GBA

A relação do Game Boy Advance com Pokémon

O portátil inaugurou o “elo perdido” entre os consoles principais e a era dos 32 bits e mostrou todo o potencial que um mero cartucho de 16 MB podia trazer.

em 08/09/2019


O Game Boy Advance, ou GBA para os íntimos, foi entregue ao mundo bem nos primeiros meses do século XXI, mais precisamente em 21 de março de 2001 (exceto para China e Taiwan, onde foi lançado apenas três anos depois). Ele teve um tempo de vida útil razoável, durando cinco anos em todas as regiões, de forma que vendesse mais de 80 milhões de unidades.

O console

O GBA é um dos consoles mais conhecidos pelos não-nintendistas. Por ter apresentado um nível gráfico bem superior ao de seu antecessor, o Game Boy Color, ele logo ganhou o coração de muitos, em uma época na qual não havia concorrentes à altura, e os celulares apenas rodavam jogos simples. O GBA teve capacidade gráfica similar ao Super Nintendo, o que fez com que recebesse remakes de alguns jogos, como Yoshi’s Island e A Link to the Past.

O portátil inaugurou o “elo perdido” entre os consoles principais, a era dos 32 bits. Mostrou todo o potencial que um mero cartucho de 16 MB podia trazer. Era alimentado por pilhas AA que duravam cerca de 15 horas. A conectividade com fio para o GameCube era algo igualmente interessante, já que o GBA funcionava como controle quando conectado. Também foi disponibilizado, em 2004, junto com Pokémon Fire Red & Leaf Green, o Wireless Adapter, que dispensava fios para realizar uma conexão entre consoles.

O Wireless Adapter foi a primeira tentativa de conexão sem fio entre portáteis da Nintendo
Não suficiente, a Nintendo ainda lançou duas novas versões: o GBA SP, que inovava com seu carregador e bateria (que dispensava de vez o uso de pilhas), e o Game Boy micro, que literalmente cabia na palma da mão. Em um tempo em que o conceito de modernidade era definido pelo tamanho (quanto menor, mais moderno), as vendas deram certo, ainda que este último tivesse sido lançado no final de sua vida útil. 


O GBA SP foi o primeiro console da Big N a possuir carregador. Com isso, as pilhas entraram em desuso


Pokémon

Pokémon no GBA realmente teve que esperar sua hora. Apesar dos primeiros jogos da 3ª geração, Ruby/Sapphire, terem sido os mais vendidos do console, dessa vez apenas um console em cada quatro tinha uma das versões. Mesmo vendendo relativamente menos do que os jogos anteriores, Ruby/Sapphire trouxeram uma nova perspectiva do que era o “jogar Pokémon”. Um novo dinamismo ao jogo veio em cena com as Double Battles e a introdução das equipes Magma e Aqua (pela primeira vez, um jogo de Pokémon não tinha a equipe Rocket como vilões). Contests inauguraram uma nova forma de jogo, e a acessibilidade do tipo Dragão, da mesma forma, foi algo a se ressaltar nos jogos.
Entre outras novidades, a região democratizou o uso do tipo Dragão, restrito a apenas 4 Pokémon até então (linha evolutiva de Dragonite e Kingdra)
Para a produção de Ruby/Sapphire, a tensão era algo predominante. Originalmente, o projeto era Pokémon 1 e 2 (que ficaram conhecidos como Red/Blue e Gold/Silver). E só. Uma eventual terceira geração seria vista com enjôo por parte dos fãs? Será que eles estavam indo longe demais? Segundo entrevista dada por Junichi Masuda (produtor da franquia) em 2017, dez dias antes do lançamento desses jogos, ele teve um sonho no qual os mesmos eram abertamente rejeitados pelo público. Felizmente, esse sonho não se realizou, e em 21 de novembro de 2002, filas se estendiam pelas lojas de todo o Japão.

Nesse console também, a Game Freak usou de dois recursos até hoje vistos na franquia: os remakes e os spin-offs. Fire Red/Leaf Green realmente foram pioneiros. Retornando à região de Kanto, mas agora com os “incríveis novos gráficos” do GBA! O sucesso foi certeiro, sendo o 2° jogo mais vendido do portátil, com 12 milhões de cartuchos vendidos. Se hoje existem os memes de “Sinnoh confirmed”, bem como toda mídia a respeito, agradeça a Fire Red e Leaf Green. 

Fire Red e Leaf Green foram os primeiros remakes da franquia, lançados em 2004 no Japão
Os spin-offs foram de igual ajuda. Já existiam spin-offs, é verdade. Mas foi no GBA que eles tomaram a forma que têm hoje (ou pelo menos tinham até a 6ª geração). A exemplo, Pokémon Mystery Dungeon: a versão Red Rescue Team foi o 12° jogo mais vendido do console, com 2,3 milhões de unidades. Foi um dos primeiros jogos de toda a franquia a estar em outras mãos, que não as da Game Freak. A Chunsoft fez um excelente trabalho pavimentando os caminhos que esse spin-off tem até hoje. Outro spin-off do console que teve êxito deve ser citado: Pokémon Pinball: Ruby & Sapphire, que continuou e deu fim à série de mesmo nome.

Com Mystery Dungeon, a franquia conseguiu uma gama completamente nova de fãs
Atualmente, o GBA ainda é revivido através de gameplays no YouTube, pelos emuladores e suas roms e é lembrado por curiosos que nunca haviam jogado Pokémon mas resolveram começar no console, tornando-se fãs desde então, como esta que vos escreve.

E assim termina a nossa jornada pelo Game Boy Advance. Nossa próxima parada é em 2006, onde vamos relembrar a relação de Pokémon com o DS, primeiro console a receber duas gerações da franquia. Espero vocês lá!

Revisão: Jorge Neto

Estudante de História, "nascida" em Johto, é fã da Altaria e de Galar. Pokétuber e futura professora de História, nas horas vagas treina seus monstrinhos. Benfiquista e boleira, pode ser achada enquanto cria algo pelo Twitter: @gabsjohto
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.