Análise: Final Fantasy XII: The Zodiac Age (Switch) - a melhor versão de um clássico

Nos últimos anos foram lançadas várias remasterizações da saga Final Fantasy. O 12º jogo chega agora ao Switch, sem sombra de dúvidas, na sua melhor versão

em 16/05/2019

Para o bem ou para o mal, o Switch anda recebendo, desde o seu lançamento, vários ports, remakes e remasterizações. A famosa saga de Final Fantasy, no mesmo ritmo, também tem trazido seus jogos para a geração atual de consoles e para o PC. Lançado em 30 de abril deste ano, Final Fantasy XII: The Zodiac Age (FFXII) figura no Switch a sua melhor versão até o momento.

Ambientação fantasiosa


Por mais que as histórias de cada Final Fantasy sejam independentes entre si, sempre é possível estabelecer algumas conexões, principalmente quanto ao setting básico do universo. Em FFXII, isso não é diferente. Temos reinos medievalescos, um enredo centrado em disputas por tronos (e, é claro, ameaças à humanidade), inimigos, magias e classes comuns à saga.

Mesmo que o FFXII tenha sido lançado há mais de 10 anos, prefiro não entrar em spoilers sobre a história, principalmente porque acho que o enredo em si não faz nada de excepcional para além do nosso horizonte de expectativas. A dinâmica entre os personagens também acaba variando em qualidade.

O protagonista, Vaan, é um típico de shounens: jovem, hiperativo, curioso, com um grande potencial escondido e com um passado árduo. Porém, mesmo com bastante tempo na tela, sua personalidade é sempre rasa, assim como as suas motivações. Esses dois problemas podem ser vistos na maioria dos outros personagens jogáveis, como Penelo, por exemplo.

Talvez um dos problemas disso seja a rapidez em que eles são adicionados ao enredo. Enquanto outros JRPGs, como Xenoblade Chronicles 2, demoram para introduzir os personagens principais, dando tempo ao enredo para explicar os seus backgrounds, motivações e, principalmente, personalidades, em FFXII é tudo muito apressado. Mas, ainda assim, dois personagens se destacam positivamente.

Ashe, herdeira do trono de Dalmasca, possui um plot centralizado nessa missão e em conflitos internos da personagem que exploram os meios para se atingir esse objetivo. O outro é Balthier, um pirata que possui um passado muito menos relevante para a história, mas que esbanja personalidade e, principalmente, diálogos bem escritos: parece que toda a criatividade da equipe foi depositada nele. Mesmo assim, de forma geral, a história do jogo cai bem com os outros elementos do gameplay.

Gambits, jobs e licenses

A saga Final Fantasy, ao longo dos anos, passou por remodelações no seu sistema de batalha e em FFXII os desenvolvedores inovaram muito. É difícil categorizar esse novo design em nomes como ação, RPG, tática, ou qualquer outro nome, porém, é importante ressaltar que ele é mais focado no aspecto técnico de planejamento antes da batalha do que o design mais reacionário de Final Fantasy XV, por exemplo.

E isso é visto principalmente no sistema de Gambits. Basicamente, em uma lógica e sintaxe quase que de programação, você configura várias ações que serão executadas em uma determinada situação: tudo isso faz com que, na maioria das vezes, o micro-gerenciamento da sua party seja dispensável. Aliás, exclusivamente nessa edição, é possível configurar três perfis diferentes para cada personagem!

O sistema brilha justamente no planejamento tático, fora de batalhas, mas o bom é que é muito fácil você ver quando há algum problema em algo. Seu white mage está spammando uma magia que tira poison de aliados saudáveis? Especifique que o alvo precisa estar nesse estado. Seu black mage está sempre ficando sem mana? Coloque um charge prioritário antes de qualquer magia. Um de seus personagens fica roubando infinitamente os inimigos, sem atacar depois? Simples, basta especificar que ele deve atacar qualquer personagem com menos de 90% de vida em primeiro e, em segundo, que ele deve roubar apenas de inimigos com a vida cheia!

Em qualquer jogo desse gênero há dois tipos de jogadores: o que gosta de explorar sozinho as possibilidades e o que gosta de estar sempre otimizado. Nesse quesito, o jogo é bem amigável e incentiva a experimentação de diferentes abordagens táticas. O mesmo pode ser dito da escolha de jobs e a alocação de pontos nas license boards.

Basicamente, simbolizando os doze signos do zodíaco, existem 12 classes disponíveis. Ao todo são 6 personagens jogáveis e, mesmo que inicialmente cada um só possa ter uma, depois de pouco tempo cada um terá acesso a dois jobs simultâneos. Porém, se você quiser, é possível repetir classes na sua party e, sob alguns aspectos, isso é algo bem benéfico, principalmente se considerar que o jogo te força a usar vários personagens diferentes, e nas lutas contras os chefões mais difíceis, é bom ir preparado com combinações de classes efetivas e equipamentos fortíssimos.

Tudo isso é conectado na license board, que é mais ou menos o sistema de skill trees, só que muito mais horizontal e dinâmico. Sob essa perspectiva, o nível bruto do personagem pouco importa se comparado ao potencial dos atributos obtidos com os license points. Há uma para cada job, e lá cada personagem desbloqueia coisas cruciais como permissões para usar magias, equipamentos e armas (que devem ser obtidos em shops ou em baús), bonificações passivas (como mais vida ou ataque) e, por fim, Summons e Quickenings.

Falar disso e ignorar o processo de farming é impossível. Quase todos os inimigos dão 1 license point ao serem derrotados e, lembrando, isso é muito mais importante do que pontos de experiência normais, logo, os melhores lugares para farm terão vários inimigos facilmente derrotáveis.

Ao longo do jogo, várias áreas apresentam essas características e, sim, não é nem um pouco recomendado tentar o jogo sempre indo do ponto A até o B sem dar essas paradinhas de vez em quando. Porém, o jogo aceita isso como um elemento e facilita muito a vida do jogador com os Gambits que agilizam e automatizam o processo ainda mais. Além disso, ao apertar um botão você pode alterar a velocidade do jogo para que ele fique 2 ou 4 vezes mais rápido.

A única falha que eu vejo nisso são as Hunts, que funcionam como sidequests. Para selecionar uma caçada dessas é necessário caminhar até uma taverna, aceitar a missão, ir para algum lugar falar com o NPC responsável, procurar o monstro na localização indicada e, por fim, ainda é necessário voltar ao mesmo NPC. O fast travel é extremamente limitado, tanto por localizações disponíveis quanto pela necessidade de ter várias Teleport Stones, e isso faz com que as Hunts sejam tediosas.

Switch Master Race?

Como já adiantado, sim, acredito que a melhor versão para FFXII seja a do Switch. Para além dos elementos mais óbvios, como desempenho técnico e qualidade visual, em que em ambos os casos o Switch entrega o esperado de uma remasterização de um jogo de PS2 (mesmo no modo portátil), essa versão possui algumas mudanças excelentes, principalmente a possibilidade de trocar os jobs de um personagem e resetar as suas license boards!

Quando comparamos as versões de FFXII, é bom lembrar que há três níveis: o original, de 2006 para o PS2; o primeiro Zodiac Age, de 2017 para o PS4; e a atual, para Switch e Xbox One. As mudanças mais significativas ocorreram já na versão de 2017, principalmente a remasterização gráfica e o gameplay, com balanceamentos aos jobs, MP, entre outros elementos.

Porém, algumas pequenas melhorias presentes nessa última versão trazem o jogo ao seu melhor estado até agora. E entre Xbox One e Switch, não é nem por favoritismo à Nintendo, mas é muito prático poder farmar por um tempo enquanto você está na cama antes de dormir ou no ônibus. E o melhor de tudo é que isso acontece com pouca perda visual ou de FPS (ao contrário de um Xenoblades 2 da vida, que fica horrível no modo portátil).

Por fim, além do fato de que o FFXII entra com uma boa frequência na lista de melhores jogos da franquia, no fim de uma análise de uma versão tão boa como essa é impossível não recomendá-lo com entusiasmo.

Prós:


  • Mais de cem horas de conteúdo RPGístico de qualidade;
  • Sistemas complexos mas muito recompensadores;
  • Boa qualidade audiovisual para um remaster;
  • Portabilidade excelente.

Contras:


  • Problemas com a câmera e sincronização labial nas cutscenes;
  • Design e personalidade de alguns personagens deixam a desejar.

Final Fantasy XII: The Zodiac Age - Switch/PS4/PC/Xbox One - Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix 
Revisão: Vinícius Fernandes
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