Análise: Spyro Reignited Trilogy (Switch) é fogo, magia e uma ótima agregação ao gênero

Além do fator nostálgico, a execução do remake é, no geral, muito bem feita.

em 07/09/2019

Cá estamos novamente com mais um remake de uma geração cada vez mais saudosista com os simples e épicos tempos primitivos dos videogames. Pouco tempo após a chegada de Crash Team Racing Nitro-Fueled (Switch) para o queridinho híbrido, Spyro recebeu também os holofotes após o anúncio do port de seu remake para o Switch, mesmo que um pouco mais tarde. O importante é que Spyro Reignited Trilogy (Switch) chegou e, com diversos pontos positivos, se consagrou como um game essencial para os fãs do gênero de exploração, que se encaixou perfeitamente bem no Switch.

Uma aventura começa…

Para os fãs e conhecedores da era PlayStation, os três primeiros games da franquia seguiram uma fórmula não muito rebuscada, mas que funciona extremamente bem até nos dias de hoje. Até mesmo Super Mario Odyssey (Switch) lembra alguns aspectos que lembram o carismático título de 1998, principalmente a liberdade oferecida para exploração.

Os três jogos são independentes e o jogador tem total independência para escolher qual jogar, até mesmo porque uma história não depende necessariamente das outras. Isso é extremamente subjetivo, até mesmo porque, para mim, o segundo e o terceiro jogos são mais marcantes, inclusive pelos outros personagens jogáveis exclusivos de The Year of the Dragon.


As narrativas por trás da trilogia são simples e eficazes, até mesmo para dar aquela sensação maior de exploração rápida para os jogadores, sem muitas enrolações. É fortuno e até mesmo emocionante visualizar as cutscenes refeitas com a tecnologia atual, todas extremamente fiéis aos originais, mas com uma pegada moderna e caricaturesca que é muito bem-vinda. A trilha sonora remasterizada também é excelente, com muitas músicas e toques marcantes para quem vivenciou a época dos clássicos.

Além disso, a dublagem e os textos disponíveis em português são pontos muito positivos para a versão renovada de Spyro, visto que há muita qualidade inferida e torna o game bastante acessível para todas as ideias, até mesmo porque muitas crianças, sem o entendimento das orientações textuais e da narrativa da história, poderiam ser prejudicadas pela experiência sem o estudo prévio da língua estrangeira — garantindo uma maior acessibilidade.

Três em um de respeito


Para os consumidores que não conhecem as versões originais, a premissa de Spyro é basicamente retratar mais um caricato personagem de plataforma que instiga a exploração do jogador em diversas áreas e temáticas, em todas as versões com o herói como responsável pela “salvação da pátria”, ou ao menos pela salvação da paz no Reino dos Dragões.

O clássico, entretanto não menos importante, Spyro The Dragon, o primeiro jogo da franquia, apresenta os famigerados Gnorcs e o grande chefe Gnorc como vilões que, após uma breve prerrogativa, transformaram os dragões restantes em estátuas, cabendo a Spyro a árdua missão de libertar todos eles e derrotar as criaturas grotescas.


Por ser o primeiro jogo, muitas mecânicas e facilidades não existem nessa versão, além de tudo realmente parecer mais fiel e “primitivo” de alguma forma. Não que isso seja ruim, visto que é uma transição, como acontece com todos os jogos do gênero, como Super Mario e Crash Bandicoot, realizaram com o passar dos anos. Mesmo assim, acredito que o primeiro título é o menos atraente em vários fatores, desde a gameplay até a diversidade de conteúdo, por mais que seja uma opinião subjetiva baseada na minha experiência.

O segundo título, Ripto’s Rage, incorpora diversas melhorias, até mesmo no espaço onde tudo ocorre e, principalmente, no desenvolvimento narrativo. Novas personagens, desde os “mocinhos”, como Hunter, até mesmo os vilões, como o próprio Ripto, tratam o game com um novo olhar, o que envolve muito mais o jogador nas ações realizadas e conseguem elevar ainda mais a qualidade da trama e o desenvolvimento do game no geral, que agora são movidos por Orbs.

Além disso, novas habilidades como escalada e mergulho são introduzidas como novidades vendidas pelo Moneybag, a criatura irritante que obriga o jogador a pagar com joias para progredir no game. Para tanto, a inexistência de monstros que largam joias quando são derrotados não é muito agradável, pois todos irão apenas liberar um elemento coletável que será usado para atividades secundárias — sem utilidade fora do nível. A mudança de mecânicas entre os três jogos em alguns aspectos são incômodas às vezes, principalmente quando o jogador estipula uma favorita e há essa “mistura” entre as versões.

Já o terceiro e último, The Year of the Dragon, é excelente em muitos aspectos. Das novidades que mais chamam a atenção, o aperfeiçoamento narrativo é evidente, além de haver participação de novas criaturas jogáveis, variando ainda mais a exploração e instigando o jogador a voltar nos níveis posteriormente para coletar todos os ovos de dragão que foram roubados.
Comparação entre as capas da versão original (esq) e da versão lançada para Switch (dir)
Para quem já experienciou os três games de quase duas décadas de idade, fico extremamente feliz de dizer que o trabalho de Toys for Bob conseguiu trazer de volta os bons tempos de videogame do início do século para os dias atuais com bastante proeza, até mesmo na caracterização de todos os personagens, como tornar Sheila, a canguru do terceiro game, uma criatura com muito mais personalidade e identificação. Infelizmente há bugs nos três jogos, muitos que podem de fato incomodar, como plataformas que funcionam incorretamente às vezes, e eu espero que os desenvolvedores consigam corrigir tais erros com futuras atualizações.

Um trabalho feito para fãs e novatos

O mais interessante do projeto Spyro Reignited Trilogy no Switch é sua combinação quase perfeita com a plataforma híbrida. Como muitos jogadores só têm contato com o console em curtos momentos, não seria justo impedir salvar o game no meio de um nível, como ocorre em Luigi’s Mansion: Dark Moon (3DS). Para tanto, as fadas espalhadas pelos níveis salvam seu progresso constantemente, então não há preocupações para continuar o progresso depois, o que agradará boa parte do público.

Além disso, as missões principais são bastante simples, que podem ser completadas rapidamente. Apenas as missões secundárias, para coletar orbs ou ovos de dragão, tomam um tempo maior, mas a grande maioria é prazerosa de explorar, até mesmo pelos coletáveis escondidos em algumas áreas disfarçadas. O complicado mesmo é quando o acompanhamento da câmera não funciona como esperado e atrapalha o jogador, mas quando comparado à versão original não há muito o que reclamar.

Em síntese, Spyro Reignited Trilogy é muito mais que os fãs poderiam aguardar em vários aspectos. Somado a isso, consegue cativar facilmente os admiradores do gênero de todas as idades, mesmo que não tenham testado os jogos do pequeno dragão roxo anteriormente. Mesmo com alguns bugs e alguns problemas carregados das versões originais, a tradução do game somada às possibilidades diversas da portabilidade do Nintendo Switch conseguem tornar o game, na minha visão, um dos jogos que devem ser comprados para os fãs do gênero de exploração e de aventura — e ainda melhor: para todas as faixas etárias se divertirem com a experiência.

Prós

  • Manutenção da fórmula clássica do game;
  • Exploração incentivada em vários aspectos;
  • Design criativo e atualizado da melhor forma possível;
  • Diversão para todas as idades;
  • Excelente combinação do modo portátil com a trilogia;
  • Dublagem e textos em português.

Contras

  • Eventuais bugs podem atrapalhar a jogatina;
  • Certas mecânicas diferentes em cada um dos jogos podem soar incômodas;
  • Acompanhamento da câmera nem sempre funciona bem.
Spyro Reignited Trilogy - Switch / PC / Xbox One / PlayStation 4 - Nota: 9.0
Análise produzida com cópia digital cedida pela Activision

É estudante e apaixonado por games desde seu primeiro contato com Duck Hunt e Ice Climbers do nintendinho em 2002. Fanático por Pokémon e admirador de diversas franquias, reúne seu tempo livre para escrever e tentar colocar as matérias da faculdade em dia.
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