Mario e Luigi: Partners in Time (DS), a melhor aventura no tempo

Imagine desbravar mundos no presente e passado junto de sua versão bebê. Essa é a premissa do RPG mais fofo do Mario, o único da série Mario & Luigi a não ter um remake.

em 20/07/2019



Enquanto escrevia o Guia Básico da série Mario & Luigi, percebi que o único a não possuir um artigo era Mario & Luigi: Partners in Time (NDS), um dos raros RPGs clássicos do Mario para o console de duas telas. Seria uma verdadeira injustiça um game desses ficar de fora do Blast, então cá estamos para dar um jeito nisso.

De volta para o passado

As séries da Nintendo sempre buscam manter uma sequência estabelecida para então desenvolver as mecânicas que vão persistindo na franquia. Para a estreia de Mario & Luigi no Nintendo DS a ideia foi unir passado e presente, fazendo-os cooperar para que a paz pudesse ser restaurada.

A história começa com os pequenos Mario e Luigi visitando a princesa Peach bebê para uma tarde de diversão, porém Bowser, ainda um travesso lagartinho, tenta sequestrar a fofíssima monarca do Reino dos Cogumelos, sendo previsivelmente derrotado pelos futuros irmãos encanadores. Enquanto isso, os Shroobs, raça alienígena de seres que se parecem com cogumelos roxos, atacam o castelo, e todos são forçados a entrar na aeronave de Bowser.

No presente, a Peach adulta viaja com a sua comitiva para o passado com a máquina do tempo criada pelo Professor E. Gadd - sim, aquele mesmo de Luigi’s Mansion (NGC) - para averiguar se a engenhoca funciona. O problema é que não somente ela funciona perfeitamente como também permitiu aos Shroobs viajar pro Reino dos Cogumelos do presente. Para resolver essa questão, os encanadores crescidos precisam entrar nos buracos do tempo que abriram no castelo para salvar Peach, que ficou presa em apuros no passado dominado pelos malignos aliens.

O encontro de gerações se dá quando Mario e Luigi adultos são derrotados por um grupo de Shroobs e suas jovens versões correm ao resgate, levando-os à aeronave do pequeno Bowser. Um ataque repentino da Rainha Shroob causa a queda da aeronave no castelo do lagartinho. Após isso o jogador começa a aventura com o quarteto, na missão de voltar ao presente e descobrir o que fazer para salvar Peach e consertar as rachaduras no tempo.

Após voltar ao presente, o cientista E. Gadd nos explica que é preciso recuperar os pedaços da Cobalt Star (Estrela de Cobalto), combustível da máquina do tempo e meio de resolver todos os perrengues que ela causou. E, como se não fosse suficiente, duas gerações de Toadsworth divergem em métodos de como cuidar da Baby Peach. O vai e vem dos dois é um dos pontos altos da comédia do game, além da dupla ser um dos meios para que o quarteto de encanadores aprenda as técnicas necessárias para avançar na trama.

E de volta para o futuro

“E como se faz para controlar quatro personagens ao mesmo tempo?”, você me pergunta. Bem, se tem algo do qual a série Mario & Luigi pode se orgulhar, é como as mecânicas funcionam de forma suave e funcional. Mario e Luigi estão sempre juntos, é impossível separá-los, e o mesmo funciona com a dupla de bebês. Porém, é possível separar a dupla de adultos da dupla de fraldas, e é aí que a inovação na dificuldade do jogo se destaca.

Há espaços inacessíveis para os adultos, cabendo a Baby Mario e Baby Luigi a cuidar dos puzzles e passagens que requerem um toque mais infantil. Mas se engana quem pensa que esse time não trabalha em conjunto. Conforme a trama vai se desenvolvendo, os bebês também precisam ser controlados para ajudar. Muitas fases usam e reforçam as mecânicas que os Toadsworth ensinam aos jogadores, tornando seu uso e reconhecimento instantâneo nas últimas etapas do game.

Como todo RPG que se preze, Partners in Time está recheado de inimigos. Aqueles que não estão acostumados com a franquia talvez achem que são demais e um tanto repetitivos, mas pessoalmente considero uma quantidade razoável se compararmos com a sequência Mario & Luigi: Bowser’s Inside Story (NDS), cuja variedade e taxa de reaparecimento são bem altas.

Controlar o quarteto em batalha é tão funcional quanto o modo de exploração, ainda com aquele estilo comum da série. Atenção ao tempo e ritmo junto dos botões. Mario e Luigi são controlados pelos botões A e B, respectivamente, enquanto as suas versões de fraldas usam X e Y. Ter isso em mente é crucial, pois não é nada incomum trocar as bolas, ou os botões, e acabar comprometendo os ataques.


Qualquer ataque que envolve os quatro requer atenção aos comandos, já que o jogador só conseguirá causar o máximo de dano possível se realizar os ataques no momento certo. Por exemplo: para pular é preciso apertar o comando dos bebês primeiro para que a versão adulta realize o segundo pulo, resultando em um maior estrago. Caso o jogador erre o botão ou o tempo, o dano é menor.

Essas mecânicas se repetem para praticamente qualquer movimento, seja dos martelos (ataque exclusivos dos bebês) ou dos ataques especiais, que têm uma variedade enorme. Os ataques e itens especiais são movimentos que buscam causar dano elevado aos inimigos fazendo uso dos quatro personagens. Os comandos são mais complexos, e caso o jogador erre algum botão das sequências o movimento é interrompido.


É possível jogar com as duplas separadas, mas cada uma tem suas limitações. Os bebês têm menor força, o que resulta em batalhas mais longas, enquanto os adultos perdem os martelos, que além de ótimos para contra-atacar sãoum dos movimentos básicos que causam maior dano. Uma dica vital é evitar isolar o quarteto, trabalho facilitado pelo próprio jogo, que tem mil e uma formas de trazer uma das duplas para perto caso tenha ocorrido uma separação.

Enfim, um presente

Um dos maiores méritos da AlphaDream em relação à franquia Mario & Luigi, é tornar os RPGs dessa série tão engraçados e cativantes em meio a de tanta simplicidade. Mario e Luigi têm sempre uma dinâmica muito engraçada e a junção dos travessos bebês traz um ponto de comédia ainda maior. Não são poucas as vezes que confusões são criadas pelos pequenos, com Luigi se mostrando um ótimo meio de fazê-los parar de chorar. Se você ouvir Mario gritar “Babies!” a plenos pulmões, saiba que vem confusão para o seu lado.


Além disso, os choques temporais nos trazem novas perspectivas de outros personagens como o Toadsworth, o mordomo da princesa que apresenta duas versões que divergem nas urgências da vida. Enquanto a versão mais jovem é despreocupada e com boas tiradas, o mais velho tem um ar ranzinza e extremamente preocupado com tudo que circunda a pequena Peach.

Apesar disso, personagens como o Professor E. Gadd e Bowser são apenas versões mais jovens do que conhecemos Eles conseguem mostrar uma visão deles de anos atrás, o que contribui para a literatura da série, além do fator comédia. O Bowser pequeno é tão soberbo e bocudo quanto sua versão adulta, mas nem por isso deixa de lado a veia cômica que tanto o caracteriza nessa série. Com certeza muito do espírito bonachão do lagarto foi aproveitado para o roteiro de Mario & Luigi: Bowser’s Inside Story (NDS) e seu remake.

Apesar de tudo, uma das poucas coisas que deixam a desejar é a origem de muitos desses personagens. Mario e Luigi seguem sem paradeiro, e seria muito interessante qualquer tipo de pista maior sobre os progenitores da dupla de encanadores, que continuam sendo duas crianças andando por aí sem qualquer tipo de supervisão. Já sobre Peach podemos presumir que o rei e a rainha do Reino dos Cogumelos faleceram e agora Toadsworth é seu guardião, conclusão que de certa forma também pode se aplicar a Bowser com os Kameks e Magikoopas. Ainda assim, seria interessante um olhar mais aprofundado nas origens desses personagens que tanto amamos.


Apesar dos pesares (que são poucos, quase nada), estamos falando de um RPG de peso para o Nintendo DS, desafiador e divertido na medida certa para agradar qualquer jogador, seja iniciante ou veterano tanto na série quanto no gênero. Ninguém sai decepcionado, seja pela jogabilidade fluida ou pela história cheia de boas piadas. Para aqueles que ficaram com vontade, o jogo está disponível no Virtual Console do Wii U.

Revisão: Davi Sousa
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Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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