Análise: Attack of the Toy Tanks (Switch): uma boa ideia desperdiçada

Quem nunca sonhou em controlar um tanque de brinquedo em um mundo em miniatura?

em 02/09/2019

Attack of the Toy Tanks é um jogo desenvolvido pela Petite Games com uma premissa simples e interessante: comandar um tanque de guerra de brinquedo em uma luta para ser o único a sobreviver. Infelizmente, o título não cumpre muito bem tudo que promete e a proposta, que poderia render um ótimo game, permite uma experiência apenas razoável. Ainda assim, não é todo dia que se pode controlar um tanque de guerra em mundo em miniatura, não é mesmo?

Um mundo de brinquedo

Se você já jogou Micro Machines (SNES) ou é fã de filmes como Toy Story, já está familiarizado com o tipo de ambiente que Attack of the Toy Tanks tenta recriar. No jogo, você controla um tanque de guerra de brinquedo que, em meio a cenários cotidianos, precisa derrotar outros tanques. A ideia, contudo, não é desenvolvida de maneira suficientemente competente. Os ambientes são cópias uns dos outros, com as mesmas peças de lego, chaves ou brinquedos espalhados, e mesmo com algumas inserções, como fases na neve ou à noite, o fato é que quase não existe variação ou inovação entre elas. Assim, esse mundo de brinquedo que deveria parecer ter vida se mostra apenas uma simulação simples e rasteira.

O jogo possui 60 fases, nas quais jogamos contra uma inteligência artificial banal e sem muita criatividade. Depois de algumas poucas partidas é possível entender o raciocínio utilizado pela máquina e o maior desafio é evitar outros obstáculos na tela, que vão de minas e espinhos a barreiras de raio laser que impedem a progressão. Outra decisão questionável é o fato de que todos os estágios já estão desbloqueados desde o início, tirando do jogador o desafio de progredir entre elas. Sobre a dificuldade, é importante dizer que basta levar um tiro ou tocar em algum item letal para que você seja eliminado, e o mesmo vale para os inimigos. No entanto, em algumas fases enfrentamos mais de um tanque, o que exige um pouco mais de atenção.



Conforme dito no começo da análise, os estágios são incrivelmente repetitivos e nem mesmo a adição de diferentes tipos de armamento tornam as batalhas mais empolgantes. Quanto a esse aspecto, existem tiros duplos, com curvas e outros que ricocheteiam. No entanto, não é possível desbloquear ou decidir como equipar esses armamentos. Eles são características das fases. Assim, existe pouco espaço para criar diferentes estratégias de jogo.

Dirigir um tanque

Guiar um tanque de guerra parece ser uma experiência empolgante, mas não aqui. Attack of the Toy Tanks possui duas opções de controle: uma em que você utiliza o analógico esquerdo para andar, o analógico direito para mirar e o botão A (ou R) para atirar; e outra (realmente bizarra) em que você deve ir para a frente segurando L, para trás com o ZL (ou B), mirar com o analógico direito e atirar com A (ou R). Esses dois esquemas de controle não são customizáveis e não há realmente nenhum motivo para alguém optar pelo segundo modelo, a não ser aumentar dificuldade (do jeito errado). Vale dizer, no entanto, que mesmo utilizando a movimentação com o analógico esquerdo, a jogabilidade não flui bem. Os movimentos são travados e muitas vezes você vai perder uma partida porque os controles não responderam com a precisão que deveriam.

Isso fica ainda mais evidente no multiplayer. É possível disputar partidas entre dois jogadores em oito estágios distintos, nas mesmas regras do singleplayer e com os mesmos problemas de jogabilidade lenta e repetitiva. Um agravante aqui é o fato de que, por conta das opções dos controles, só é possível jogar no modo competitivo se você possuir um Pro Controller ou quatro Joy Cons, algo que certamente limita a experiência de muitas pessoas.

Uma boa ideia (e uma execução fraca)

Attack of the Toy Tanks é o tipo de jogo que você vai querer gostar, mas não vai conseguir. Ele possui um visual carismático e passa a ideia de um multiplayer interessante e divertido. No entanto, as disputas, com a inteligência artificial ou com outras pessoas, inevitavelmente se tornam maçantes e pouco atrativas. É um game bom para algumas poucas partidas, mas não é uma opção na qual a maior parte das pessoas investiria muito tempo.

Prós

  • Visual carismático;
  • Quantidade satisfatória de estágios no modo singleplayer.

Contras

  • Jogabilidade repetitiva;
  • Inteligência artificial previsível;
  • Controles pouco otimizados;
  • Multiplayer cansativo.
Attack of the Toy Tanks — Switch — Nota: 5.5
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
Revisão: Davi Sousa
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Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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