Às vésperas do Halloween, vamos relembrar alguns dos momentos sinistros dos games da empresa. Embora alguns certamente tenham sua interpretação óbvia, é notável que outros estão um pouco mais escondidos ou ainda precisam de um processamento maior para que a informação seja devidamente digerida. Vamos, então, nos lembrar de alguns desses momentos — já que não é só o preço dos jogos que são assustadores.
Hora do Pesadelo em Pokémon
Pokémon já tem seu histórico de creepypastas e momentos sinistros. Isso remonta desde a história do MissingNO e a lenda da cidade de Lavender, com seu tema sinistro que, alegadamente, causava enxaquecas em quem se atrevesse a ouvi-la por muito tempo — como se isso já não acontecesse com qualquer uma das músicas da série por conta da péssima fonte de som do Game Boy.
Vamos para a quarta geração. Ela é a responsável por introduzir na franquia o mítico Darkrai. O Pokémon em questão não pode ser capturado em sua residência — a Newmoon Island — sem um item que jamais chegou a ser distribuído pela Nintendo, mas Darkrai se faz presente na campanha principal ao assombrar os sonhos de uma criança na cidade de Canalave até que o jogador a acorde de seus pesadelos com uma Lunar Wing, item deixado para trás pela Cresselia na Fullmoon Island.
Ainda na quarta geração, há também a introdução do Spiritomb, um tipo fantasma formado pela união de cento e oito almas, selado há muito tempo por ter cometido uma série de atrocidades. O Old Chateau, na Eterna Forest, também chama atenção por conta dos espíritos que aparecem andando aleatoriamente nas salas, sem nenhuma explicação dada pelo jogo. Algo na mesma linha também acontece em X/Y, da sexta geração, quando uma Hex Maniac aparece misteriosamente após um blackout, na saída de um elevador em Lumiose City. A moça logo em seguida vai embora alegando que o nosso personagem não é exatamente o que ela esperava.
The Legend of Zelda na Zona do Crepúsculo
Para cada momento amigável e gracioso que a franquia nos presenteia, há outro perturbador e sinistro de maneira inversamente proporcional. Em Ocarina of Time (N64), por exemplo, somos introduzidos aos primeiros sustos em computação gráfica tridimensional, seja pelo tom sóbrio do título como um todo ou por outros momentos bizarros, como é o caso da Dead Hand, nas profundezas do Shadow Temple. Majora’s Mask (N64) vai ainda mais longe e apresenta ao drama do pobre Skull Kid, que foi literalmente possuído por uma máscara das trevas ancestrais — sem falar da lua.
Twilight Princess (Wii/GC), contudo, é provavelmente um dos que pegaram mais pesado. Pense primeiro na cena da invasão das Shadow Beasts, os arautos daquela realidade sombria. Não bastasse tais monstruosidades cometerem um sequestro relâmpago e arrastarem o herói e seus amigos para dentro do Crepúsculo, todos os habitantes de Hyrule ficaram presos numa espécie de limbo, nem vivos, nem mortos, mas num estado de animação suspensa cuja única sensação que sentiam, basicamente, era o medo. Destaque para as sequências da Blizetta surtando sob a influência da Fused Shadow e para a rápida parte em que aparecem os três Dark Link.
Até mesmo Wind Waker (GC), conhecido por seu simpático visual cartunesco, tem seus momentos mais obscuros: há várias ilhas desabitadas ao longo do vasto oceano do game, mas um olhar mais atento nos lembra que elas são resultado de um evento cataclísmico que erradicou a maior parte da população terrestre, visto que há ainda vestígios dos antigos moradores espalhados por elas. Não nos esqueçamos do Castelo de Hyrule submerso e eternamente congelado no fluxo do tempo.
Coisas Esquisitas em Super Mario Bros.
Certo, já temos os Boos e os Dry Bones. Já temos o piano sinistro do Super Mario 64. Acima desses elementos, contudo, está a forma estranhamente perturbadora como foi programada a morte por afogamento. Por que em vez de simplesmente pular para fora da tela, o encanador precisa botar as duas mãos no pescoço e se debater até o corpo começar a flutuar sem vida?
O mais sinistro da série ainda vem do Super Mario Bros (NES) original. O Minus World, como é conhecido, trata-se de um glitch que se decorrente de dados brutos não utilizados (como o MissingNo, de Pokémon) que se originou espontaneamente em uma fase jogável. Enquanto na edição americana trata-se apenas de cópias das fases 2-2 e 7-2 numeradas apenas como “-1”, nas versões japonesas esse “mundo reverso” é um conjunto de fases com os assets trocados.
A maioria dos chefões finais da franquia têm essa pegada de horror cósmico. Em Kirby 64: The Crystal Shards (N64), o último desafio da bolota rosa é um olho vermelho que lacrimeja um líquido vermelho e que age como a personificação dos pesadelos. Em Kirby Dream Land 3 (SNES), o mesmo acontece, com um olho literalmente explodindo em sangue após alguns golpes.
Indo mais além ainda nessa questão lovecraftiana, há teorias de que Kirby Star Allies (Switch) nos traz um breve vislumbre de compreensão de que Kirby e Dark Matter — antagonista de Dream Land 2 (GB) — são, na verdade, originários de uma mesma entidade, chamada Void Termina, cada um representando o lado positivo e o negativo, respectivamente, do equilíbrio. Ou seja, Kirby nada mais seria do que uma reencarnação bondosa de uma deidade também conhecida como “Destruidora de Mundos”. Aliás, há inclusive uma religião chamada Jambastion que existe apenas para cultuar tal divindade — assim como o Culto a Cthulhu, da obra mais popular de Lovecraft.
Kirby e o culto de Jambastion
H.P. Lovecraft é um escritor que deu origem a um gênero de horror derivado basicamente em nosso desconhecimento da vastidão do nosso universo, trazendo entidades de poderes em escala cósmica além de nossa vã compreensão. A série Kirby, apesar de ter um visual acolhedor e jogabilidade relativamente fácil, logo surpreende o indivíduo que decide se aventurar por sua mitologia, pois apresenta uma relação com o mesmo estilo concebido por esse mesmo autor nascido em Providence, nos Estados Unidos, na virada do século XIX para o XX.A maioria dos chefões finais da franquia têm essa pegada de horror cósmico. Em Kirby 64: The Crystal Shards (N64), o último desafio da bolota rosa é um olho vermelho que lacrimeja um líquido vermelho e que age como a personificação dos pesadelos. Em Kirby Dream Land 3 (SNES), o mesmo acontece, com um olho literalmente explodindo em sangue após alguns golpes.
Indo mais além ainda nessa questão lovecraftiana, há teorias de que Kirby Star Allies (Switch) nos traz um breve vislumbre de compreensão de que Kirby e Dark Matter — antagonista de Dream Land 2 (GB) — são, na verdade, originários de uma mesma entidade, chamada Void Termina, cada um representando o lado positivo e o negativo, respectivamente, do equilíbrio. Ou seja, Kirby nada mais seria do que uma reencarnação bondosa de uma deidade também conhecida como “Destruidora de Mundos”. Aliás, há inclusive uma religião chamada Jambastion que existe apenas para cultuar tal divindade — assim como o Culto a Cthulhu, da obra mais popular de Lovecraft.
Multiverso do Terror
Não bastasse o teor ocultista da mitologia por trás da série Kirby, é notável que Sakurai decidiu trazê-lo também para o crossover supremo da história dos videogames. Tabuu, o vilão do Subspace Emissary, de Super Smash Bros. Brawl (Wii), carrega a mesma ideia de entidade cósmica suprema que os antagonistas da bolotinha rosa. Master Core, Galeem e Dharkon também seguem na mesma linha.Por outro lado, Smash também não deixa de brincar um pouco com elementos tradicionais do horror. O trailer de revelação do Ridley, por exemplo, é uma homenagem ao clássico Alien: O Oitavo Passageiro — assim como a série Metroid, como um todo. Mais curioso é ainda o trailer de Simon Belmont, afinal, a vida de Luigi é literalmente ceifada de seu corpo por ninguém menos do que a própria morte, com direito ao seu espírito deixando o cadáver estatelado no chão.
Outros momentos de tensão
Outras propriedades intelectuais também apresentam seus momentos sinistros. Em, Pikimin 2 (GC), por exemplo, se o jogador fica cinco minutos parado na dungeon Submerged Castle, ela chama a atenção de um chefe chamado Waterwaith, cuja existência, apesar de visível, não é identificada pelos sensores da Hocotate Ship, assumindo então que a existência dela se dá, na verdade, em um plano de existência alternativo, fazendo com que o pequeno Olimar fique completamente indefeso diante de tal entidade.Outra figurinha carimbada nessas listas de momentos sinistros é o chefe Giygas, de Earthbound, cuja concepção também tem origens Lovecraftianas do mesmo modo que a série Kirby, visto as suas características que remetem ao desconhecido e ao oculto de uma forma completamente abstrata de proporções cósmicas.
Obviamente, esta lista não é definitiva e serve para lembrarmos apenas desses momentos sinistros dos consoles da Nintendo. É por isso que gostaríamos da sua ajuda! Você se recorda de algum outro momento que considera perturbador e não foi citado na matéria? Participe nos comentários!
Revisão: Kiefer Kawakami