto, parece ser bem o caso que mencionei anteriormente: não temos mais amiibo, apenas action figures.

A sensação que fica é de que a Nintendo perdeu a oportunidade de insistir nessa tecnologia como um elemento genuíno de inovação. Levando em conta o fato de que suas franquias tem o carisma necessário para continuar vendendo esses brinquedos mesmo sem os seus recursos únicos, o quanto ela não poderia fazer se investisse no uso do NFC em seus principais jogos? De uma forma ou de outra, parece que a situação já está estabelecida, esperando apenas o desfecho final: a interrupção da produção. E quem realmente se importa com isso? Os colecionadores. Afinal, se os amiibo ainda são produzidos é apenas para eles.
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Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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