O caminho até Luigi’s Mansion 3

Com a chegada do terceiro jogo da série, vale a pena revisitar a trajetória de Luigi nesse mundo cheio de invenções malucas, fantasmas e sustos.

em 24/10/2019

A primeira aventura solo de Luigi foi em Mario is Missing!, mas é bem provável que a maioria das pessoas lembre dele protagonizando o próprio jogo apenas no GameCube, com o primeiro Luigi’s Mansion. Esse fato se deve, certamente, à boa recepção do título, tanto com o público quanto com a crítica. De lá para cá, tivemos o segundo capítulo da série e um remake do primeiro game — esses dois para o 3DS. Por isso, com a chegada de Luigi’s Mansion 3 no final deste mês de Outubro, vale a pena relembrar as tensas aventuras vividas pelo irmão do Mario.

Luigi’s Mansion (GameCube)

O GameCube é um console muito amado pelos fãs da Nintendo. Ainda assim, é inegável o fato de que ele acabou sendo sufocado pelo sucesso dos concorrentes, o que fez com que vários títulos que mereciam grande destaque tenham tido menos atenção do que mereciam. Esse foi, por exemplo, o caso de Luigi’s Mansion, lançado originalmente no final de 2001. O jogo inovou (dentro do esperado para uma aventura solo do Luigi) com uma proposta que fugia da plataforma e colocava o segundo encanador mais amado do mundo (para muitos é o primeiro, vale dizer) em situações pouco esperadas.



O enredo de Luigi’s Mansion é banal e, ao mesmo tempo, intrigante, deixando para os jogadores uma sensação próxima daquela causada pela literatura de suspense: você sabe o que vai acontecer, mas ainda assim quer se sentir surpreendido. No jogo, Luigi ganha uma mansão e, quando vai até ela pela primeira vez, Mario some no meio da escuridão. Na sua procura pelo irmão, Luigi acaba descobrindo que o lugar está infestado de fantasmas quando é salvo de um deles pelo professor E. Gadd. O professor, aliás, tem uma presença importantíssima no game. É ele quem situa Luigi sobre o que acontece na mansão e oferece ao nosso herói recursos para capturá-los. No caso, uma arma semelhante a um aspirador de pó, a Poltergust 3000, e um pequeno aparelho para mapear o ambiente, o Game Boy Horror. Com este último é possível acessar o mapa da mansão e identificar lugares já visitados, portas abertas e coisas semelhantes. Com o Poltergust 3000 Luigi pode sugar os fantasmas e levá-los ao laboratório de E. Gadd, que está mapeando suas ações e estudando esses seres.

Luigi’s Mansion é relativamente curto e funciona, ao mesmo tempo, como um jogo de exploração, aventura e resolução de puzzles. O clima de suspense e o carisma de Luigi também contribuíram muito para o interesse que o game gerou, sendo certamente um dos melhores daquela geração. Justamente por isso, é curioso o fato de que a Nintendo tenha demorado tanto para investir em uma nova aventura explorando essas mecânicas e ambientes. Nos consoles de mesa seguintes, Wii e Wii U, não tivemos nada ligado à série, que só reapareceu, e de forma muito competente, no 3DS.

Luigi’s Mansion: Dark Moon (3DS)

O 3DS foi lançado em meio a um ambiente de muita desconfiança. Enquanto muitos decretavam o fim dos consoles portáteis, outros viam como uma tarefa ingrata a tentativa de fazer jus ao sucesso do portátil antecessor, o Nintendo Ds. Assim, a Nintendo precisava investir pesado em alternativas para o lançamento do console. Além de algumas features que se mostraram pouco eficientes a longo prazo, como o efeito 3D nativo, era preciso mostrar que tipo de jogo a Nintendo conseguiria fazer na sua plataforma mais recente. Luigi’s Mansion: Dark Moon foi uma surpresa nesse sentido, sendo um dos títulos first party lançados logo nos primeiros anos de vida do portátil.

Para todos aqueles que jogaram o primeiro título, a experiência oferecida era típica de um console de mesa. Logo, uma aventura mais robusta do que aquilo que se estava acostumado a relacionar com os portáteis. Mas o 3DS vinha com uma proposta diferente e conseguiu incorporar muito bem o que o anterior tinha de melhor, trazendo inovações para a franquia à sua própria maneira. O uso do analógico (um diferencial importante em relação ao portátil anterior), permitiu uma jogabilidade fluida e consistente, ainda que o segundo analógico realmente fizesse falta. Além disso, houve aqui a inclusão de um modo multiplayer e o uso competente do efeito 3D, que, como em todos os jogos do console, não era obrigatório, mas dava um charme a mais à proposta dos games — especialmente quando utilizado com inteligência.

Quando comprei o meu 3DS, em 2013, o primeiro jogo que adquiri foi justamente o Luigi’s Mansion: Dark Moon e preciso dizer como era impressionante jogar esse game naquela tela pequena. O enredo trás uma experiência muito similar ao anterior. King Boo, o chefe final do primeiro título, havia sido capturado por Luigi e aprisionado pelo Professor E. Gadd em uma pintura. No entanto, ele acaba escapando quando E. Gadd faz uma venda de garagem e se desfaz da pintura por acaso. A partir disso ocorreu a partição da Dark Moon, a lua que ilumina Evershade Valley (um lugar cheio de mansões assombradas), em seis pedaços que se espalham por pontos distintos do vilarejo. Por conta desse fato, os fantasmas voltam à tona de maneira totalmente descontrolada e é nesse momento que Luigi volta à ativa. E. Gadd procura o encanador para ajudá-lo na captura das criaturas em cinco diferentes mansões.


Para a missão, Luigi recebe de E. Gadd a Poltergust 5000, uma arma aprimorada para a captura de fantasmas, mas que também emite um tipo de luz que permite a identificação de objetos e fantasmas escondidos pelo cenário. Outro recurso novo, é a lanterna, que agora permitia atordoar os inimigos para facilitar a captura.

Possuindo uma campanha bem mais robusta, com multiplayer para até quatro jogadores (um modo especial apenas de captura de fantasmas em que é necessário "limpar" os andares de uma mansão), uso do mapa facilitado pela tela de toque do 3DS e ótima utilização do efeito 3D, Luigi’s Mansion: Dark Moon certamente representava o que o Nintendo 3DS podia fazer de melhor. Além disso, o título reviveu o interesse pelo primeiro jogo, gerando a necessidade de um remake, que inevitavelmente teria que surgir.

Luigi’s Mansion (3DS)

Lançado em 2018, esse remake do primeiro jogo traz poucas inovações, sendo algo mais próximo de um port do que de uma reimaginação. Claro, os ambientes estão mais coloridos, existe o uso do 3D e um multiplayer local (limitado, é verdade). Mas ainda assim, a experiência geral é muito próxima daquela que GameCube trazia, e isso é excelente.

Considerando que muitas pessoas que jogaram Luigi’s Mansion: Dark Moon não tiveram a oportunidade de ter um GameCube para testar o primeiro jogo, e considerando o lançamento já próximo do terceiro game (quando o remake foi lançado, já sabíamos do desenvolvimento para o Switch), poder acompanhar a primeira aventura de Luigi em uma mansão assombrada é algo muito interessante para chamar atenção para a franquia. Aliás, a inclusão do Gooigi neste remake foi incorporada ao título que será lançado neste mês, mostrando que o desenvolvimento dos dois ocorreu de modo combinado.

Quanto mais sustos, melhor?

Luigi’s Mansion é uma série curta, mas que possui muito respeito da crítica e interesse por parte dos fãs da Nintendo em geral. O terceiro jogo certamente é uma grandes apostas para o ano, como mostra o nosso hands-on. Se vai cumprir as expectativas, só o tempo dirá. Mas se seguir a linha dos anteriores, o novo título tem tudo para trazer diversão (e alguns sustos) na medida certa.

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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