Análise: Machi Knights: Blood Bagos (Switch) - um action RPG entediante

Em um universo fantasioso e cartunesco, controle robôs gigantes em uma aventura vasta, mas entediante.

em 25/06/2019

Desde os anos dourados do action RPG, com títulos como Diablo II, houve uma certa popularização do gênero, principalmente no mercado mobile. Hoje é seguro afirmar que não estamos naquele auge, mas há alguns títulos promissores, como Path of Exile, e talvez até mesmo o recém anunciado Minecraft Dungeons (vai que dá boa, né?).


Porém, infelizmente, muitos jogos acabam na mediocridade. Pegam o molde básico do gênero, encaixam algumas mecânicas simplíssimas de combate, delimitam uma progressão linear e entediante e pronto. Deixo o possível preconceito com jogos para celular de lado, mas é importante afirmar que existem dezenas de jogos exatamente assim. Infelizmente, Machi Knights: Blood Bagos se encaixa nessa categoria.

Guerreiros robôs

Começando pelos elogios, a ambientação do jogo é interessante. As cutscenes introdutórias nos apresentam a um mundo muito parecido com o nosso, mas com um pequeno detalhe: aqui existem robôs-armaduras gigantes e pilotáveis. Mas, é claro, não há todo o drama de Evangelion, o foco é totalmente direcionado para o lúdico, mesmo que as fases estejam situadas em guerras.

Isso tudo é muito bem estabelecido pelos visuais, tanto os mapas e as estruturas, quanto os modelos dos inimigos e dos personagens. Até mesmo as armas são bem criativas, normalmente estabelecendo uma boa relação com o seu tema maior. Novamente, tudo é bem cartunesco.

Sobre a história, é o genérico que se espera e, sinceramente, tudo bem, porque claramente não é o foco do jogo. Após algumas fases, aparece um trecho narrativo que serve para progredir o enredo e, também, construir a personalidade dos três personagens jogáveis: Lancer, Musket e Fire.

O nome de cada um é bem mimético da sua jogabilidade. Lancer pode usar lanças, machados e martelos, sempre com um foco no combate próximo; Musket, ao contrário, usa canhões, shotguns e miniguns para ficar longe dos inimigos; por fim, Fire traz utilidade para o combate com as suas diversas ferramentas.

Logo de início já se vê muita variedade na escolha do seu personagem, o que é ótimo. No total, tecnicamente, são 9 escolhas possíveis, já que cada arma possui um ataque básico e um especial totalmente diferentes entre si. É possível jogar localmente com um outro amigo, o que é extremamente recomendado e deixa a jogatina muito melhor, até mesmo me parece que o jogo fica melhor balanceado (e, por consequência, menos entediante).

Progressão

Um dos conceitos mais importantes para que um (action) RPG dê certo é, certamente, a progressão. Deve haver uma relação muito boa de desafio e recompensa e que esse resultado se manifeste na jogabilidade. Machi Knights: Blood Bagos não faz isso muito bem.

Há duas moedas principais no jogo, ambas obtidas nas fases normais: ouro e gemas. O ouro é mais abundante e é consumido em melhorias passivas ao seu personagem, como aumentar o dano e vida (sim, coisas bem básicas), enquanto que as gemas são utilizadas para comprar baús que, por sua vez, dão aleatoriamente novas armas (porém, todas se encaixam naqueles tipos, nunca foge disso).

A existência dos baús, além de polêmica por natureza, é muito contraditória com o gênero. Exponencialmente, ao longo das fases, as recompensas vão aumentando, mas a real progressão só é efetuada em uma transação em um menu separado do jogo normal, e não diretamente em drops. Isso é algo bem anticlimático.

Algumas armas acabam tendo efeitos interessantes, e é possível passar esse efeito de uma para a outra. Mas não é nada incrível e que revoluciona o seu gameplay como acontece em outros action RPGs, novamente, como Diablo e Path of Exile. É tudo muito enxugado e, por isso, toda a responsabilidade de satisfação fica por conta do combate.

Uma guerra lenta e repetitiva

A navegação entre as fases é feita através de um mapa maior, o que é bem interessante, porém, os desafios em si se repetem com muita frequência. E, considerando que cada fase dura poucos minutos (inclusive com um timer), o loop se mantém quase que igual, mudando apenas os números de dano e vida.

E o pior de tudo é que o gameplay é lento. Desde a movimentação geral do seu personagem até às animações dos ataques, é muito frustrante tomar dano porque estava atacando mas não pode dar dash (com um bom intervalo de tempo) por causa da animação. E isso se agrava muito nos chefões, que poderiam ser interessantes se não fosse por isso.

Sinceramente, fiquei muito chateado ao coletar um power-up que aumenta a velocidade do personagem, porque, na minha opinião, era mais ou menos naquele ritmo que o jogo deveria ser desde o começo. Sei que tematicamente pode haver um apelo ao imaginário de robôs gigantes, pesados e lentos, porém, a jogabilidade fica entediante dessa forma.

Sabendo disso, apenas pensaria em recomendar esse jogo para um público mais infantil que iria usar bastante do modo cooperativo. Porém, mesmo assim, outras opções chamariam mais atenção.

Prós:

  • Visual cartunesco e divertido;
  • Boa variedade de personagens e armas;
  • Modo cooperativo.

Contras:

  • Jogabilidade geral é entediante e repetitiva;
  • Animações e golpes lentos;
  • Progressão muito mal feita.
Machi Knights: Blood Bagos - Switch - Nota: 5.5
Análise produzida com cópia digital cedida pela CFK 
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