Mario vs Donkey Kong traz a velha rivalidade entre os mascotes para o Game Boy Advance

Quando a rincha entre Mario e Donkey Kong resulta em uma divertida experiência puzzle-platform no GBA.

em 21/05/2019

Sim, o encanador bigodudo e o carismático gorila já tiveram suas diferenças, e não se bicavam muito lá para meados dos anos 80. Considerado sucessor espiritual do Donkey Kong de 1994 para Game Boy, esse baseado no jogo de arcade de 1981 Donkey Kong e sua sequência Donkey Kong Jr, Mario vs Donkey Kong — lançado em 2004 para o Game Boy Advance — traz de volta essa peleja entre os dois heróis. Mas o Mario contra o simpático gorila da Nintendo? Um dos personagens favoritos de muitos como vilão em um jogo? Para entender bem essa história, vamos voltar um pouco no tempo...

De volta no túnel do tempo

Donkey Kong, um dos personagens mais icônicos do universo Nintendo, foi concebido em 1981 por Shigeru Miyamoto em uma tentativa desesperada de converter os fliperamas de Radar Scope que estavam encalhados nos galpões da Big N nos Estados Unidos. As vendas do arcade não tinham ido bem, e a empresa corria sérios riscos de ter suas operações na terra do Tio Sam comprometidas. Felizmente, a ideia não só funcionou como tornou o Donkey Kong um dos fliperamas mais vendidos no começo dos anos 80.




Jeff Ryan, em seu livro "Nos Bastidores da Nintendo", afirma que o jogo Donkey Kong foi o pontapé inicial para a criação do império de videogames da Nintendo nos EUA. Mais tarde, a Universal Studios tentaria processar a empresa japonesa, sob a alegação de que o personagem seria plágio do seu King Kong, porém, a Nintendo ganhou o processo e o direito de usar a marca, se estabelecendo de vez como uma grande empresa em solo americano. Um dos responsáveis por essa vitória foi o advogado John Kirby, que mais tarde viria a ser homenageado em um dos jogos da empresa. Mas isso é história para outra hora...

As origens da peleja

Os jogos originais do gorila introduziram o nosso amado Mario, que deveria salvar a princesa das garras do macaco malvado. Donkey Kong usava barris como armas e nosso objetivo era conseguir chegar ao topo das plataforma para salvar Pauline. Em 1994 o jogo Donkey Kong foi lançado para Game Boy como uma clara homenagem a esses jogos iniciais da época do arcade, porém inovando ao trazer elementos de puzzle para a jogatina.




Novamente o nosso querido gorila figurava como vilão, e cabia a Mario (e ao jogador) salvar o dia. Finalmente, em 2004, depois da saída da "Rare" da Nintendo, Donkey Kong volta novamente, dessa vez no Game Boy Advance e com o título que referenciava toda essa história de disputa: Mario vs Donkey Kong. Agora, os elementos puzzle eram dominantes, o que tornava o jogo um tanto diferente de tudo o que vimos sobre os dois personagens, sem deixar de ser divertido e desafiador.

Um mundo totalmente novo

Mario se tornou tão popular no Reino do Cogumelo que decide instalar uma fábrica de brinquedos operada por toads para lançar o boneco de corda mini Mario. Durante a introdução do jogo, Donkey Kong, ao assistir a propaganda na televisão, se apaixona pelos bonecos de corda e tenta adquirir o seu, porém dá de cara com um aviso na loja dizendo que os bonequinhos estavam esgotados. Inconformado, ele resolve invadir a fábrica e levar o máximo de mini Marios que conseguisse. Nosso herói Mario, ao presenciar a cena, parte em uma aventura para recuperar os brinquedos.



E é aí que o jogo começa. Cada fase consiste em uma combinação de puzzles, e seu objetivo é encontrar a chave que abre a porta e resgatar os mini Marios. Obviamente, a dificuldade vai aumentando a cada novo nível, pois os caminhos devem ser feitos de maneiras diferentes, resolvendo os puzzles da tela. Muitos elementos dos jogos de arcade dos anos 80 retornam, como o uso da marreta e as piruetas atléticas do Mario. Já os puzzles se resumem basicamente à interação de objetos na tela e à descoberta da rota através do acionamento de alavancas que mudam as plataformas de lugar, dando espaço para maior exploração. Mario vs Donkey Kong foi relançado para 3DS em 2011 no programa embaixador, chegando também ao virtual console ocidental do Wii U em 2017.

Um gameplay inteligente

O jogo é dividido em seis mundos, com oito levels cada um. Cada level é dividido em dois cenários, e para acessar o segundo, o herói precisa encontrar uma chave que abre a porta na tela. Assim que acessa o segundo cenário, você consegue encontrar um dos brinquedos que o gorila deixou cair de sua sacola durante a fuga. Se você for derrotado, perde uma vida e volta ao primeiro cenário da tela. Antes de começar cada tela, o jogador é presenteado com uma animação que mostra os movimentos necessários para encarar cada desafio e como executá-los.




Aqui, como em outros jogos do Mario, temos a presença do contador de tempo. Se o tempo se esgotar, o jogador perde uma vida. Quando estiver perto de atingir a contagem regressiva, o personagem entra em pânico. Para derrotar os inimigos, Mario precisa agarrar objetos e atirar neles, igual acontecia com o Super Mario 2. Durante as fases existem colecionáveis que aumentam a pontuação, liberando novas fases.



Quando o Mario vence a fase e coleta todos os presentes, o jogador pode participar de um mini game para adquirir vidas extras. No sétimo level de cada mundo, o jogador participa de um mini game onde deve guiar os seis mini Marios coletados nos levels anteriores até a caixa de brinquedos, evitando obstáculos no meio do caminho. Depois disso, ele enfrenta o gorilão nervoso em uma batalha que será definida pelo número de mini Marios que você conseguiu levar até a caixa.

Explicando melhor, cada mini Mario que você salva se torna um hit-point. Se você conseguiu salvar os seis mini Marios, terá direito a seis hit-points antes de perder uma vida. Se o tempo se esgotar, ou você perder todos os hit-points, será derrotado pelo DK, tendo que começar tudo outra vez.




Depois de vencer os seis mundos e derrotar Donkey Kong, novos seis mundos "plus" são desbloqueados, numerados 1+, 2+, 3+, etc. Existem sete estágios em cada mundo plus, sem estágios mini Mario. Nosso herói precisa guiar um mini Mario em cada uma das fases plus e caso o brinquedo sofra dano, o jogador perde uma vida. Só existe um cenário em cada fase plus e eles são bem mais difíceis que as fases normais. Por fim, ainda existem doze expert levels, que são desbloqueados caso o jogador colete o número suficiente de estrelas alcançando a pontuação máxima em cada fase.

O legado do contencioso

Mario vs Donkey Kong foi bem recebido pela crítica, alcançando média de 81/100 no Metacritic. Com o sucesso de vendas, logo recebeu uma continuação no Nintendo DS: Mario vs. Donkey Kong 2: March of the Minis. Dessa vez, Mario monta um parque de diversões com sua amiga Pauline. Donkey Kong, bravo por não ter sido escolhido como modelo para os brinquedos mini do parque, sequestra a moça, fazendo com que Mario parta em uma nova aventura. Com a ajuda dos mini Marios, nosso encanador bigodudo protagoniza um jogo de puzzle no mesmo estilo anterior, com gráficos melhorados e novas mecânicas.




Depois, ainda tivemos Mario vs. Donkey Kong: Minis March Again! para DS, e finalmente Mario and Donkey Kong: Minis on the Move e Mario vs. Donkey Kong: Tipping Stars para Nintendo 3DS. Em 2016, seguindo o estrondoso sucesso dos amiibos, veio o Mini Mario & Friends: amiibo Challenge para Nintendo 3ds e Wii U.




Mario vs Donkey Kong é um prato cheio para quem gosta de quebra-cabeças, sendo parada obrigatória para qualquer fã dos mascotes mais queridos da Big N. O jogo é facilmente encontrado na eshop, e é porta de entrada para os jogos subsequentes. Sim, parece estranho à primeira vista para quem está acostumado com os clássicos de plataforma do encanador bigodudo e do gorila invocado, porém, é um ótimo passatempo portátil, garantindo horas e mais horas de diversão e desafio. 

Revisão: Vinícius Rutes

Apaixonado por JRPG, fanboy de Final Fantasy, gosta de um bom papo de boteco com cerveja e Rock'n Roll. Escreve para a Game Blast pois sonha em ser escritor.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.