10. Ultimate Spider-Man (GC)
As expectativas em torno de Ultimate Spider-Man eram bem altas na época de seu lançamento. Produzido pela Treyarch pouco tempo depois do grande acerto da produtora com Spider-Man 2 (Multi), o jogo precisava arcar com de um lado as esperanças do público em obter mais uma experiência revolucionária com o Cabeça de Teia, e do outro com um ciclo produtivo acelerado encomendado pela proprietária Activision.O título buscou explorar uma integração bastante estreita com os quadrinhos. Os visuais realistas dos tie-ins de filmes deram lugar a um estilo gráfico totalmente quadrinhesco, transportando o traço do desenhista Mark Bagley para o espaço tridimensional. Para os roteiros, o badalado roteirista Brian Michael Bendis ficou encarregado de produzir uma trama que não apenas recriou os ambientes da série de sua criação, Ultimate Spider-Man, mas também garantindo que a trama se tornasse canônica na cronologia da revista mensal. Até mesmo as cutscenes contam com "molduras" de quadrinhos, aumentando a sensação de “gibi jogável”!
O título explorou alguns elementos que deram certo na fórmula do antecessor, mexendo em alguns aspectos-chave da jogabilidade — a maioria dos fãs diria que para pior. A possibilidade de jogar com Venom trouxe alguma diversidade para a jogabilidade, e foi precursora do twist “jogue com o vilão”, que daria as caras em jogos como inFAMOUS (PS3/PS4) e Spider-Man: Web of Shadows (Multi). Mesmo sem ser um “ponto fora da curva” como seu antecessor, trata-se de uma aventura sólida do Homem-Aranha que vale ser conferida.
9. The Incredible Hulk: Ultimate Destruction (GC)
Produzido pela Radical Entertainment, Ultimate Destruction é um jogo que sumariza as principais características que se esperaria de uma boa adaptação do Hulk: explosões, porradaria e ignorância generalizada. Ainda que seu acabamento visual pareça irremediavelmente datado nos dias de hoje, a aventura em mundo aberto foi o único título até agora que mostrou o potencial solo do Gigante Esmeralda.
Ao invés de apenas dividir o foco como mais um típico brawler parrudo em uma seleção variada de personagens, a jogabilidade aqui recria perfeitamente a vibe das aventuras clássicas do anti-herói nos quadrinhos: fuga urbana destrutiva e combates absolutamente bombásticos. Vale tudo na hora de entregar o sabor especialmente ignorante de heroísmo de Bruce Banner: da escalada de prédios a um arsenal de golpes cataclísmicos, passando por técnicas sofisticadas como partir um carro em dois e usar as metades como luvas de boxe. O experimento deu tão certo que a produtora investiria em uma IP própria explorando o mesmo anti-heroísmo urbano: a série Prototype. O que faz desse título um curioso “protótipo de Prototype”!
8. LEGO Marvel's Avengers (Wii U)
Dado o tamanho do sucesso do Universo Cinematográfico Marvel, é de se espantar o quão tímidas foram até agora as tentativas de adaptá-lo para experiências jogáveis. Ou não, já que a maldição dos games baseados em filmes assombra a indústria desde o infame E.T. the Extra-Terrestrial (Atari 2600), e as expectativas com uma adaptação do UCM colocam um peso extra para qualquer empreitada do tipo.
Felizmente, se existe uma developer especializada em lutar contra a maldição do pequeno E.T. é justamente a TT Games, cujo trabalho na série LEGO é conhecido por oferecer adaptações muito divertidas de franquias de sucesso. LEGO Marvel's Avengers (Multi) veio na sequência de LEGO Marvel Super Heroes (Multi), deixando temporariamente o universo dos quadrinhos de lado e focando exclusivamente no UCM. Para os fãs, um prato cheio repleto de personagens que vão dos grandes favoritos até os mais obscuros. Até mesmo a Nova York do jogo difere da do antecessor, no sentido de que é toda tematizada e ambientada de acordo com os filmes.
Uma experiência LEGO de alta qualidade, o título peca apenas pela falta de inovação em relação ao jogo anterior, que acaba por ressaltar a ausência dos heróis e vilões ainda não adaptados para o UCM, notadamente os núcleos inteiros dos X-Men e do Quarteto Fantástico. Ainda assim, uma aposta sem erro para um co-op local divertido e despreocupado.
7. Thor: God of Thunder (DS)
Sem dúvida a grande "joia oculta" dessa lista (e olha que desse assunto a galera da Marvel entende!), Thor: God of Thunder provavelmente foi prejudicado tanto pela já citada maldição dos jogos baseados em filmes quanto pelo fracasso de público e crítica de sua contraparte nos consoles de mesa — a qual não tem absolutamente nada a ver com esse jogo exceto o título.
Desenvolvido pela WayForward (de Shantae e Mighty Switch Force), o jogo agrada já de cara pelo excelente trabalho de sprites, com animações detalhadas e efeitos visuais que combinam perfeitamente a pegada cinematográfica com o estilo gráfico 16-bits. O título de ação 2D traz um level design simples, porém bastante eficiente e desafiador, que consegue dar suporte ao seu outro grande trunfo: a jogabilidade. Contando com uma ótima diversidade de ataques e combos, o jogador pode se divertir por horas a fio lançando o Mjolnir pelas duas telas, emendando golpes físicos com trovões enquanto explora os quatro cantos de Asgard. Uma forte recomendação para os fãs do gênero em busca de uma boa surpresa!
6. Marvel Super Heroes In War of the Gems (SNES)
Ajudando a tirar o gosto amargo deixado pelo tenebroso Captain America and the Avengers (SNES) três anos antes, Marvel Super Heroes In War of the Gems é o beat ‘em up 16-bits que o Super Nintendo merecia desde o início. Produzido pela Capcom, veterana do gênero, o título trouxe uma dinâmica interessante que misturava desafios de plataforma com a tradicional porradaria em duas dimensões.
Embora os personagens não se movimentem em profundidade na tela (o que simplifica um tanto os combates), o level design compensa isso ao combinar diversos elementos bacanas e inesperados para o gênero, resultando em uma experiência cheia de surpresas legais. Escolhendo entre Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Homem-Aranha e Wolverine, o jogador percorre oito fases divididas em dois grupos de quatro, na ordem que bem preferir, a la Mega Man. Além disso, power-ups coletáveis podem ser utilizados estrategicamente em conjunto com as Gemas do Infinito, incentivando a exploração das fases com heróis e itens diferentes.
5. Spider-Man: Shattered Dimensions (Wii)
A estreia da Beenox à frente do herói foi também o melhor jogo da produtora de Crash Team Racing Nitro-Fueled (Multi) a se utilizar da licença aracnídea. O grande destaque aqui fica por conta da criatividade: ousando romper com o padrão bem estabelecido de open world para os jogos do herói, a produtora voltou ao velho esquema de fases... com um belo twist!
Ao invés de abrodar uma versão única do herói, temos quatro Homens-Aranha diferentes, cada qual no seu universo, lutando em torno de uma ameaça comum: o universo tradicional dos quadrinhos (Universo 616), o Universo Ultimate, o Universo 2099 e a versão Noir do personagem. Cada um desses heróis possui um estilo de jogabilidade próprio e único, e cada universo conta com um acabamento gráfico condizente com seu tema. O jogo vai da ação furtiva do Homem-Aranha Noir até a loucura cyberpunk do Homem-Aranha 2099, passando por uma revisitação à versão Ultimate, agora em posse do traje simbionte.
A execução é muito boa e consegue bancar a proposta, ainda que não seja revolucionária ou mesmo deixe de explorar totalmente a fundo todas as ideias que apresenta. Um jogo memorável do aracnídeo, que ganha pontos principalmente pela inventividade. Insomniac, que tal seria algo desse tipo, hm?
4. LEGO Marvel Super Heroes (Wii U)
Depois de adaptar gradualmente vários personagens da Distinta Concorrência na série LEGO Batman, nada mais justo para a franquia LEGO do que dar um pouco de atenção para o lado marvete da força. O primeiro LEGO Marvel Super Heroes (Multi) se destaca justamente pela inventividade e extensão da adaptação do universo em questão. O elenco de personagens é generoso e diversificado, trazendo heróis e vilões que vão dos mais conhecidos até algumas surpresas inesperadas para os quadrinheiros de longa data.
O level design coloca para funcionar muito bem o esquema já bem conhecido da franquia dos bloquinhos, tornando esse show de fanservice na aventura mais sólida, dentre as três já lançadas, das que fazem parte da série. Quarteto Fantástico, Guardiões da Galáxia, X-Men, Vingadores e Inumanos lado a lado em uma jornada pelos quatro cantos desse universo: trata-se de uma pedida certeira para uma boa jogatina cooperativa. A mistura de quadrinhos com cinema garante que tenhamos aqui um pouco do melhor dos dois mundos — é tudo tão animado e colorido que se torna quase impossível não deixar de lado a facilidade dos desafios repetitividade da fórmula e simplesmente se divertir por horas e mais horas.
3. Spider-Man 2 (GC)
A grande lenda dos jogos baseados em filmes. E veja só: não se trata de um jogo baseado em franquia (como Shadow of Mordor ou Star Wars: Knights of the Old Republic), mas do bom e velho tie-in cinematográfico com o mesmo nome, lançamento simultâneo ao filme e onde a capa do jogo imita a capa do filme e tudo mais! Deixando de lado a série LEGO, provavelmente a versão para consoles de Spider-Man 2 é a adaptação tradicional de filme para game mais respeitada e lembrada dentre os fãs.
A produtora Treyarch já havia acertado com o antecessor Spider-Man: The Movie (GC), explorando o Aranha cinematográfico de Sam Raimi ao emprestar um pouco dos jogos do herói produzidos pela Neversoft (que a Treyarch havia portado para o saudoso Dreamcast). Na sequência, ao invés de seguir a narrativa tradicional em capítulos, os produtores optaram pela aposta arriscada no formato open-world, que vivia um período de plena ascensão em meio ao sucesso da “trilogia Grand Theft Auto 3”.
Não apenas a ideia foi inovadora, mas a execução se saiu melhor do que a encomenda. Pela primeira vez em um game, tornou-se possível simular a experiência de se balançar por teias ao longo de Nova York ao autêntico estilo do herói. Alternando entre as missões de história e sidequests randômicas de combate ao crime, o jogador se sente na pele do herói aracnídeo como em nenhum outro título até então. Os visuais datados não podem ser motivo para se distanciar desse daqui, que por muito tempo foi o melhor jogo do Aranha, curiosamente um tie-in do melhor filme do Aranha. Spider-Man (PS4) pode ter clamado esse título mais de uma década depois, mas inegavelmente deve muito ao antecessor em termos de inspiração.
2. Marvel Ultimate Alliance (Wii)
O terceiro título da série de RPGs de ação da Raven Software chegou bem cedo no ciclo de vida do Wii, em um port competente via Vicarious Visions. A implementação dos controles de movimento foi um tanto rudimentar, mas as opções de controle tradicional remediaram bem a situação, deixando o controle da pancadaria super-heroica via chacoalhar do Remote como um opcional adicional interessante.
Focando mais na ação do que nos elementos de RPG vistos nos dois X-Men Legends, o título se garantiu através de uma jogabilidade acessível e diversificada, com cada herói controlando de forma bastante diferente e com desafios pensados para estimular a exploração de combinações diversas de equipes heróicas. Com seu elenco robusto, toneladas de desbloqueáveis com referências aos quadrinhos clássicos, fases variadas e missões especiais de personagem até uma seleção de uniformes icônicos, o título foi um prato cheio de fanservice para os fãs do Universo Marvel. Os únicos (e relativos) "poréns" em relação ao seu predecessor foram o sacrifício da complexidade de customização em nome da acessibilidade, além da narrativa pouco centrada, dada a escala do crossover proposto.
1. X-Men Legends II: Rise of Apocalypse (GC)
X-Men Legends II: Rise of Apocalypse é o modelo perfeito de sequência. Expandido sobre todos os acertos do game anterior e adicionando novidades e twists o suficiente para se tornar uma experiência totalmente diferente, o RPG de ação da Raven Software conseguiu superar o antecessor e se tornar rapidamente o game definitivo do mutante, título que mantém invicto até hoje — não que a concorrência tenha sido lá muito ferrenha, mas um mérito é um mérito.
Expandido o elenco de mutunas para incluir não apenas os alunos de Xavier, mas também os super-vilanescos seguidores de Magneto (incluindo aí o próprio), a trama do jogo traz uma aliança entre X-Men e Irmandade contra o vilão ultra-poderoso Apocalypse. O conforto da Mansão Xavier é deixado de lado em favor de uma viagem por paisagens hostis ao longo de todo o mundo — locais icônicos da franquia como a Terra Selvagem e Genosha fazem parte do itinerário. O título também chuta o balde no quesito fanservice, deixando a tímida adaptação do Universo Ultimate tentada pelo antecessor de lado em favor de uma experiência recheada de figuras totalmente obscuras dos quadrinhos mutantes.
Com uma grande variedade de habilidades passivas e ativas, cada mutante conta com um estilo próprio de jogo, que pode ser customizado através de equipamentos e trajes customizáveis. De formações clássicas até versões distópicas da saga Era do Apocalipse, nenhum canto da rica história mutante até então foi ignorado. Trazendo uma experiência pra lá de completa e memorável, o jogo acabou sendo para o (também ótimo) primeiro X-Men Legends o que Diablo II (PC) foi para Diablo (PC/PS). A adaptação deste formato para os consoles foi totalmente à frente de sua época — e a versão de Game Cube conta com visuais ligeiramente mais nítidos em comparação ao PlayStation 2 e, principalmente, multiplayer local para até 4 jogadores sem a necessidade de qualquer acessório adicional.