Tocar (não) é (tão) legal: 10 jogos responsáveis por destruir a tela de toque do Nintendo DS

Abençoadas sejam as películas protetoras.

em 02/06/2019
Quando um aparelho é lançado com um novo gimmick, torna-se quase obrigação que ele seja utilizado em exaustão. Foi assim nos sensores de movimento do Wii e, obviamente, nos primeiros anos de vida do Nintendo DS. Dessa forma, sem qualquer parâmetro anterior, as telas de toque acabaram sendo utilizadas de uma maneira que  causou prejuízos a longo prazo. Isso por conta da forma intensiva que ela era exigida nos jogos, principalmente os que chegaram na primeira metade de seu ciclo do mercado.


Listamos alguns dos jogos que mais prejudicaram as touchscreens dos nossos portáteis — lembrando que a nossa recomendação é sempre utilizar uma película protetora de qualidade para aumentar a durabilidade do nosso videogame.

10) Harvest Moon DS

O primeiro Harvest Moon para o Nintendo DS utilizava o mesmo ambiente de A Wonderful Life (GC), o Forget-me-not Valley, mas de uma forma mais contida por conta das limitações gráficas. Para variar, o principal diferencial era justamente a utilização da tela de toque, mais especificamente no trato dos animais.

Com a utilização da Touch Glove, era possível não só fazer carinho nos bichos, mas também tirar o leite, cortar a lã e escová-los. O que acontece era que isso se repetia constantemente ao longo dos dias de jogo e acabava deixando uns rabiscos intensos na tela, visto que quanto mais carinho você fizesse, maior a pontuação, o que resultava em jarros maiores de leite e quantidades maiores de lã, por exemplo.

9) Mario Party DS

Lembra-se de como o primeiro Mario Party (N64) foi responsável por causar um prejuízo considerável para a Nintendo devido àqueles mini-games que se baseavam na rotação frenética do direcional analógico do controle Nintendo 64? Pois bem, o que aconteceu foi que a palma da mão dos jogadores era literalmente carcomida porque era muito mais fácil de se vencer assim do que rodando tal alavanca apenas com o dedo.

Agora, imagine esse mesmo tipo de estrago com uma tela de toque. O grande mérito da ideia por trás de qualquer mini-game de Mario Party DS é justamente utilizar os recursos diferenciados que um console pode oferecer, certo? Agora, se a grande atração de um aparelho é justamente sua touchscreen, algo novo para a indústria na época, não há para onde fugir, não é mesmo?

8) Mario & Sonic at the Olympic Games

A ideia é a mesma de Mario Party, visto que os esportes olímpicos eram representados a partir de uma série de mini-games que utilizavam principalmente a tela de toque para serem jogados. A principal diferença aqui é que, além de serem exagerados, eles também eram bem ruins por conta da falta de precisão do título em si.


Essa problemática obviamente deixava os jogadores nervosos que, no intuito de fazer com que os movimentos fossem reconhecidos na marra, acabavam colocando mais força no toque, efetivamente danificando a tela em uma relação sem basicamente nenhum custo-benefício, visto que se tratava de um título muito medíocre para se perder a cabeça (e a tela) com ele.

7) The World Ends With You

The World Ends With You (DS) é mais um clássico do Nintendo DS que se preocupou em utilizar praticamente todos os recursos que o aparelho oferecia. Dessa forma, trata-se de um game trabalhado de uma forma a incorporar em sua jogabilidade não apenas a tela de toque, mas também os botões e até mesmo o microfone embutido no console.

No instante em que você passa a mesclar tantos recursos em paralelo, é comum que o cérebro mais destrambelhado tenha um pouco mais de dificuldade de assimilar os controles, fazendo com que um pouco mais de força acabasse sendo utilizada neste exigente jogo de ação com gameplay complexo e apurado.

6) Cooking Mama

Vários dos jogos presentes nessa lista vão se basear num mesmo princípio: repetição de atividade. Cooking Mama (DS) se vende como um simulador virtual de culinária, mas nada mais é do que um aglomerado de mini-games cuja execução era realizar determinadas ações justamente na tela de toque. Faça isso ao longo de horas repetitivas de gameplay que você logo verá os riscos aparecendo na tela de toque do DS.

Por seguir a mesma premissa, mesmo que de forma reduzida em um jogo não relacionado, é válido lembrar do mini-game de confecção de Poffins em Pokémon Diamond & Pearl (DS) como menção honrosa. Apesar de não ser a mecânica central do título, ela ainda contribuiu e muito para a deterioração de muitas touchscreens do portátil da Nintendo.

5) Trauma Center: Under the Knife

Muitos desses games destruidores de telas, na verdade, não exigem atividades que factualmente contribuíram para o aparecimento de riscos e perda da sensibilidade e precisão do toque. Afinal, o hardware em questão é feito justamente para ser tocado e riscado em exaustão, visto que era o principal diferencial do console.


Contudo, é notável que elas ainda assim não foram feitas para aguentar toques brutais com a Stylus. Trauma Center, por sua vez, acaba se responsabilizando um pouco pela deterioração do aparelho por conta da forma como promove o nervosismo do jogador com sua dificuldade elevada. Somos humanos, a adrenalina fica à flor da pele e, involuntariamente, acabamos hora ou outra colocando mais força do que normalmente seria necessário. Aparelhos que tiveram a oportunidade de ter Trauma Center: Under The Knife (DS) normalmente costumam ter um risco característico em sua lateral por conta da utilização constante do soro cuja função era aumentar a frequência dos batimentos cardíacos do paciente.

4) Meteos

Meteos (DS) é uma inusitada mistura de puzzle e shooter de navinha. Na prática, ele consiste em blocos caindo do topo da tela e cabe ao jogador criar linhas horizontais e verticais para que eles entrem em ignição e sejam lançados para a tela superior de volta, tornando-se projéteis que aos poucos vão atingindo o corpo celeste presentes lá.

A dinamicidade do game exigia muita velocidade e intensidade na formação das linhas, o que acabava maltratando bastante a tela de toque do Nintendo DS.

3) Elite Beat Agents/Osu! Tatakae! Ouendan

Lembra-se de Guitar Hero, que era uma espécie de game musical ao estilo de Dance Dance Revolution que utilizava basicamente os botões em vez do movimento do corpo? A franquia ficou conhecida por utilizar a música como um fio condutor para o massacre ritmado de botões de acordo como eles apareciam na tela.

Elite Beat Agents (DS) fazia o mesmo, mas com muito humor e substituindo os botões por movimentos realizados na tela de toque. Nota-se ainda que essa é uma sequência espiritual de dificuldade amenizada de um outro título chamado Osu! Tatakae! Ouendan (DS), restrito apenas ao Japão.

2) Pokémon Ranger

Como de praxe para qualquer novo gimmick, os jogos do começo da era do Nintendo DS se calcavam muito nesse diferencial do aparelho que era justamente a touchscreen. Pokémon Ranger (DS) foi um deles. Controlando não um treinador, mas uma espécie de guarda florestal Pokémon, o jogador percorria a região ajudando a restaurar o ecossistema do local contra as mal-intencionadas organizações vilanescas.

O principal diferencial é que o tal Ranger não podia realizar capturas na Poké Ball, sendo necessária a utilização de um tal de Capture Styler que fazia com que o Pokémon fosse controlado apenas temporariamente no intuito de realizar tarefas pontuais. Para isso, era necessário enfraquecê-los ao realizar círculos contínuos na tela que representassem a trajetória de uma espécie de um pião, que também precisava se esquivar dos ataques que o alvo utilizava para se defender. Não é incomum encontrar riscos em padrão circular nas telas de toque dos consoles que chegaram a rodar o título em questão.

1) Ninja Gaiden: Dragon Sword

Ninja Gaiden já é historicamente uma franquia conhecida por seu gameplay frenético. Dessa forma, Ninja Gaiden: Dragon Sword (DS), consegue trazer toda essa intensidade já conhecida da série de Ninjas para a tela de toque do Nintendo DS. Sendo um dos poucos jogos que utilizavam o aparelho na vertical, como um livro, a jogabilidade dele se baseava 100% no toque.



Assim, um risco vertical fazia com que o personagem na tela desferisse um golpe vertical nos inimigos. Um risco horizontal, um golpe horizontal. Essa dinâmica se estendia a outros movimentos praticados por Ryu Hayabusa ao longo do jogo todo. É um título excelente e um dos clássicos do DS, mas também é culpado por diminuir consideravelmente a vida útil de vários aparelhos ao longo do mundo por exigir demais da touchscreen.

Revisão: André Carvalho
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É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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