Análise: Sayonara Wild Hearts (Switch) é um vibrante álbum pop em forma de jogo

Explore mundos exóticos neste indie que mistura música e visual de forma ímpar.

em 23/09/2019

Sayonara Wild Hearts chama a atenção com sua ambientação estilosa e marcante.  No título, acompanhamos uma motoqueira mascarada que corre em altas velocidades por mundos surreais e com cores neon enquanto coleta corações — tudo isso ao som de música electropop contagiante. Mais que um simples jogo, Sayonara Wild Hearts é uma experiência sem igual.

Corações quebrados a 200km/h

Uma garota passa por uma experiência devastadora que, por consequência, despedaça o seu coração. O evento vai além e tem efeito no universo, que se fragmenta em vários outros planos paralelos. Em meio a esse caos, surge uma borboleta na forma de diamante que guia a garota por mundos fantásticos, e neles ela se torna The Fool, uma estilosa motoqueira mascarada. Para resolver o impasse e trazer a harmonia de volta, nossa heroína vai ter que derrotar uma série de gangues de motociclistas extravagantes — será que ela é capaz de tal feito e superar sua dor ao mesmo tempo?


Acompanhamos The Fool nessa jornada em um jogo com conceito principal extremamente simples. Em cada uma das fases do título, a garota corre, voa, pula, derrapa de moto e mais por caminhos fixos e movimentação por trilhos — a alavanca controla o movimento, já um botão executa ações de acordo com o contexto, como pular ou atacar. O objetivo principal é desviar dos obstáculos e coletar corações espalhados pelas fases, sendo que há também alguns momentos em que é necessário apertar o botão no momento certo no ritmo da música em eventos do tipo quick time event.

A ação é frenética em Sayonara Wild Hearts: a heroína está sempre se locomovendo muito rápido pelos cenários, seja dirigindo uma moto, flutuando pelo ar ou correndo pelas paredes. Isso faz com que boa parte da jogabilidade seja focada em reflexos rápidos, afinal os perigos aparecem constantemente e em um piscar de olhos. Mas não é um jogo difícil, pelo contrário: quando atingimos algum obstáculo, a ação retrocede um pouco e podemos tentar de novo, sendo possível até mesmo pular trechos complicados. Completar as fases é algo trivial, mas conseguir as melhores classificações exige bastante dedicação, pois a pontuação exige manter combos sem morrer.


Explorando um mundo exótico regido por música pop

Sayonara Wild Hearts combina visual, música e criatividade para trazer uma experiência fenomenal. Os desenvolvedores o chamam de “álbum pop jogável” e ele de fato traz essa sensação. Cada uma das fases funciona como uma faixa de um disco e tudo é sincronizado, resultando em um jogo que combina ação on rails e ritmo — desviar, atacar e outras acrobacias acompanham a trilha sonora. É interessante como o título brinca com esses conceitos em trechos muito criativos, como a impressionante fase “Parallel Universes” em que alternamos entre duas dimensões no ritmo da música ou na luta coreografada em “Hearts & Swords”.

Cada faixa é um deleite repleto de surpresas. Durante os estágios, o estilo de jogo muda inúmeras vezes, explorando gêneros como corrida, ritmo, shooter e mais. Em um momento, estamos montados em um alce enquanto perseguimos um imenso lobo robótico. Em outra fase, a protagonista dirige um carro por um deserto, sendo que derrapar com estilo dá pontos. Combates com espadas e movimentos acrobáticos também fazem parte da aventura, assim como trechos em que atiramos em alvos com um arco — a variedade de gêneros presentes na aventura é notável. As transições são suaves e fiquei com a sensação de estar no controle de cenas elaboradas, quase como em um clipe musical.


O que mais gostei no jogo foi sua ambientação estilosa com ação repleta de cenas impressionantes. A protagonista The Fool se move de forma graciosa, e os vários momentos espalhados pela a aventura são hipnotizantes e repletos de viradas de câmera dramáticas. Durante uma perseguição, por exemplo, a heroína corre pelas paredes dos prédios de uma cidade, flutua por um abismo e, por fim, surfa pelo ar em cima de uma espada. Já em outra cena, a garota fica de pé em cima da moto enquanto atira com um arco e desvia de projéteis. As lutas lembram danças de coreografia elaborada.

Um visual único, com uso frequente de rosa e roxo brilhantes, traz ainda mais impacto ao mundo de Sayonara Wild Hearts. Tudo esbanja estilo: os menus com ótimas ilustrações estilizadas, o uso constante de luzes piscantes, a movimentação exagerada e graciosa dos personagens, os cenários surreais, e mais. Também achei legal como vários elementos são inspirados nos arcanos de cartas de tarô, com interpretações únicas de suas figuras — essas representações dão dicas para tentar entender melhor a trama críptica.

Uma trilha sonora espetacular repleta de electropop com vocais etéreos dita o ritmo do jogo. O tom geral é energético com muitos sintetizadores e batidas marcantes, sendo que a música também passeia pelo eletrônico puro e R&B. O trabalho de som é impecável e de fato você sente que a ação e a trilha sonora foram construídas em conjunto, pois todas as ações e cenas têm esses elementos sincronizados entre si. Destaque para a excelente narração feita pela artista Queen Latifah: sua voz marcante reforça a atmosfera exótica do título.


A jornada de Sayonara Wild Hearts é empolgante, mas, infelizmente, o jogo tem pouco conteúdo — terminei a aventura e fiquei querendo mais. Há incentivo para revisitar as faixas na forma de classificações de acordo com a pontuação, sendo que conseguir o Rank de Ouro é bem trabalhoso em algumas fases. Há também os Enigmas do Zodíaco, uma lista de lista de conquistas na forma de enigmas com tarefas e desafios de todos os tipos. Contudo, fiquei um pouco decepcionado com a ausência de recompensas — adoraria ver coisas como artes conceituais ou a possibilidade de explorar livremente os modelos dos personagens.


Uma aventura envolvente e impressionante

Sayonara Wild Hearts é como ouvir um álbum: a experiência é compacta e intensa, no entanto é forte a vontade de revisitar certas faixas. O jogo me conquistou com sua jogabilidade simples aplicada em cenas estonteantes que mesclam visual exótico e música empolgante. Gostei especialmente da fotografia ousada repleta de viradas de câmera dramáticas, das lutas que lembram danças bem coreografadas e da grande variedade de momentos e estilos de jogo — ritmo, corrida e mais transformam constantemente a ação. Senti falta de extras e outros motivos para revisitar os estágios, por mais que joguei novamente inúmeras vezes minhas faixas favoritas. No fim, Sayonara Wild Hearts é uma incrível viagem audiovisual por um universo ímpar e vibrante. 

Prós

  • Jogabilidade simples aplicada em situações variadas e criativas;
  • Trilha sonora excepcional repleta de música eletrônica e pop;
  • Visual estiloso e único que combina muito bem com o conceito de “álbum pop jogável”.

Contras

  • Poucos extras.
Sayonara Wild Hearts — Switch/PS4/iOS — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
Sayonara Wild Hearts está disponível na Loja Nintendo

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.