Análise: Our World is Ended. (Switch): excêntricos desenvolvedores de jogos cruzando a linha entre real e virtual

Visual novel lançada no ocidente pela PQube Games apresenta personagens carismáticos e uma instigante história com bastante humor.

em 07/05/2019

Desenvolvida em uma parceria entre a Wizardsoft e a Red Entertainment, Our World is Ended. é uma visual novel sobre um grupo de desenvolvedores de jogos chamado Judgement 7. Durante o desenvolvimento de um título de realidade aumentada (AR), a equipe acaba se envolvendo em uma trama muito mais sinistra do que qualquer um deles poderia prever.

Um grupo excêntrico


Se fosse necessário descrever Judgement 7 em uma palavra, o termo correto a se escolher seria certamente “excêntrico”. Todos os integrantes da equipe possuem algum tipo de característica marcante que o torna bastante exagerado. E isso se aplica até mesmo ao protagonista, Reiji Gozen, o “diretor de meio-expediente”, cuja personalidade excessivamente genérica é motivo de piada em vários momentos do jogo.

Além dele, temos Sekai Owari, um programador pervertido que é bastante talentoso e lidera o grupo. Apesar de constantemente fazer piadas, é uma pessoa em quem é possível confiar quando a situação fica realmente tensa. Melhor amigo de Sekai, Iruka No. 2 é um roteirista lunático com fortes tendências ao chuunibyou. Exagerado ao máximo, suas falas são mais complicadas de entender do que o necessário na maior parte do tempo.


A artista Natsumi Yuki também representa um personagem, a “Dark Angel”, mas ao invés de se comportar de forma exagerada, ela é extremamente fria e abusiva. O extremo oposto da jovem Yuno Hayase, que é extremamente alegre e amável, e atua como assistente em diversas atividades da equipe. Apesar de ser cabeça-de-vento e fazer as coisas sem pensar antes, ela possui uma forte intuição e é capaz de fazer um excelente trabalho em praticamente qualquer coisa.

Já sua irmã, Asano Hayase, é uma pessoa esquentada que não aceita levar desaforo. Ela é a designer de som da equipe, fazendo tanto as BGMs quanto os efeitos sonoros. Por fim, temos também a sub-programadora, Tatiana Alexandrovna Sharapova, que usualmente trabalha à distância auxiliando o grupo em seus projetos. Apesar de ser muito nova, infantil e um tanto mimada, sua mente brilhante faz com que ela seja muito boa em programar.

Além de ser um grupo bastante carismático e caótico, ao longo do jogo esses personagens ganham novos contornos e são bem desenvolvidos. Existe um claro esforço em aproximar o jogador dos personagens com um roteiro mais lento e cômico que fortalece os vínculos entre eles progressivamente. Por esse motivo, mesmo o jogo possuindo finais diferentes para os personagens, existe uma longa rota comum que é bem utilizada para garantir que todos os membros da equipe tenham seu momento de brilhar.

Os impactos da tecnologia e as escolhas de final



Com a ideia de desenvolver um jogo de realidade aumentada, a equipe constrói um capacete que altera a visão do usuário. No entanto, enquanto testa o mesmo nas ruas de Asakusa, Reiji tem uma visão sinistra da cidade destruída. Apesar de inicialmente desconsiderar isso como um delírio do protagonista, o grupo logo se vê diante de situações perigosas em que realidade e ficção começam a se misturar.

Conforme a história se torna mais séria ela também se torna mais instigante, isso sem perder a comédia das relações entre os personagens. Em especial, existe no roteiro uma discussão bastante relevante sobre a tecnologia e os seus impactos na sociedade.



O roteiro é bastante fluído e a tradução do japonês para o inglês faz, no geral, boas escolhas, mas infelizmente existe uma quantidade assustadora de erros de digitação. Em muitos trechos, palavras estão digitadas de forma errada ou até mesmo completamente ausentes da frase. Obviamente, em se tratando de uma visual novel, esse tipo de situação é bastante desconfortável, já que uma grande porção da experiência é o texto. Ainda é possível entender completamente todas as frases e corrigir mentalmente os problemas, já que a escrita em si é bem feita e natural, mas não é possível desconsiderar completamente esse problema.

Outra questão desagradável é a troca do esquema de controle usual do Switch (A para aceitar e B para negar) para o oposto, simulando o padrão ocidental do PlayStation. Mesmo sendo possível configurar os botões para a passagem de texto, as escolhas e o próprio menu mantém sempre esse padrão reverso, o que pode ser desnecessariamente confuso para o jogador.


Por falar em escolhas, boa parte delas é feita em um sistema chamado Selection of Soul, em que várias opções aparecem caoticamente pela tela durante um período de tempo e cabe ao jogador utilizar os direcionais e o botão de ação para escolher uma (ou mesmo nenhuma, deixando todas passarem). É um detalhe visualmente interessante que representa o turbilhão de possibilidades passando pela mente do protagonista quando ele se sente pressionado.

Elas também impactam o relacionamento do jogador com os personagens, o que define o final do jogo. Para controlar o desenvolvimento da história com base nisso, o menu oferece um ranking com os 3 personagens de maior afinidade com Reiji. Essa ferramenta é bastante útil e simplifica um pouco o processo de alcançar o final desejado.


De forma geral, Our World is Ended. é uma instigante adição ao gênero. Com altas doses de humor, personagens bastante carismáticos e bom desenvolvimento narrativo, o jogo é certamente recomendado para fãs do gênero e pessoas que apreciam anime.

Prós

  • Personagens carismáticos e bem desenvolvidos;
  • Momentos de humor e seriedade balanceados de forma instigante;
  • Ranking de afinidade com os personagens facilita alcançar o final desejado.

Contras

  • Existem muitos erros de digitação e palavras omitidas nas frases;
  • Inversão do esquema de controle usual do Switch é inconveniente.
Our World is Ended. - Switch/PS4 - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games
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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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