Além de franquias gigantescas como Pokémon, a infância de muitos foi recheada por outros desenhos/brinquedos/jogos de franquias menores, sendo que algumas ficaram no esquecimento, enquanto outras continuaram relevantes e na grande mídia até hoje. Nessa métrica, acredito que Yu-Gi-Oh! tenha sido deixado de lado pela maioria dos marmanjos por vários motivos.
Porém, nostalgia é algo muito comum e apenas com a imagem do Dragão Branco de Olhos Azuis já é possível reviver várias memórias dessa época. Yu-Gi-Oh! Legacy of the Duelist: Link Evolution parece apelar a esse público, entregando mais de 9 mil cartas, dezenas de horas de conteúdo baseado no anime e muito mais. Agora, sem mais delongas:
É hora do duelo!
Acredito que muitos fãs antigos da franquia tenham se interessado há algum tempo por Yu-Gi-Oh! Duel Links para mobile, porém, a natureza excessivamente pay-to-win acaba filtrando os jogadores que não estão dispostos a investir tanto tempo e dinheiro. Paralelamente, existiram ao longo dos anos vários jogos focados no modo single player, inclusive a primeira versão de Legacy of the Duelist, que foi lançado em 2015 para Xbox One e PS4.Nesse sentido, a versão do Switch é completa, contendo todas as DLCs do original e contendo (quase todas) as cartas lançadas até 2018! Todo jogador “das antigas” que comprar esse jogo certamente se sentirá sobrecarregado com a quantidade de efeitos, novas regras, archetypes, etc., mas já adianto: os tutoriais são bem completos e não há nenhuma pressa para aprender tudo.
O modo mais recheado e completo é a campanha que conta, resumidamente, a história completa de todas as temporadas, menos a última, Vrains: atualmente ela apenas possui três duelos normais e um booster pack. Seria interessantíssimo se o jogo recebesse atualizações gratuitas ou DLCs no futuro para aumentar a campanha, mas, sinceramente, hoje já há conteúdo suficiente para justificar a compra.
Em todo duelo da campanha existe a opção de usar o baralho histórico do anime ou um próprio do jogador e, ao vencer cada duelo, a versão reversa é desbloqueada (em que você joga com o baralho do oponente original). Ocasionalmente você desbloqueia deck lists do tema do baralho do adversário, como por exemplo, o Toon World do Pegasus e, por fim, em alguns duelos você ganha a opção Challenge, em que o adversário usa uma versão muito refinada e poderosa do seu tema original: aqui você deverá usar um baralho próprio bem forte.
A quantidade de conteúdo no modo campanha é o melhor elogio que pode ser dado, porque o resto é um tanto quanto preguiçoso. Os diálogos são condensados, superficiais, mal escritos, totalmente sem dublagem e só aparecem antes e depois do duelo, nunca durante. Seria interessante ter, em alguns duelos mais importantes, uma opção de “duelo narrativo”, com cartas e jogadas premeditadas para realmente reconstituir o duelo do anime. Seria uma opção não obrigatória, mas faria muito mais sentido, visto que quando você seleciona o baralho histórico, muitas vezes você acaba o duelo sem jogar aquele monstro / fusão temática.
Em geral, essa é a minha maior crítica ao modo. Há muito potencial para fazer algo melhor e, realmente, demonstra muita preguiça dos desenvolvedores, porque o único trabalho que tiveram foi montar os diálogos e as deck lists que seriam utilizadas em cada duelo.
Cartas, cartas e mais cartas
Felizmente, todas as cartas são adquiridas com a moeda interna do jogo, sem nenhum tipo de microtransação (ufa!). Porém, novamente, as opções são muito limitadas. Digamos que você queira construir um baralho do Dragão Branco de Olhos Azuis, como eu. Bem, ao chegar na metade da campanha da primeira temporada, você desbloqueia o booster do Kaiba, que contém basicamente todas as cartas do tema.Cada booster custa 400 DPs, sendo que você ganha de 500 a 1000 por derrota (é assim que se farma no jogo, aliás) e 1500 a 2000 por vitória. Mas o problema é o seguinte: cada booster contém 314 cartas únicas, sem nenhum tipo de proteção contra duplicatas, e como você precisará de três cópias de algumas raras para vários baralhos (normalmente você ganha uma rara por booster), você pode demorar muito para conseguir o que você quer.
Se você tiver a sorte e a sua carta estiver no baralho de algum oponente no modo história, você pode farmar ele até ganhar a carta, pois no final da partida sempre se ganha algumas cartinhas do baralho do oponente, felizmente sem duplicatas. Seria crucial ter uma alternativa a isso, seja com o craft de cartas, remoção / diminuição de duplicatas, outras opções para adquirir cartas, etc.
Um modo muito interessante é o draft play, em que você ganha cartas de uma seleção específica e monta um baralho com elas, para jogar online ou offline. Por falar nisso, existe sim o modo online, mas não há um sistema sólido de ranks, o que prejudica ainda mais um cenário competitivo que já é raro de existir. A única métrica é a quantidade de vitórias, totalmente primitiva para o cenário atual.
Sinceramente, não consigo prever a longevidade do online nesse jogo. Ele pode ser muito divertido, principalmente com amigos, mas não espere um nível de competição e diversão que se teria em outros cenários. Mas, ressalto: na minha opinião, a compra desse jogo se justifica plenamente nos modos offlines e se a nostalgia bater forte.
Detalhes finais
Alguns monstros têm curtas cinematics 3D que sempre aparecem quando eles são invocados, realmente feias para 2019, e que infelizmente não são puláveis. Além de alguns freezes que acontecem no modo portátil e docked, durante o duelo as opções são realmente lentas, espaçadas por alguns segundos de delay entre confirmações de ações. No entanto, há de se elogiar a interface, que provavelmente é a melhor de qualquer jogo de Yu-Gi-Oh!. Ah, também há suporte à tela de touch, mas não é tão preciso assim como a do jogo de mobile.Por fim, mesmo que o jogo sofra de alguns defeitos de design e de otimização, ainda assim, para todo o público alvo que eu ressaltei ao longo da análise, é uma compra segura, principalmente pelo preço atual. Só faltou um tutorial para entender o efeito do Pote da Ganância: ainda fiquei com essa dúvida.
Prós:
- Dezenas de horas de conteúdo single player;
- Mais de 9 mil cartas;
- Estilo de jogo extremamente beneficiado pela portabilidade do Switch.
Contras:
- Falta de otimização no port;
- Modo história poderia ser narrativamente melhor;
- Falta de um sistema competitivo prejudica o modo online;
- Grind desnecessariamente alto para aquisição de cartas específicas.
Yu-Gi-Oh! Legacy of the Duelist: Link Evolution — Switch — Nota: 8
Análise produzida com cópia digital cedida pela Konami