Joe & Mac 2: Lost in the Tropics (SNES) — uma colorida e divertida jornada pela era das cavernas

O retorno da dupla de heróis da idade da pedra, direto do Super Nintendo para o Switch.

em 19/10/2019

Os assinantes do serviço online do Switch agora têm à disposição uma biblioteca recheada de títulos originalmente lançados para o SNES. É a oportunidade de conhecer ou revisitar alguns dos clássicos que foram responsáveis pelo imenso sucesso da plataforma de 16-bits da Big N. Para melhorar ainda mais sua experiência com esses games, o Nintendo Blast está preparando uma série de matérias com detalhes e curiosidades sobre cada um dos jogos presentes no catálogo. Hoje é o dia de falarmos de Joe & Mac 2: Lost in the Tropics.

Confusão nas cavernas

Lançado em 1994, Joe & Mac 2: Lost in the Tropics representa na verdade a terceira etapa de uma franquia que resolveu colocar seus protagonistas na geladeira para fazer experiências em sua primeira sequência. O primeiro game, Joe & Mac, foi criado primeiramente para Arcade e ganhou diversas adaptações, incluindo uma para o console de 8 bits da Nintendo, o NES. Já o segundo capítulo, Congo’s Caper — um exclusivo do SNES —, apresentou como herói um chimpanzé que se transformava em um garoto quando aumentava seus poderes.

Por isso, o terceiro título também pode ser encontrado por aí como Joe & Mac 3: Lost in the Tropics na Europa, Caveman Combat / Caveman Ninja 3: The Protagonists Are Joe & Mac Again (Tatakae Genshinjin Surī: Shuyaku wa Yappari Jō to Makku) no Japão ou Joe & Mac Returns em sua versão do Arcade. Agora que situamos as várias maneiras das quais o game foi chamado, vamos discutir se vale a pena encará-lo no Nintendo Switch.


Tudo começa quando o vilão da história, um poderoso homem das cavernas chamado Gork, invade sorrateiramente a Kali Village e rouba a coroa mágica que pertence ao chefe da aldeia. No dia seguinte, ao se dar conta do desaparecimento, o líder chama os heróis Joe e Mac, controlados por até dois jogadores, para recuperar o artefato. Nosso primeiro objetivo é passar por três fases de plataforma, que incluem uma sessão de carrinho a la Donkey Kong Country (SNES) e uma perseguição até finalmente enfrentar um “chefe” dinossauro. Ao chegarmos à Tiki Village, a aventura se expande.

Apesar de menos completo ou ambicioso que Congo’s Caper, Lost in the Tropics representa um retorno divertido dos protagonistas, melhor trabalhado graficamente, contando com novas mecânicas e aprofundando, mesmo que sutilmente, devido às limitações da época, a história dos personagens, dando a eles um final feliz — já que não houveram mais sequências — caso o jogador se esforce adequadamente para isso. Mas vamos trabalhar esses assuntos por partes.

Game Over !? 

Para começar, a segunda vila do game serve como um apanhado de NPCs com diversas funções. O jogo funciona com vidas e continues limitados, e o cartucho não dispunha de memória para salvar a aventura. Portanto, o primeiro NPC possibilita anotar uma senha, para que o jogador retorne ao ponto em que parou anteriormente — aposto que vários leitores aqui tinham seus queridos caderninhos de passwords. O segundo é um lojista que vende desde alimentos que recuperam vida até flores e decorações para a tenda dos heróis.



Aqui descobrimos algumas das novidades do game. Joe e Mac aparentemente se cansaram da vida de solteirões. Enquanto no primeiro game eles recebiam beijos de garotas a cada chefe derrotado, durante essa aventura eles se queixam da solidão ao encontrar suas tendas vazias. Assim, dando um toque de classe em suas residências e encontrando a garota certa que vai amar as flores, é possível terminar a jornada casado e com um filho. Interessante como os desenvolvedores trouxeram situações tão reais, com esse aprofundamento na personalidade dos protagonistas, já na era dos 16 bits.

O terceiro NPC encontrado é o líder da vila Tiki, que serve como um segundo guia, explicando aos heróis que é necessário coletar sete pedras arco-íris antes de enfrentar o vilão. Ele nos dá a pedra que se encontra em sua posse, e aproveitando essa missão podemos puxar assunto sobre mais uma novidade do game: enquanto nos dois títulos anteriores o acesso às fases era feito por trilhas semelhantes às encontradas em Super Mario World (SNES), neste há um overworld em que podemos andar livremente, escolhendo a ordem dos estágios como quisermos. Inclusive, ao morrer em um estágio, você é capaz de iniciar outro sem problemas. Também é possível repeti-los quantas vezes desejar a fim de juntar mais dinheiro — representado por rodas de pedra — para usar na loja.

Cada um desses locais é um novo grupo de três fases com um chefe no final, baseado em algum dinossauro. Os temas são os clichês encontrados em games do gênero: selva, pântano, montanhas nevadas e um vulcão. Há uma boa variação nos desafios e inimigos, contando por exemplo com uma área em que precisamos nos agarrar a cordas para não sermos pegos por uma avalanche. Há também montarias em algumas fases, voadoras ou terrestres, e interações incríveis de gameplay que possibilitam aos heróis usar como armas os restos dos itens de cura, ou encontrar melhorias temporárias para sua clava, permitindo-os atacarem à distância ao menos por um curto período.



Os chefes telegrafam bem seus movimentos, mas alguns podem ser derrotados facilmente com golpes sequenciais, desde que o jogador aprenda a se posicionar corretamente. Por fim, o penúltimo NPC da vila permite retornar rapidamente para a aldeia inicial, onde estão as casas de Joe e Mac, e o último possui uma luneta para ver alguns locais, como o esconderijo do vilão. Após visitar todos os locais e reunir todas as pedras, será preciso derrotar Gork e todos os outros chefes mais uma vez antes de enfrentar o desafio final, que é o vilão com os poderes da coroa.

Literalmente Rock and Roll

Lost in the Tropics é mais fluído e polido que a primeira aventura e, graficamente, me parece superior também à segunda. Enquanto Congo’s Caper possui personagens mais infantis e elementos que destoam de um mundo pré-histórico para executar funções de level design, o terceiro título consegue compor a aventura com cenários bonitos e coloridos, animações de qualidade e um game design que utiliza elementos mais críveis para o cenário escolhido, salvo algumas poucas licenças poéticas para fornecer um desafio interessante para o jogador. Uma questão que me chamou atenção é que no primeiro game muitos dos antagonistas tinham o corpo formado por esferas, e neste jogo, apenas um inimigo que se assemelha a uma minhoca possui esse design simplificado.

As divertidas músicas finalizam a composição de uma ambientação bastante descontraída. Afinal, para Joe e Mac, um Tiranossauro Rex esfomeado deve ser tão comum quanto um engarrafamento para quem mora em uma grande cidade. O game possui um controle gostoso e preciso. Mesmo que você morra algumas vezes e perca seus continues, tendo que iniciar sua aventura do início, trata-se daquela experiência que te ensina a cada derrota e favorece quem tem facilidade para a “decoreba” — obviamente, jogando no Switch é possível utilizar  savestates e a função regredir, deixando tudo mais acessível. Se você já conhecia os heróis desse ou do primeiro game, vale a pena o repeteco, e se está descobrindo agora, pegue uma pedra rolante até o Switch mais próximo e jogue, pois vale muito à pena!



Curiosidade: A série Caveman Ninja (Joe & Mac) foi criada pela Data East, uma desenvolvedora e publisher fundada em 1976. A empresa sobreviveu ao crash americano dos videogames em 1983, mas começou a passar por diversos problemas financeiros desde os anos 1990, finalmente decretando falência no ano de 2003. Suas propriedades intelectuais foram então adquiridas por diversas empresas a partir de 2004, sendo esta série agora de posse da G-Mode, uma outra companhia japonesa. Assim, é através desse novo dono que o game pôde ser licenciado e lançado no serviço online da Nintendo.

Confira, logo abaixo, outras matérias dos jogos que integram o catálogo do Super Nintendo no Switch Online.
Revisão: Davi Sousa
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