Análise: My Friend Pedro (Switch) é uma aventura absurdamente explosiva

Deixando toda a lógica de lado, título publicado pela Devolver Digital abraça o insano para entregar uma aventura cheia de tiroteios, onde tudo começa com uma banana.

em 07/08/2019

Você é acordado por uma estranha e insistente voz. Observando os arredores, percebe que está em uma sala estranha e escura, sem se lembrar do que aconteceu e por que está ali. De repente, o dono da voz misteriosa se apresenta: uma banana falante, que atende pelo nome Pedro. É nesse cenário inusitado que somos introduzidos a My Friend Pedro. O shoot’em up 2D desenvolvido pelo estúdio DeadToast Entertainment e publicado pela Devolver Digital traz uma divertida, curiosa e bizarra experiência que convida o jogador a aperfeiçoar-se na arte de matar seus inimigos.

Oi, eu sou o Pedro

Os primeiros minutos de My Friend Pedro são suficientes para dar uma noção do quão irreverente o título é - afinal, ter a companhia de um amigo na forma de uma banana consciente e sarcástica não é exatamente algo comum. Acredite, isso é apenas uma das coisas que não farão muito sentido. O jogo aproveita-se dessa lógica para criar uma experiência realmente divertida, de modo que mesmo quem estranhe os absurdos de início rapidamente irá se acostumar.



A história é simples e não apresenta muitas variáveis ou profundidade, com alguns diálogos durante o gameplay para acrescentar pequenas informações pontuais. Até o final, você saberá a razão (um tanto bizarra) para tudo o que acontece no jogo, porém a trama realmente não é um dos pontos mais relevantes da experiência. No caso de My Friend Pedro, isso não é um problema, já que o título tem seu brilho em outros aspectos que não demoram a se destacar.

A busca do nosso protagonista por respostas sobre o seu passado rapidamente se torna uma aventura repleta de frenéticos tiroteios, onde deve-se eliminar os inimigos com o máximo de estilo possível. Para isso, o jogo faz questão de oferecer vários recursos ao jogador (como armas de fogo e itens), além de ensinar como usá-los a seu favor. A banana Pedro desempenha um papel de tutorial, sempre guiando o jogador sobre o que deve ser feito desde o momento em que a primeira pistola é adquirida. Mas o arsenal que o jogo oferece vai muito além e inclui outros tipos de armas, como metralhadoras e espingardas.



Para lidar com  o número de inimigos, que crescerá cada vez mais conforme avança nas fases, o jogador terá à disposição várias habilidades úteis para matá-los da maneira mais criativa possível, enquanto evita ser atingido. Por exemplo, as armas duplas são equipadas em cada mão, e isso oferece a possibilidade de dividir a mira e atirar com cada arma em um inimigo diferente. As paredes do cenário podem ser usadas para saltos contínuos e alcançar lugares mais altos, enquanto as cordas permitem se balançar de um lado para o outro e distribuir balas para todos os lados. Mas, para deixar tudo muito mais interessante e insano, o combate inclui mais do que apenas armas de fogo.

O jogador também tem pode (e deve) fazer uso de elementos do cenário para a matança, como as bolas de basquete e as frigideiras, que podem ser arremessadas direto nos inimigos. Algumas placas que ficam estrategicamente posicionadas nas fases podem refletir os tiros para outra direção e acertar inimigos fora de alcance - inclusive, as frigideiras também podem ter a mesma função. Com os barris explosivos, o jogador pode mandar vários inimigos pelos ares ao mesmo tempo com um único tiro certeiro. Em algumas fases, um skate fica à disposição para causar verdadeiros estragos em alta velocidade, e alguns níveis contam até com uma moto. Todos esses elementos adicionam uma boa dose de diversão ao serem usados, além de garantirem hilárias e insanas situações durante o gameplay.



Mesmo com tanta criatividade e adrenalina caminhando juntos, My Friend Pedro ainda consegue evitar uma derrapagem em relação à adaptação com os controles, pois eles são simples e fáceis de aprender. A banana Pedro irá aparecer às vezes e te lembrar que alguma habilidade que você não está usando pode ser usada na situação em que se encontra. A divisão da mira entre dois inimigos é o recurso mais complicado por exigir o uso dos dois analógicos, mas é uma mecânica fácil de se acostumar. Desviar das balas, saltar ou escorregar… tudo é facilmente executado nos Joy-Con com o pressionar de poucos botões. Mas, com tanta ação acontecendo todo o tempo, às vezes desacelerar um pouco as coisas pode ser o caminho necessário. E aqui temos um dos recursos mais interessantes do jogo.


Ação em estilo Matrix

Um dos recursos mais bacanas de My Friend Pedro é o bullet time, ou seja, deixar tudo em câmera lenta para executar seus inimigos com maestria. Ao usar o recurso de foco, a velocidade do jogo é reduzida significativamente e você poderá eliminar seus inimigos com muitas acrobacias e balas precisas. Isso é muito útil para montar combinações criativas, como chutar uma frigideira na direção de um bandido, atirar nela em seguida e refletir as balas para matar outro inimigo. Esse recurso possui um tempo limite, portanto é preciso gerenciar bem o seu uso para não ser pego de surpresa no do fogo cruzado sem conseguir escapar. Com o uso correto do bullet time, é possível transformar nosso protagonista em uma verdadeira máquina de matar que deixaria o lendário Neo orgulhoso.



Toda essa gama de movimentos tem um fluxo muito interessante,quase como se fosse uma coreografia. Simplesmente matar os inimigos e chegar ao final da fase é suficiente para prosseguir nas fases, mas para obter pontuações mais altas será preciso combinar várias habilidades em sequência e diversificar na execução dos inimigos, além de não morrer. Fazer isso no menor tempo possível e sem interrupções exige uma certa prática e, em alguns casos, até o conhecimento prévio do cenário. Realizar uma nova tentativa nas fases para melhorar a forma de matar é um esforço realmente divertido de fazer. Os melhores tempos de cada fase são registrados nos placares de líderes online.



O jogo também apresenta alguns puzzles durante as fases. Geralmente são desafios simples de serem resolvidos, envolvendo seções de plataforma ou acertar determinados alvos. Embora diversifiquem um pouco o gameplay, certos desafios são um pouco desnecessários por quebrar o ritmo dos tiroteios  - justamente onde o título se destaca mais. Esse problema é bem mais evidente nas últimas fases, onde as partes envolvendo os puzzles são mais demoradas e difíceis. As áreas que focam demais na exploração de plataformas, que também surgem mais para frente, se tornam rapidamente enjoativas.



Graficamente, My Friend Pedro é um jogo razoável e não desaponta, apresentando um bom desempenho tanto em modo portátil quanto na dock. A trilha sonora é competente o suficiente e se encaixa bem nos cenários apresentados, criando uma boa harmonia. Porém, os inimigos quase não possuem nenhuma variação entre si, o que causa uma certa impressão de repetição conforme progredimos nas fases. Felizmente, os bosses que surgem no final de cada mundo são mais variados e bem mais desafiadores, além de exigirem que o jogador tenha uma boa estratégia para abatê-los.

Exageradamente insano e divertido

My Friend Pedro oferece uma experiência inusitada e que, embora seja repleta de exageros, consegue combinar tudo muito bem em um estilo único. A todo momento, ele desafia o jogador a dominar as suas mecânicas, melhorando sua performance na execução dos inimigos para obter pontuações mais altas. Ainda que tenha alguns problemas, sem dúvidas, o jogo é capaz de entregar uma diversão que não é tão comum em outros títulos. Torne-se um verdadeiro assassino em uma aventura completamente insana porque, bem… porque uma banana te pediu.


Prós

  • Jogabilidade  divertida e frenética;
  • Mecânicas criativas para matar os inimigos;
  • Efeito de bullet time bem implementado;
  • Tiroteios frenéticos intercalados com áreas de puzzles.

Contras

  • Nas fases mais avançadas, algumas seções de puzzle enjoativas;
  • Inimigos com quase nenhuma variedade.

My Friend Pedro — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital
Revisão: Davi Souza
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