Análise: Etherborn (Switch) mistura puzzle e gravidade com alto desafio de perspectiva

Apesar de ser uma experiência curta, o título da Altered Matter faz o jogador quebrar a cabeça para explorar os cenários e encontrar o caminho correto.

em 05/11/2019


“Duvide. Destrua. Contemple. Cale-se. Construa. Escute, enfim, o que sempre existiu e nunca esteve lá, e procure até o último suspiro o caminho impossível.” É assim que somos introduzidos a Etherborn, um criativo jogo de puzzle disponível na eShop do Nintendo Switch em que a exploração dos cenários é a chave para seguir em frente.

No controle de uma silhueta transparente de um ser humano sem voz, apenas com o sistema nervoso visível, o jogador é instigado a explorar um mundo surreal. Tudo o que o protagonista pode fazer é correr e pular desafiando a gravidade. Mas, mais do que isso, o jogo exige uma habilidade peculiar para superar as fases: a perspectiva.

“Numa outra dimensão, não tinha teto nem chão”

Em termos de jogabilidade, Etherborn traz bastante semelhanças com Super Mario Galaxy (Wii) e Monument Valley (Mobile). O protagonista pode andar pelas paredes e até de cabeça para baixo desde que os caminhos estejam conectados. Há abismos e gravidade, mas o que define se você vai ou não cair é o ângulo. Se as beiras do cenário não forem curvadas, a queda para a morte é certa. Felizmente há a presença de checkpoints para explorar e realizar diversas tentativas.


O jogador acessa os diferentes mundos de Etherborn através de uma árvore gigante e cada novo cenário só é desbloqueado após completar o anterior. Explorar os ambientes é um dos destaques do game, já que seu visual se assemelha a um colorido diorama de formas geométricas. Acompanhado por uma serena trilha sonora de solos de piano, Etherborn é um um título para descontrair e relaxar, pois não há a presença de inimigos ou tempo, nem mesmo punições pelas mortes. Mas isso não significa que o jogo não é desafiador.

Os puzzles de Etherborn são os próprios cenários. O que no primeiro momento são paredes, na sequência se tornam chão, e essas transições são suaves. Há blocos e paredes que se elevam dependendo do ângulo em que está o personagem, criando bons desafios. A exploração pelas fases envolve encontrar pequenas orbs brancas que ativam plataformas ou fazem aparecer novas partes do cenário. Há também a necessidade de gerenciar essas orbs, já que diversas vezes é preciso encontrar métodos de reutilizá-las em outros momentos do estágio.


Siga em frente, olhe para lado

A perspectiva é que o torna os puzzles de Etherborn interessantes. Muitas vezes, para seguir em frente pelas fases, é necessário saltar para caminhos inferiores, mas tem que considerar a gravidade para isso. E encontrar a direção certa pode ser uma tarefa de paciência e insistência. O título não oferece instruções ou dicas em momento algum durante a jogatina. A descoberta do que fazer ou como seguir em frente fica totalmente a cargo do jogador.

Para quem gosta de exploração, Etherborn traz aquela sensação de conquista por superar os enigmas, mas também pode irritar os mais impacientes. Digo isso porque houve duas situações em que precisei ficar rodeando o cenário por 15 minutos até entender o que deveria ser feito. O vai e vem constante pelas fases e não saber o que fazer são situações que certamente acontecem em alguns momentos. O jogo até permite movimentar a câmera com angulação limitada, mas em certos momentos ela prejudica a exploração. Nem mesmo movimentando-a é possível obter uma melhor visualização do cenário.


Etherborn não é um jogo extenso, possui poucos mundos para serem explorados e pode ser finalizado em algumas horas caso o jogador compreenda os enigmas. Após finalizá-lo, não há incentivos para um replay, pois não oferece fases extras ou modos adicionais. Tudo o que se pode fazer é reiniciar o jogo e explorar as mesmas fases apenas com as orbs brancas posicionadas em locais diferentes.

Com ambientes que brincam com gravidade e perspectiva, Etherborn é indicado para jogadores que gostam de desafios, já que os puzzles possuem soluções únicas, mas bem elaboradas. É um jogo para quem procura encontrar o seu próprio caminho e no seu próprio ritmo.


Prós

  • Puzzles envolvendo os cenários são desafiadores;
  • Visual e trilha sonora agradáveis, combinando com a proposta do título;

Contras

  • Câmera não ajuda em certos ângulos e trechos das fases;
  • Curta duração;
  • Ausência de extras ou modos adicionais.
Etherborn — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho 
Análise produzida com cópia digital cedida pela Altered Matter


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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