Análise: Warlock's Tower (Switch) é um puzzle nostálgico, brasileiro e repleto de trocadilhos

Analisamos a experiência desse título que, mesmo curto, pode agradar aos fãs de quebra-cabeças desafiadores.

em 21/08/2019
Jogos de qualidade têm aparecido cada vez mais entre os desenvolvedores independentes do Brasil. Não é diferente com Warlock’s Tower (Switch), criado pela Midipixel, que te levará para a torre de um feiticeiro com trocadilhos na ponta da língua, capaz de criar quebra-cabeças complexos e exigir a sua vida por cada passo. Mesmo sendo uma experiência curta, o jogo exige do raciocínio dos jogadores para as fases mais difíceis e, fiel à estética do Game Boy, pode despertar a nostalgia nos gamers mais velhos.

A cada passo, uma vida

Em um reino pixelado e medieval, um feiticeiro maligno decide que deseja destruir o mundo. Sem a existência da internet, porém, os reis decidem entregar uma carta de paz ao homem, mas há um problema: ninguém tem a coragem para subir a torre na qual ele mora, pois ela é cheia de magias e armadilhas prontas para matar o primeiro que lá pisar.

O feiticeiro e proprietário da torre fará todo o possível para impedir que você chegue ao topo.
Obviamente, há sempre um herói disposto a enfrentar os terríveis desafios para salvar o mundo: você, vivendo o papel de um carteiro que entregará a oferta de paz dos reinos. A cada andar da torre que você avança, o feiticeiro insere novos desafios para tentar te destruir.

O objetivo em cada uma das salas é chegar à saída sem que as vidas acabem mas, a cada passo, o personagem perde uma delas. Por meio dos itens de três ou cinco vidas ao longo do ambiente, é possível se recuperar e obter passos suficientes para chegar à porta. Como em qualquer título de puzzle, mecânicas dificultadoras são inseridas ao longo da aventura.

Quando você coleta um item, seu contador é substituído pelo número coletado.
Dentre as novidades, temos a inserção das chaves, item necessário para abrir a porta de saída; os zumbis, que avançam um passo pela fase a cada três passos do jogador; e o teletransporte, o qual permite ir para diferentes pontos da sala sem reduzir suas vidas. Cada uma delas é inserida progressivamente, de forma que o jogador aprenda primeiro como a mecânica funciona. Porém, conforme essas mecânicas aparecem juntas, a dificuldade do jogo cresce de forma desequilibrada.

Uma das principais frustrações que encontrei no título é o aumento da dificuldade quando todas as mecânicas estão juntas em uma mesma fase, pois há a sensação de que existem poucas soluções para o desafio diferentes daquela pretendida pelo desenvolvedor. Em qualquer jogo de puzzle esse poderia ser citado como um ponto positivo mas, quando numa sala grande, você se perde na tentativa e erro ao tentar acertar os movimentos exatos necessários para vencer.

As coisas podem ficar um pouco cabulosas...


Para reduzir a frustração do jogador, o uso do botão B insere um checkpoint, de onde é possível continuar após a morte. Porém, muitas vezes você perceberá que inseriu um marcador após um movimento errado e precisará recomeçar. Essa sensação, nas fases mais difíceis, acaba tornando a experiência frustrante. Porém, certamente poderá agradar àqueles que aproveitarem-na de forma gradual.

Feito para curtir aos poucos

A dificuldade, que pode ser frustrante em algumas das fases, é, na verdade, um dos pontos positivos do título. Ao quebrar a cabeça por vários minutos em cada desafio, o jogo te incentiva a pausar e voltar para o gameplay em outro momento. Assim, uma experiência curta pode ser aproveitada durante vários dias em pequenas doses, seja aproveitando o estilo artístico retrô ou as trilhas sonoras em 8-bits.

De longe, Warlock’s Tower é uma fiel recriação dos títulos para Game Boy. Com gráfico apresentado em uma sutil grade de pixels, a nostalgia está presente em todos os aspectos do jogo. Cada novo andar é representado por uma cor apenas, e a trilha sonora indica o progresso por meio da alteração das melodias. Porém, em longas sessões de jogatina, as faixas curtas se tornam repetitivas enquanto você pensa na solução das fases.

A tela de título mostra a qualidade e cuidado com a pixel art do jogo.


Por fim, os momentos de uso do raciocínio são intercalados pelas aparições bem humoradas do feiticeiro que, com seus trocadilhos, avisa o carteiro sobre as ameaças que está inserindo. Será ele uma ameaça, ou um tutor? A impressão inicial de enredo simples mostra-se incorreta quando você se envolve com o feiticeiro tentando matá-lo.

Se você curte quebra-cabeças difíceis e fica nostálgico com lembranças da época do Game Boy, Warlock’s Tower é um título de qualidade da cena independente brasileira. Ele entrega uma experiência curta, mas que exibe cuidado dos desenvolvedores em cada detalhe. Porém, para longas sessões de jogatina, a alta dificuldade de algumas salas pode deixar o jogador frustrado, já que há poucas soluções para cada um dos desafios.

Prós:

  • Puzzles de alta complexidade tornam a experiência desafiadora;
  • Ambientação a la Game Boy.

Contras:

  • Poucas soluções para os quebra-cabeças mais complexos podem frustrar o jogador.
Warlock's Tower — Switch/PS4/XBO/PC/Mobile — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Vinicius Fernandes
Análise produzida com cópia digital fornecida pela Ratalaika Games 

Fã de games desde pequeno, quando começou sua jornada com Mario e Zelda lá no SNES. É formado na área das engenharias e trabalha com desenvolvimento de software.
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