Análise: Super Mario Maker 2 (Switch) é um dos maiores ápices da franquia

Crie, recrie e explore infinitas aventuras de Mario em um dos melhores jogos do famoso encanador.

em 13/07/2019

Nos últimos tempos de vida do Wii U, um dos maiores motivos para se ter o console (e continuar jogando nele) era a existência do fantástico Super Mario Maker. Pela primeira vez na vida, todos os fãs poderiam construir e compartilhar fases de Mario com toda sua glória, carisma e criatividade, mas, infelizmente, pelo fato de estar no Wii U, o jogo não fez todo o sucesso que merecia.


Sabendo disso, já era óbvio que eventualmente alguma coisa iria aparecer no Switch, porém, ninguém sabia se seria "mais port" ou "mais sequência". Agora, com Super Mario Maker 2 em mãos, é possível afirmar que é uma baita de uma sequência, que expande em basicamente todos os aspectos fundamentais do original, mesmo que tenha os seus defeitos.

O fazedor de Marios

A premissa de Mario Maker é extremamente simples e intuitiva: a Nintendo te dá várias ferramentas para fazer níveis de plataforma 2D do nosso bigodudo favorito. No primeiro título, era necessário desbloquear muitas das ferramentas, o que foi mal recebido pelos fãs e, portanto, em Super Mario Maker 2 você tem acesso a quase todos os itens (salvo alguns especiais).

Há uma dualidade complicada em segurar demasiadamente a mão do jogador em tutoriais Vs. jogar tudo de uma só vez e o sobrecarregar. Por mais que possa parecer intimidadora a interface do modo de construção na sua primeira jogatina, o jogo te convida a aprender de várias formas todas as suas possibilidades.

Para além do amigável Yamamura, Super Mario Maker 2 ensina as suas ferramentas brilhantemente através do seu Modo História, que foi uma grande surpresa para todos! Além de possibilitar uma infinidade de níveis criados pela comunidade, as mais de 100 fases, obviamente de altíssima qualidade, poderiam ter configurado um jogo único, mas estão aqui do lado de todo o resto.


Tematizado ao redor da reconstrução do castelo da Peach (que foi acidentalmente destruído pelo pobre Undodog), Mario deve coletar moedas ao longo de níveis pré-selecionados pelos designers da Nintendo. Principalmente nas primeiras dezenas de níveis, cada experiência tenta ao máximo cutucar a sua criatividade para explorar as ferramentas que o jogo te dá. Isso é visto por vezes com fases focadas em um item específico, num inimigo, numa condição, enfim, é uma forma brilhante e inovadora de se fazer um "tutorial".

A caixa de ferramentas

Entendendo Super Mario Maker 2 como, literalmente, infinitas fases de Mario, apenas podemos quantificar limites (criativos) com base na quantidade de ferramentas disponíveis, mais especificamente, power-ups, inimigos, blocos, estilos visuais, efeitos passivos que variam de acordo com o ambiente, etc. Sabendo que o universo de Mario é totalmente expansível, realmente podemos esperar que a Nintendo adicione qualquer coisa a essa já recheada caixa de ferramentas.

Em outras palavras, quero dizer que sempre podemos pedir por mais funcionalidades, mesmo que haja o risco de sobrecarregar alguns jogadores. Dito isso, dois tópicos surgem: a) as funcionalidades atuais são boas o suficiente? b) o que podemos esperar de DLCs?

Primeiramente, muitos diriam que as possibilidades do primeiro Mario Maker já eram boas, porém, as novas adições foram muito necessárias, principalmente, na minha opinião, o bloco de on/off e o autoscroll. A lista de novidades é relativamente grande, o que é um bom sinal para compradores indecisos, porém, a adição do novo tema de Super Mario 3D World acabou sendo meio problemática, pois contém várias limitações e não é compatível com os outros estilos.

Mas, para além das ferramentas em si, acho difícil estabelecer uma métrica para definir se são o suficiente, principalmente porque pode ser algo subjetivo. Muitas críticas desse jogo podem tender a um lado positivo ou negativo demais de acordo com os níveis criados pelos usuários. Procurando pelo Reddit ou até mesmo nos mais votados dentro do jogo, certamente aparecerão várias fases super criativas e legais, porém, no Course World, há uma grande flutuação de qualidade, o que é extremamente difícil de se evitar por parte da Nintendo.

Considerando que o jogo de fato dure uns bons anos (que, já adianto: provavelmente vai sim), essas buscas certamente ficarão mais refinadas, assim como a qualidade geral dos níveis. Porém, mesmo nessas primeiras semanas desde o lançamento, já existem vários exemplos da criatividade dos jogadores em todas as categorias oferecidas, desde Short and Sweet até Puzzle-Solving.

Mas, ainda sobre a criação e divulgação de níveis, o limite de 32 por jogador é um pouco decepcionante, ainda mais quando comparado ao de 100 do primeiro jogo. Esse limite poderia ser expandido como recompensa de votos positivos nas suas fases, ou simplesmente de forma integrada às outras progressões do jogo, dessa forma, apenas os jogadores realmente empenhados fariam uso do limite máximo porque, sinceramente, a média dos jogadores deve ser muito menor que 32.

Em conclusão a isso, acho que levará um bom tempo para os jogadores esgotarem o seu poder criativo com as ferramentas dadas até o momento e, quando isso estiver para acontecer, espero que a Nintendo tenha em mãos algumas DLCs que adicionem, em primeiro lugar, novas possibilidades de criação. Seja uma DLC menor que adicione vários outros chefões, ou outra maior com o estilo e ferramentas de outro título da franquia, a única certeza é que há elementos de outros jogos que não estão em Super Mario Maker 2, mas que poderiam estar.


Para além desse tipo de adição, uma coisa que eu particularmente adoraria ver é a possibilidade da criação de Worlds, do mesmo modo que existem em outros jogos da franquia. Unir tematicamente seus níveis (ou até mesmo com o de outras pessoas) para compor uma experiência mais longa e sólida seria excelente, ainda mais com possíveis alterações no mapa e na navegação entre os níveis.

Impacto na franquia

Analisar Super Mario Maker 2, para mim, exige um olhar na franquia como um todo, porque quantificar a produção (e compra) de um jogo de plataforma 2D como os New Super Mario Bros. fica muito complicada depois desse lançamento. Sempre existe, mesmo que indiretamente, o cálculo de custo-benefício nesses processos, e quem compra esse jogo inevitavelmente tem a sensação de possuir “todos os Marios”.

Sabendo disso, é muito difícil tentar prever o próximo passo da Nintendo. Ainda existem incontáveis spin-offs e todo o gênero 3D, com a última aparição do aclamado Super Mario Odyssey, porém, esse futuro incerto é muito interessante.

Além desse enorme impacto, indo mais longe que DLCs, o que poderíamos esperar de um Super Mario Maker 3? Serei bem ousado no meu pedido: suporte a universos e níveis 3D. Pensa só, poder compor diversos níveis à la Super Mario 64 ou Super Mario Galaxy 2? É um sonho improvável, mas quem sabe…

Multiplayer e outros impasses

Para adicionar ainda mais longevidade, um bom suporte ao multiplayer é crucial, tanto local quanto virtual. Hoje, infelizmente, ainda é impossível jogar à distância com os seus amigos, apenas cooperativamente ou competitivamente com estranhos, porém, a Nintendo já anunciou que irá modificar isso num update próximo.

Quanto à opção local, tão valiosa em jogos no Switch, encontramos alguns atritos. Primeiro que eu adoraria passar pelo modo história com a minha namorada, pois além da qualidade garantida, a curva de aprendizado seria bem mais gerenciável, mas isso é impossível. Além disso, por algum motivo, para jogar localmente um nível de outro jogador é necessário fazer download dele, ir em outro menu e, então, selecionar a opção de dois jogadores. Acho muito importante poder jogar ali imediatamente e, principalmente, no Course World.

Li vários comentários de outras pessoas sobre problemas de conectividade que eu também tive, porém, pode ser por causa do meu wi-fi ruim. Só torço para que esses problemas sejam bem resolvidos para que haja um incentivo à criação de fases cooperativas, porque particularmente o que eu mais gostaria de criar e jogar seriam desafios/puzzles inspirados na campanha cooperativa de Portal 2.

Inicialmente, alguns jogadores podem ter dificuldade com a interface de criação de níveis, porém, tanto no modo docked quanto no portátil (que são realmente diferentes), você logo se acostuma e fica bem intuitivo. Algumas coisas da interface poderiam ser mais customizáveis, porém, não há nada gritante que precise ser modificado de cara, na minha opinião.

Nesse caso, acredito que muitos prefiram o modo portátil para a criação de níveis, porém, sem uma stylus a precisão acaba sendo prejudicada, ainda mais para aqueles que estavam acostumados com o Wii U. De qualquer forma, a presença da barra superior com os 12 objetos mais frequentes facilita muito na criação dos níveis e, para achar os outros tantos, um menu intuitivo e facilmente decorado te dá acesso a várias bugigangas. Inclusive, para modificar as versões dos inimigos, ao invés de ter que o balançar com a stylus, basta apertar um botão e logo o seu Goomba ficará gigante, com asas, etc.

Retoques finais

Considerando todos esses pontos, é necessário elogiar imensamente Super Mario Maker 2 pela sua qualidade, custo-benefício e, além disso, pelo seu impacto na franquia como um todo. Saindo da já esgotada e saturada série de New Super Mario Bros., esse é um pulo muito importante para o bigodudo e, felizmente, parece que foi muito bem calculado.

São tantas coisas dentro de um único jogo que acaba sendo impossível abordar tudo em uma só análise, porém, não poderia deixar de mencionar positivamente o Course World com o seu potencial de síntese e exploração de níveis, mas também, negativamente, a retirada de opções de customização dos personagens.


As skins do primeiro Super Mario Maker eram uma adição muito bem vinda e, por mais que a principal recompensa do jogo seja a diversão proporcionada por cada nível, seria interessante ter recompensas visuais mais impactantes do que as roupinhas para o seu Mii. Mesmo assim, é importante salientar que existem atualmente quatro personagens jogáveis: Mario, Luigi, Toad e Toadette. Todos possuem a mesma física, ou seja, Luigi não tem o seu pulinho diferente, e para trocar a sua escolha basta acessar o menu de Settings.

Por fim, não há dúvidas: qualquer pessoa que tenha um Switch hoje, além dos já obrigatórios Super Mario Odyssey, Super Smash Bros. Ultimate e The Legend of Zelda: Breath of the Wild, precisa ter esse magnífico jogo.

Prós

  • Melhor custo-benefício de um jogo de Mario;
  • Inúmeras ferramentas para se divertir montando o nível dos seus sonhos;
  • Modo história recheado de fases de qualidade e que servem como um ótimo "tutorial prolongado";
  • Incontáveis fases criativas de fãs que exploram ao máximo as possibilidades do jogo;
  • Potencial de expansão gigantesco com DLCs.

Contras

  • Problemas com a praticidade e funcionalidade do modo multiplayer;
  • Modo cooperativo local tem limitações desnecessárias.
Super Mario Maker 2 — Switch — Nota: 9.5
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
Super Mario Maker 2 está disponível na Loja Nintendo

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