Conheça o streaming de jogos do Nintendo Switch no Japão

Saiba mais sobre o sistema, como funciona e o que estão falando sobre ele.

em 17/05/2019

O anúncio do Stadia, da Google, definitivamente dividiu os jogadores por todo o mundo. Existem aqueles que aceitaram de braços abertos e confiam na experiência e tecnologia disponível nas mãos da Google para oferecer o melhor serviço possível, enquanto outros não acreditam que o serviço de streaming de jogos possa dar certo, pelo menos nesse primeiro momento, devido a alguns fatores como um maior tempo de resposta.


O anúncio do Stadia, da Google, definitivamente dividiu os jogadores por todo o mundo

Apesar do que pensam os consumidores de jogos sobre isso, a ideia de utilizar o sistema de streaming nesse mercado não é exatamente uma coisa nova. Desde 2014, por exemplo, a Playstation testa a sua plataforma de serviço por streaming — Playstation Now — nos Estados Unidos. A Microsoft, por sinal, também planeja entrar no mercado com o seu Project xCloud.

Mas diante desse momento de busca por inovações e de uma possível mudança drástica no modelo de negócios das empresas, como a Nintendo tem se comportado? Conheça o sistema de streaming de jogos utilizado pela Nintendo no Japão.

O sistema

Enquanto a Google, Playstation e a Microsoft estão apostando no streaming  como um serviço, a Nintendo aparentemente assumiu uma postura mais conservadora e quer usar essa tecnologia como uma forma de compensar aquela que é a sua única defasagem diante dos outros consoles dessa geração: o poder de processamento do Switch.

O sistema como se conhece atualmente foi anunciado pela primeira vez em Maio de 2018, quando a Capcom anunciou uma versão em nuvem de Resident Evil 7 para Nintendo Switch — exclusivamente para o Japão.

a Capcom anunciou uma versão em nuvem de Resident Evil 7 para Nintendo Switch

Os jogadores têm direito a 15 minutos gratuitos, como uma versão de teste, e então precisam pagar uma quantia para alugar o acesso ao jogo por 180 dias. Para realizar o acesso, tudo o que os jogadores precisam fazer é baixar um app que pesa cerca de 42MB e se conectar aos servidores do jogo.

A Capcom não foi a única empresa a testar o modelo de jogo por streaming no Switch. No Nintendo Direct do dia 13 de Setembro de 2018, Ubisoft anunciou uma versão em nuvem de Assassin’s Creed Odyssey. Nesse mesmo ano outra empresa também já havia decidido testar a funcionalidade. Em Abril a  Sega lançou Phantasy Star Online 2: Cloud para o Switch. Quatro anos antes, em 2014, Square Enix já usava da tecnologia em nuvem para a versão de 3DS do Dragon Quest X, tecnologia essa que também havia sido usada pela empresa para portar o jogo para os Smartphones. Com os anúncios de Assassin’s Creed Odyssey e Resident Evil 7 para o Nintendo Switch, entretanto, o sistema de streaming levantou perguntas interessantes: estaria a preocupação com o hardware dos consoles finalmente chegando ao fim? Abandonaremos o modelo tradicional de compras e adotaremos um modelo de assinatura de jogos?

O que dizem sobre o sistema

Nós sabemos que as preocupações não são poucas quando nos encontramos à margem de transições tão importantes. Foi dessa forma quando surgiram os DLCs, as mídias digitais, a realidade virtual, entre outros. O medo, o desconforto e a indignação fazem parte de um processo natural quando lidamos com algo que ainda não conhecemos completamente.

Apesar disso, a tecnologia de streaming de jogos tem impressionado aqueles que foram capazes de testá-la. Em ambientes controlados, os testes do Google Stadia têm tido resultados que surpreenderam positivamente os jogadores. A versão do Nintendo Switch também parece estar conseguindo bons resultados, apesar de alguns percalços já bem conhecidos por quem sabe como funciona esse tipo de serviço.

Segundo o IGN, a experiência de jogar Resident Evil 7 via streaming no Nintendo Switch foi surpreendente (principalmente se comparado com outros modelos como o Playstation Now) e funciona melhor do que o esperado, mesmo quando conectado pelo WiFi. Ainda assim, não é uma experiência livre de problemas. De acordo com a matéria, em uma conexão de 30-40Mbps o framerate sofreu pequenas quedas e o áudio engasgou algumas vezes, mas nada que fosse grave ou incômodo o suficiente para estragar a jogatina. Um ponto surpreendente foi a ausência de um maior tempo de resposta.

Ainda existem muitos pontos negativos que podem ser percebidos quando o teste é feito em ambientes menos favoráveis. Na mesma matéria da IGN, em uma conexão de 13Mbps a resolução e o framerate tiveram quedas significativas, além de um tempo de resposta problemático.  A maior resolução permitida através do streaming, inclusive, é de 720p, o que não é exatamente o ideal para aqueles que desejam uma jogatina em 4K. Entre outros pontos negativos estão o fato de que mudar de rede faz você desconectar do jogo (o que é algo bem negativo para um console portátil) e o fato de se encontrar sempre à mercê dos servidores, o que significa que algum dia você pode tentar jogar e não conseguir simplesmente por algum erro interno.

O Gamergen, site de notícias francês, testou o Assassin’s Creed Odyssey para Nintendo Switch e disse que apesar dos problemas de streaming, a experiência é fluída e jogável. Na matéria, o site não revelou em quais condições estava fazendo o teste, mas reclama de lentidão e de problemas com o áudio. Além disso, o jogo na TV não apresentava uma resolução satisfatória, obrigando-os a testar o jogo no modo portátil, onde a experiência foi muito mais confortável. Segundo o site, apesar disso a experiência de um modo geral ainda é frustrante e não vale o preço.

Fontes relatam que jogar via streaming no Switch é mais confortável no modo portátil

Já o usuário do reddit alsoaVinn comentou que jogou Resident Evil 7 por streaming no Nintendo Switch e teve um resultado satisfatório, mas relatou os mesmos problemas de resolução citados pelas outras fontes, além de um tempo de resposta incômodo. Por fim, ele comenta que a experiência surpreendeu e o preço (cerca de 18 dólares para um aluguel de seis meses, segundo o usuário) é atrativo.

Em conclusão, utilizar o streaming do Switch ainda oferece alguns desafios, até mesmo para quem faz uso da infraestrutura de redes do Japão, muito superior à nossa. Embora o avanço tecnológico seja notável, por enquanto o streaming não parece ser uma opção para quem deseja uma boa qualidade gráfica ou para quem se incomoda facilmente com o maior tempo de resposta dos controles.

O que aguardar para o futuro?

Reggie Fils-Aimé,
ex-presidente da Nintendo of America
Ainda não sabemos muito bem quando e como o streaming vai se inserir completamente no mercado de jogos, mas isso não impede as empresas de tentarem. Segundo Reggie, em entrevista para o site Kotaku, a  tecnologia para o serviço de streaming do Nintendo Switch ainda não existe fora do Japão, isso porque  o modelo requer uma infraestrutura de internet que ainda não existem em outros países, nem mesmo nos Estados Unidos. Quando questionado sobre os outros serviços de streaming que já atuam nos EUA, como o Playstation Now, Reggie afirmou que a infraestrutura existente não atendia aos requerimentos da Nintendo e que eles oferecem uma experiência frustrante aos jogadores que levam sua jogatina realmente à sério.

Talvez uma empresa grande como a Google tenha o alcance necessário para levar essa infraestrutura até os outros países com o lançamento do Stadia ou talvez tenhamos que esperar um pouco mais até uma real popularização da tecnologia ao redor do mundo.

Em conclusão, a verdade é que ter jogos através do serviço de streaming com uma qualidade realmente satisfatória ainda é uma realidade distante, mas com os esforços das empresas é uma realidade que se aproxima cada vez mais rápido. Se por um lado essa nova tecnologia pode abrir precedentes para práticas anti-consumidores, por outro lado esse é um sistema que pode ser capaz de diminuir os custos de hardware do aparelho, permitindo a construção de consoles mais baratos. Enquanto isso, para nós, meros mortais, resta-nos aguardar o desenrolar dessa nova tecnologia com os dedos cruzados.

Revisão: Vinícius Rutes

Apaixonado por JRPGs e pela arte de traduzir. SMT e Disgaea são algumas das suas franquias favoritas.
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