Análise: Castle Crashers Remastered (Switch): quebrando tudo com estilo

Jogo lançado originalmente em 2008 chega ao Switch em ótima forma.

em 17/09/2019


Castle Crashers foi um sucesso quando surgiu em 2008, no Xbox 360. O remaster, lançado agora para o Switch, é uma versão aprimorada, rodando a 60 FPS, com todos os DLCs inclusos e alguns poucos extras. Ainda assim, mesmo que você já tenha jogado o anterior, o título se encaixa muito bem no híbrido da Nintendo, garantindo horas de diversão — e de pancadaria.

Bater, bater… e planejar

Castle Crashers tem uma premissa extremamente simples. Tudo ia bem em um reino distante, até que um vilão com poderes mágicos rouba um tesouro e rapta as princesas. O que fazer agora? Partir para a luta. Simples assim.

Logo no começo do game somos apresentados às mecânicas básicas e percebemos que estamos diante de um beat 'em up com elementos de RPG. Durante a aventura, você comanda um guerreiro que possui capacidades específicas: golpes com armas corpo a corpo, magia e uso de itens descobertos durante as fases, como arco e flecha, sanduíche (que deixa o seu personagem maior e mais forte durante determinado tempo), bombas e até uma pá que te permite cavar itens do chão. Além disso, ao fim de cada estágio é necessário distribuir pontos em quatro categorias específicas: força, magia, defesa e agilidade.


O uso inteligente dessa distribuição é muito importante, pois o seu personagem vai desenvolver golpes, magias e habilidades a partir de suas escolhas. Outro ponto de destaque é o fato de que os diferentes personagens jogáveis possuem características únicas. Por exemplo: entre os quatro heróis iniciais, o cavaleiro vermelho possui magia de eletricidade, enquanto o verde utiliza veneno, o laranja tem magia de fogo e o azul possui o poder do gelo. Assim, escolha bem o herói que você vai utilizar no começo. É possível continuar a jogar do ponto em que você parou com outros personagens, mas o avanço do nível e das habilidades fica sempre atrelado ao personagem e não ao jogador.

A distribuição dos pontos também permite melhorar o personagem de maneira específica. Mais agilidade permite atirar flechas mais longe e mais rápido, enquanto mais pontos de magia permitem desbloquear ações únicas. Além disso, ao avançar no game o seu personagem adquire XP e sobe de nível constantemente, o que garante não só a possibilidade de ficar mais forte como também a capacidade de carregar armas que só podem ser utilizadas em níveis específicos.

Ainda no aspecto da customização, vale destacar o uso das armas e dos pequenos animais que o acompanham. Cada arma possui características específicas. O que significa que, enquanto um machado pode aumentar a força em um ponto, a espada pode aumentar a agilidade e a defesa em dois pontos. Logo, a escolha da arma é essencial, e em algumas fases determinados equipamentos podem ser mais úteis do que outros. Essas armas são desbloqueadas ou encontradas durante os estágios, mas algumas podem ser compradas em lojas específicas pelo mapa. Existe também um ferreiro, ao qual você pode recorrer sempre que quiser trocar de armamento.

Sobre as lojas, vale dizer que elas também vendem poções para recuperar energia e outros itens. Então, é muito importante visitá-las e sempre coletar as moedas que são dropadas pelos inimigos derrotados. São essas moedas que nos permitem comprar os itens.

Como falado anteriormente, existem animaizinhos espalhados pelo jogo, que podem ser equipados. Eles também são encontrados e desbloqueados durante as fases ou comprados nas lojas. Esses bichos em formato de orbe (morcego, gato, coruja etc) acompanham o seu personagem e garantem diferentes habilidades, como aumento de defesa, capacidade de descobrir itens nos estágios, derrubar ou atacar inimigos, melhorar a capacidade de se locomover na água e mais. Enfim, são muitas as possibilidades e isso faz com que cada jogador tenha, de fato, um herói com características únicas, ainda que na maior parte do tempo, isso não se destaque no meio da ação desenfreada.


Um reino imenso para explorar

Castle Crashers apresenta um nível impressionante de fases e desafios. Em que pese o fato de que muitas vezes nos vemos em situações repetitivas, apertando loucamente o botão de ataque no meio de uma horda de inimigos, a variedade de terrenos, adversários, armas e chefes compensa a reutilização de algumas mecânicas.

No jogo, enfrentamos outros cavaleiros, mas também gigantes, monstros, peixes, morcegos, e até mesmo ninjas e aliens vindos de outro jogo! E temos como chefes um gato gigante, um milho (sim, um milho!), a medusa, dragões e muito mais. É admirável a quantidade de inimigos diferentes que aparecem durante a aventura. Como já dito, diante da ação muitas vezes repetitiva, essa constante mudança no visual e na caracterização dos personagens na tela é muito bem-vinda.



Durante o jogo, nos vemos em situações nas quais precisamos de itens específicos para avançar. Logo, a exploração é parte da proposta. De maneira talvez estranha, é possível retornar às fases quantas vezes quiser, refazendo as mesmas lutas e desafios, como se você nunca tivesse passado por lá. Isso é bom para grindar em busca de melhorar o personagem ou para encontrar algum item esquecido, mas não faz sentido na progressão da história.

O caminho é perigoso. Não vá sozinho.

Mais do que se munir com os equipamentos e armas certas, aqui é importante jogar em conjunto. Castle Crashers permite o multiplayer com até quatro jogadores e, nesse caso, quanto mais melhor. A partir de dois jogadores o desafio já se torna palatável e o avanço não é tão penoso e cansativo quanto no modo singleplayer. A sensação que fica é que o modo para um jogador é apenas um paliativo. Não que o jogo seja ruim nessa circunstância, mas o problema é que, aparentemente, não existe nenhuma adaptação ou diferença na quantidade de players na tela. O número de inimigos em alguns estágios é muito grande e, mais do que a questão da dificuldade, o problema está na demora e nas ações extremamente repetitivas para se livrar das hordas que atacam sem trégua.

Uma dica importante é que, na tela de seleção, é possível escolher o perfil de cada jogador atrelado a uma conta específica no Switch. Para fazer isso, basta apertar "Y" na hora de escolher o seu personagem. Isso é útil porque, se cada jogador fizer progresso no singleplayer, ao jogarem juntos todos levarão seus dados para o multiplayer: níveis, armas, magias etc.


Luta pela honra

Castle Crashers oferece muita diversão no modo multiplayer (local ou online) e desafio de sobra para quem quiser se aventurar sozinho. Com gráficos muito bonitos, carisma e enorme quantidade de armamentos, inimigos e customizações, o título é uma ótima pedida para fãs de aventura com elementos de RPG. Essa edição conta ainda com alguns extras, como um modo arena (também disponível dentro do jogo principal) em que dois a quatro jogadores lutam até a morte e o modo Back Off Barbarian, que se assemelha a um game de ritmo em cima de um tabuleiro em que precisamos fugir dos inimigos em uma luta contra o tempo. Esses extras, contudo, são acréscimos que não somam muito à atração principal. A campanha, especialmente no multiplayer, é o que Castle Crashers tem de melhor e, sim, ela vale cada segundo, tanto para os novatos como para aqueles que querem revisitar o jogo de onze anos atrás.

Prós

  • Campanha longa e estimulante;
  • Grande quantidade de inimigos, itens, armamentos e customizações;
  • Multiplayer divertido e com possibilidade de guardar o progresso individual.

Contras

  • Ações repetitivas demais, principalmente jogando no singleplayer.

Castle Crashers Remastered — Switch — Nota: 9.5
Análise produzida com cópia digital cedida pela The Behemoth
Revisão: Davi Sousa



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Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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