Prévia: Fire Emblem: Three Houses (Switch) - um importante passo para a franquia de SRPGs

O RPG estratégico será lançado para Switch no dia 26 de julho com uma série de novidades promissoras.

em 06/07/2019
Iniciada no NES em 1990, a franquia de RPGs estratégicos Fire Emblem demorou 13 anos para chegar ao Ocidente. Apesar de se tratar de uma série de nicho, a IP conseguiu um lugar especial entre as séries da Nintendo após o sucesso de Fire Emblem Awakening, que poderia ter sido o seu último título.

Desde então tivemos também Fire Emblem Fates e Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia (remake de Fire Emblem Gaiden), além dos spin-offs Tokyo Mirage Sessions#FE e Fire Emblem Warriors. Em meio ao grande sucesso de seus antecessores recentes, Fire Emblem: Three Houses marca a estreia da série da Intelligent Systems no Nintendo Switch (desconsiderando o spin-off Warriors) e um momento importante para que ela se expanda ainda mais.

Uma academia para guiar o futuro de três reinos


No continente de Fódlan, há três reinos: o milenar Império Adrestiano, que comanda o sul; o Reino Sagrado de Faerghus nas áreas frígidas do norte; e a Aliança Leicester composta por uma liga de nobres ao leste. Mesmo com discordâncias políticas e uma violenta guerra no seu passado, as nações atualmente vivem em relativa harmonia com um equilíbrio entre suas forças. No meio delas, está a Igreja de Seiros, que, além de oferecer serviços religiosos, administra uma grande academia no Monastério de Garreg Mach.


Essa instituição de ensino de elite localizada na região central do continente entre os três reinos é fundamental para a formação dos jovens nobres que um dia comandarão o futuro de suas nações. No papel de um mercenário (ou mercenária) a serviço de seu pai Jeralt, o jogador acaba sendo contratado pelo monastério após demonstrar um poder extraordinário durante um certo incidente.

Como professor, sua primeira grande escolha é a de quais serão os seus alunos. A academia é dividida em três casas, cada uma referente a um dos reinos: Black Eagles (Adrestia), Blue Lions (Faerghus) e Golden Deer (Leicester). Cabe ao jogador escolher qual delas estará sob sua responsabilidade e treinar os seus estudantes para que eles possam desenvolver suas habilidades de combate.

Primeiramente, temos a casa Black Eagles, cuja representante é a jovem Edelgard von Hraesvelgr, princesa imperial e herdeira do trono do Império de Adrestia. Mantendo sempre uma postura solene, a marca registrada da personagem é ser bastante cautelosa. Isso se reflete perceptivelmente em como ela age, sempre avaliando cuidadosamente o que está ao seu redor. Sua preferência em termos de armas é o machado.

Além dela, também fazem parte da casa o estrategista Hubert von Bestla, um indivíduo calculista cuja família sempre serviu à família imperial diretamente; Ferdinand von Aegir, nobre primogênito que vê Edelgard como uma espécie de rival e está sempre tentando superá-la; Linhardt von Hevring, um jovem nobre inteligente que prefere relaxar e não fazer nada; Caspar von Bergliez, um jovem nobre com uma personalidade bastante honesta que treina duro para se tornar um grande artista marcial; Bernadetta von Varley, uma tímida garota que se sente mais confortável isolada em seu quarto a maior parte do tempo; Dorothea, uma jovem plebeia que costumava trabalhar como cantora de ópera; e Petra McNairy, a neta do rei do Arquipélago Briggid localizado a oeste de Fódlan, que ainda está aprendendo a língua local.

Já a casa Blue Lions é representada pelo príncipe Dimitri Alexandre Blaiddyd. Bravo e sincero, o jovem é um exímio cavaleiro, mas algo sombrio se esconde por trás do seu sorriso. Sua preferência em termos de armas é a lança. Seu aliado mais fiel é Dedue Molinaro, um plebeu da região de Daska que teve sua vida salva pelo rapaz. O jovem nobre Felix Hugo Fraldarius também tem uma forte relação com o personagem, sendo amigo de infância do príncipe apesar de ter uma tendência a se isolar.


Por outro lado, Mercedes von Marltritz já fez parte da nobreza Adrestiana um dia e optou por viver como plebeia em Faerghus. Bastante gentil, ela está sempre ajudando as pessoas necessitadas. Devido à sua experiência de vida, ela acaba parecendo ser mais velha do que é. Já Ashe passou pelo processo oposto: originalmente um plebeu, ele foi adotado pela nobre família Duran. Para honrar essa oportunidade, o garoto estuda e treina seriamente na esperança de um dia se tornar um grande adulto.

Sobrinha do barão Dominic, Anette Fantine Dominic é amiga de Mercedes. Esforçada, ela é formada na Academia de Magia do reino, mas às vezes acaba se atrapalhando. Temos também o jovem Sylvain Jose Gautier, que é admirado na escola como a figura de um irmão mais velho, mas sua tendência a galanteador sempre gera problemas. Por fim, Ingrid também é amiga de infância de Dimitri, Felix e Sylvain. Bastante séria e com uma grande admiração pelos cavaleiros da nobreza, a garota também tem a postura elegante de um membro da cavalaria. No entanto, ela não pode ver comida que já avança e deixa tudo o que está fazendo de lado.

A última casa é a Golden Deer, cujo líder é Claude von Riegan, herdeiro da principal família da Aliança Leicester. Em geral, é um rapaz bastante descontraído e amigável, mas também é bastante esperto. De fato, às vezes é preciso tomar cuidado para não deixar a guarda baixa perto dele. Sua preferência em termos de armas é o arco-e-flecha. Outro nobre importante é o esnobe Lorenz Hermann Gloucester, filho do Duque Gloucester. As suas tentativas de se aproximar das garotas do monastério tem falhado miseravelmente.

Hilda Valentin Goneril, por sua vez, é uma jovem mimada que gosta de coisas caras e que estão na moda. Sua vida é bastante diferente da de Raphael Kirsten, cujos pais foram mortos em um acidente causado por monstros e agora se esforça para se tornar um grande cavaleiro. Assim como ele, a jovem Leonie Pinelli é uma plebeia que vive modestamente e dá o melhor de si diariamente. Seu objetivo é se tornar uma mercenária habilidosa e conseguir pagar de volta o dinheiro que pegou emprestado de sua vila para poder estudar.

Já a nobre Lysithea von Cordelia é a mais jovem estudante da Academia e um prodígio na área mágica. Apesar de ser uma pessoa humilde e esforçada, ela odeia ser tratada como criança. Por fim, Ignatz Victor é um plebeu que decidiu se tornar cavaleiro para garantir uma boa vida à sua família, mas seu sonho real está longe disso. Gentil, o garoto ama a natureza e as artes.

Todos esses personagens se tornarão peças fundamentais de um grande conflito que tomará conta do continente cinco anos após os eventos na Academia. As ações do jogador serão fundamentais para moldar o destino desses personagens. É aí que entra a maior novidade de Three Houses: o aspecto de gerenciamento de tempo.

Hora de montar o planejamento de aula

Durante a primeira parte da história, em que o jogador deve atuar como professor, sua principal tarefa é escolher as atividades que os alunos irão realizar. Cada personagem já possui alguma aptidão própria, mas o jogador pode escolher entre se aprofundar nessa vantagem “natural” ou explorar outras possibilidades. Pelo que foi possível ver durante a Treehouse da E3 2019, o sistema realmente parece ser bastante flexível e permitir a criação de equipes customizadas. Assim, mesmo que um personagem seja mais habilidoso com lanças, é possível fazer com que ele se torne um espadachim ou mago, por exemplo.

Aumentar a habilidade com determinada arma ou com certas montarias serve como pré-requisito para desbloquear as tradicionais mudanças de classe que podem ser feitas como “exames admissionais”. Quanto maior a proficiência do personagem, maior a chance dele ser bem sucedido. Essa porcentagem é apresentada para o jogador na tela antes de aplicar o teste e ele tem a opção de esperar que o parâmetro alcance 100%, garantindo a obtenção da nova classe. O personagem poderá então alternar entre todas as suas classes desbloqueadas.

Além dos estudos individuais (Tutoring), existem tarefas em grupo (Group Tasks) que podem ser pedidas para os alunos. Isso não só aumenta as habilidades dos personagens, como também fortalece o relacionamento entre eles. Há ainda eventos no monastério que o jogador pode realizar, que terão o mesmo efeito. Ou seja, assim como em alguns jogos anteriores da série, é possível aumentar o support entre os personagens, eventualmente aflorando um romance entre alguns deles.

No entanto, é importante destacar que todos os métodos de ensino tem chances de funcionar ou falhar. Fatores como a compatibilidade dos personagens com as atividades influenciarão a probabilidade de sucesso. Além disso, dependendo dos resultados, o jogador terá opções para animar seus alunos, sendo possível até mesmo receber outra chance de realizar o treinamento caso ele se sinta motivado.

Caso todos esses elementos de jogo pareçam enfadonhos, o jogador pode apenas ignorá-los e pedir que os alunos sejam alocados automaticamente. Evita-se a necessidade de controlar individualmente o crescimento dos personagens de forma detalhada, ao custo de ter uma equipe cuja habilidade é muito provavelmente inferior à totalmente customizada.

Outro elemento relevante é o fato de que o monastério é explorável. Nele é possível participar de eventos com os personagens e realizar quests variadas. Cada atividade consome um pouco de tempo e é possível interagir tanto com personagens da casa selecionada quanto com aqueles que fazem parte dos outros grupos, ou até com outros professores.

Como já foi dito anteriormente, as escolhas do jogador nesse ponto da história são fundamentais e decisivas para o desenrolar da trama no futuro. Um detalhe interessante é a possibilidade de convencer estudantes a mudar para a casa na qual o jogador leciona. Com isso, é possível mudar o destino de alguns personagens e talvez até mesmo causar um impacto importante na guerra que invariavelmente eclodirá no futuro. Mas, claro, as ações do jogador também podem trazer consequências negativas, como a morte de alguns personagens.

Um destino de guerra


Para melhor destacar o caráter épico das batalhas, em Fire Emblem: Three Houses, os personagens não lutam sozinhos. Cada um deles carrega consigo um grupo de soldados que fazem parte do combate e mostram a dinamicidade e proporção dessas batalhas. Esse novo elemento gráfico se deve certamente à expertise da Koei Tecmo com a série Warriors, sendo a empresa codesenvolvedora do jogo junto com a Intelligent Systems.

Claro, ainda se trata do bom e velho RPG tático com seus grids, mas as batalhas parecem ganhar uma outra dimensão, especialmente com o fato de que esses esquadrões são customizáveis. Logo, é possível não apenas fazer um healer com uma equipe que fortalece o efeito de suas magias, como também uma equipe que o defenda ou ofereça outro tipo de variação.


Em batalha os personagens também possuem Gambits, habilidades que quando ativadas podem causar efeitos diversos. Além de causar dano ao inimigo, é possível, por exemplo, oferecer algum tipo de suporte ou forçar a movimentação de um inimigo para retirá-lo de uma área (o que pode ser bastante útil devido aos efeitos de terreno).

Personagens que estão próximos no campo de batalha e possuem alto nível de support terão boas chances de fortalecer os Gambits uns dos outros com a mecânica de Gambit Boost. Essa é uma das formas de valorizar o investimento do jogador em fortalecer o relacionamento entre eles.


Outro elemento importante são os brasões (crests). Símbolos de nobreza e poder, eles foram, de acordo com as lendas, dados aos humanos pela Deusa que protege o continente de Fódlan. Cada um deles oferece poderes únicos, como o acesso a relíquias de herói que só podem ser equipadas pelo personagem com o brasão equivalente.

Similar ao Turnwheel de Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia, Three Houses conta com uma habilidade chamada Divine Pulse, usada durante as batalhas. Com número de ativações limitado, ela permite desfazer jogadas ruins e replanejar os movimentos para obter um resultado mais favorável. Assim, é possível ter maior controle sobre o fluxo da luta sem precisar reiniciar o jogo nos piores momentos.

Um jogo para levar Fire Emblem a novos patamares

Com novos elementos adicionados a uma base sólida e tradicional de RPGs táticos, Fire Emblem: Three Houses tem um prospecto promissor para alavancar a série. É interessante observar o investimento em elementos de simulação na Academia. Durante esse grande período de jogo, o gerenciamento será fundamental para construir uma boa equipe e desenvolver o potencial dos alunos.

Suas escolhas serão decisivas para moldar esses personagens e os frutos desse trabalho serão colhidos na segunda parte do jogo. Cinco anos depois, uma nova guerra irá tomar conta do continente e o jogo promete fazer com que suas escolhas tenham um grande impacto em como ela se desenvolverá. Tudo indica que, no mínimo, ela terá o devido peso, apresentando o conflito em épicas proporções com inúmeras tropas em combate.

Existe um grande potencial na adição desse elemento à batalha, não apenas pelo quesito imersivo e narrativo, como também nas possibilidades estratégicas adicionadas por esta nova camada de customização. Ficamos na torcida para que as novidades sejam muito mais do que “perfumaria” e sim algo que fortaleça ainda mais o sucesso da franquia.
Fire Emblem: Three Houses — Switch
Desenvolvimento: Intelligent Systems/Koei Tecmo
Gênero: RPG estratégico
Lançamento: 26 de julho de 2019
Expectativa: 5/5
Revisão: Davi Sousa
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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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