Estudo aponta para a existência de área cerebral especializada em reconhecer Pokémon

Jogadores expostos a jogos de Pokémon na infância apresentam área neuronal específica para tratar das criaturas.

em 07/05/2019

Quem já se aventurou pelos jogos dos monstrinhos de bolso pode em algum momento ter se perguntado: "Como é possível que eu tenha tanta dificuldade para guardar algumas informações novas importantes, mas do nome de mais de 800 Pokémon eu me lembro com a maior facilidade?". Um estudo publicado ontem no periódico científico Nature Human Behaviour pode oferecer a resposta para essa pergunta cruel.

O pesquisador Jesse Gomez, do Departamento de Neuroanatomia Cognitiva da UC Berkeley, conduzia uma pesquisa para entender melhor como o cérebro se desenvolve no sentido de especializar áreas neuronais destinadas a identificar objetos específicos. Estudos do tipo normalmente exigiriam acompanhar o desenvolvimento de crianças ao longo de anos, o que é sempre muito custoso e difícil. Foi aí que Gomez se voltou ao seu Game Boy como musa inspiradora: e se o fenômeno cultural Pokémon Red & Blue (GB) tivesse feito, sem querer, um imenso experimento natural por si só?



Baseado nisso, o grupo de investigadores decidiu comparar tarefas de reconhecimento de objetos entre um grupo de pessoas que jogou Pokémon na infância por um tempo determinado, e outras que não o fizeram. As tarefas de nomeação traziam objetos comuns (faces, animais, carros, palavras) misturados às criaturas de bolso. O resultado intrigante é que os jogadores expostos a Pokémon na infância desenvolveram uma pequena área no cérebro destinada ao reconhecimento das criaturas, a qual é usada por eles até hoje na hora de responder a uma das questões fundamentais do universo, "Quem é esse Pokémon?".

O resultado confirma uma hipótese conhecida na área como "viés de excentricidade", que descreve a formação de áreas especializadas no cérebro para reconhecimento de objetos pequenos, porém significativos no campo de visão. Na prática, isso potencialmente aponta para um fator positivo dos games no desenvolvimento infantil, uma vez que essa mesma plasticidade provavelmente está envolvida em outros processos de aprendizagem e criatividade.

Legal demais, né? Como já nos ensinou o grande Clemont, a ciência é mesmo incrível!

Fonte: Ars Technica

é gamer pra todo jogo, mas tem predileção por títulos retrô e um bom e velho JRPG. Sonic, Donkey Kong Country, Ratchet & Clank, Final Fantasy e Disgaea são algumas das séries que formaram a paixão pelos games, desde que ganhou seu Mega Drive, muitos (nem tantos!) anos atrás. Além de escrever para o Nintendo Blast e Game Blast, pode ser encontrado tagarelando no Plano Crítico.