Lançado pela Nintendo em 1990 no Japão e em 1991 nas Américas, F-ZERO foi um dos títulos de lançamento do Super Nintendo encarregados de demonstrar o poder do chip Mode-7 ao mundo. Para essa missão foi escolhido, nada mais, nada menos, do que Shigeru Miyamoto para liderar o desenvolvimento.
Apresentando uma sensação de velocidade e profundidade nunca antes vista, o jogo de corrida futurista da Nintendo se tornou um divisor de águas para jogos do gênero, tanto em gameplay, quanto no aspecto tecnológico. A própria temática do jogo já era algo bem diferente para a sua época. Ao invés de se prender no realismo, com corridas tradicionais e carros inspirados na vida real, F-ZERO resolveu apostar em uma pegada mais surreal em seu gameplay.
Fórmula de diversão
Um grande campeonato de automobilismo intergaláctico nomeado de “Formula Zero”, uma paródia com o nome da Formula 1, reuniu os melhores pilotos do universo na disputa por uma premiação milionária. As corridas agora são realizadas com carros flutuantes ultrapotentes que alcançam mais de 500 quilômetros por hora (!!!) como se fosse algo rotineiro.Entre o total de trinta competidores, apenas quatro deles se destacam como os únicos personagens controláveis na disputa para alcançar o topo do pódio. São eles: Captain Falcon, com a sua icônica Blue Falcon; Samurai Goroh, dono da potente Fire Stingray; Dr. Stewart, piloto da Golden Fox e, por último, o alienígena Pico, ao lado da mortífera Wild Goose.
Os quatro veículos apresentavam atributos bastante distintos que afetam a gameplay de forma considerável, algo bastante incomum para a época. A diferença de jogabilidade da Fire Stingray para a Golden Fox, por exemplo, é gritante. Estar acostumado com o controle de cada máquina se prova essencial antes de tentar encarar um desafio às cegas.
Apesar de ser muito conhecido por sua participação na série Super Smash Bros, poucos jogadores tiveram a oportunidade de jogar algum jogo protagonizado pelo Captain Falcon, o caçador de recompensas dono do soco mais estiloso da galáxia. O visual do personagem, entretanto, mal aparece dentro do seu jogo de estreia. Essas informações “secundárias” geralmente só eram disponibilizadas no manual físico do jogo.
Corrida mortal
Limitações à parte, F-ZERO não desaponta na hora do “vamo ver”. Os modos de jogos são divididos em Grand Prix e Practice. Grand Prix é o modo principal onde o jogador disputa uma “Copa” composta por uma série de cinco corridas. Practice, como o nome já diz, serve basicamente como uma corrida de “exibição” para testar as pistas sem uma maior preocupação.Logo à primeira vista, é possível notar que as corridas de F-ZERO funcionam de uma forma diferente do usual. Não é apenas mais um duelo para ver quem cruza a linha de chegada primeiro. Ser piloto da Fórmula Zero é um verdadeiro teste de vida ou morte. Ninguém entra em uma corrida sabendo se vai voltar vivo para a casa ou não.
Graças a inovadora mecânica da barra de energia, F-ZERO adiciona uma camada extra na dinâmica das corridas. Se a vida do seu veículo esvaziar totalmente, ele acaba explodindo e ocasionando a desclassificação automática da corrida. O mesmo também acontece quando o seu carro cai fora da pista. Não há espaço para “fair play”. As corridas são sujas e acidentes são comuns. Além de ser rápido, é preciso ficar atento às investidas adversárias, desviar dos obstáculos de cada pista e ocasionalmente recuperar a vida em painéis de recarga.
Depois de cada volta completa na pista, o jogador ganha acesso a um Turbo que pode ser utilizado para ganhar vantagem em cima dos adversários. No entanto, é importante tomar cuidado ao usá-lo em curvas fechadas pois as chances de bater dirigindo em alta velocidade são incrivelmente altas.
Um aspecto que torna essa gestão de recursos ainda mais difícil é a necessidade de dar cinco voltas em cada pista. Sobreviver a essa maratona mortal enquanto mantém uma velocidade competitiva é uma tarefa para poucos. Se tudo isso não bastasse, nas corridas do Grand Prix ainda temos que enfrentar um número limitado de continues ou, como é chamado dentro do jogo, “veículos restantes”.
Jogabilidade intergaláctica
Apesar da dificuldade infernal, que no futuro acabaria se tornando uma marca registrada da franquia, F-ZERO ainda é um jogo bastante agradável de se controlar graças aos efeitos de profundidade do Mode-7. O manuseio dos carros é preciso, funcional e ainda passa uma sensação de velocidade impressionante até mesmo para os padrões atuais. A física de colisão, apesar de irritante, também implementa uma imprevisibilidade saudável às corridas.Ainda assim, é normal se atrapalhar um pouco com os controles no meio de algumas pistas que requerem comandos precisos. A CPU pode, e vai ser, injusta com você em diversos momentos. De resto, as partidas são sempre únicas e divertidas de se jogar. O fator replay é consideravelmente bom, muito por causa da dificuldade que deixa as disputas muito mais acirradas.
No total, são 15 pistas sediadas em diversos planetas espalhados por toda a galáxia. Mesmo apresentando um visual simples, as temáticas visuais e mecânicas das pistas viriam a se tornar verdadeiros ícones recorrentes dentro da franquia. Apesar da grande fama geralmente ficar com a dupla Mute City e Big Blue, o restante das pistas também são muito memoráveis. As versões originais de Sand Ocean, Port Town, Red Canyon, Silence, Death Wind, White Land e Fire Field são, no mínimo, marcantes para qualquer um que jogou o jogo no lançamento.
Padrão nos dias de hoje, a possibilidade de se correr sozinho na pista era uma das principais inovações trazidas pelo clássico. Essa opção se provou um verdadeiro sucesso entre os jogadores mais competitivos que buscavam diminuir cada vez mais os seus tempos em cada pista. Graças a isso, F-Zero pode ser considerado, de certa forma, a gênese do que viria a ser o famoso modo de "Time Trials".
Qualidades e acertos
Mesmo com a idade batendo na porta, os gráficos do jogo continuam sendo agradáveis de se olhar até hoje. As texturas de qualidade duvidosa do cenário pouco importam quando o seu olho fica concentrado na pista. O efeito de profundidade do Mode-7, de novo, se prova como uma verdadeira benção para F-Zero. Mesmo sendo um dos primeiros jogos a utilizar esse recurso, a estreia de Captain Falcon pode muito bem ser considerada como a melhor utilização do chip na história do Super Nintendo.A música de F-ZERO era, e continua sendo, uma das trilhas sonoras mais marcantes e empolgantes da história dos videogames. Fugindo um pouco dos clássicos temas da Mute City e Big Blue, também existem outras faixas memoráveis que facilmente poderiam ser colocadas em um Top 10 do SNES. Sem contar as duas obras primas citadas acima, o meu destaque musical ficaria para o épico tema de “Silence”.
Só existe apenas um detalhe que realmente desaponta muito em F-ZERO. A inexistência de um multiplayer é completamente justificável pelo hardware do SNES, mas ainda assim dá para sentir aquele gostinho de que o jogo poderia ser muito mais completo se existisse alguma maneira de competir com o seu amiguinho. É uma pena, mesmo que isso não faça tanta diferença pra maioria das pessoas.
Frenético e memorável, F-ZERO para SNES é um começo refrescante para uma franquia que atualmente parece ter perdido a gasolina. Disputar a primeira edição da Formula Zero é uma experiência simplesmente divertida, inovadora e veloz. Não deixe a dificuldade te assustar, pois a primeira competição do lendário Captain Falcon é mais do essencial para qualquer um que goste de jogos de corrida.
Confira, logo abaixo, outras matérias dos jogos que integram o catálogo do Super Nintendo no Switch Online.
- Brawl Brothers
- Breath of Fire
- Demon’s Crest
- F-ZERO
- Joe & Mac 2: Lost in the Tropics
- Kirby’s Dream Course
- Kirby’s Dream Land 3
- Pilotwings
- Star Fox
- Stunt Race FX
- Super Earth Defense Force
- Super Ghouls’n Ghosts
- Super Mario Kart
- Super Mario World
- Super Mario World 2: Yoshi’s Island
- Super Metroid
- Super Puyo Puyo 2
- Super Soccer
- Super Tennis
- The Legend of Zelda: A Link to the Past
Revisão: Vinícius Fernandes