Análise: Darkest Hunters (Switch) é mais um "Candy Crush" sem muitas agregações

Com uma sensação de “mais do mesmo”, Darkest Hunters não se preocupa com inovações no gênero.

em 25/05/2019

Ascender heróis míticos capazes de derrotar as forças do mal e revogar a paz no mundo. Um pretexto até certo ponto clichê, certo? De fato, porém Darkest Hunters (Switch) tenta inovar e trazer tal narrativa, com guerreiros, arqueiros, mágicos e ladrões contra lordes sombrios, para o gênero Puzzle já popularizado pela abordagem infantojuvenil e com temáticas carismáticas e fofas, como Candy Crush Saga (Mobile), principalmente para Android e iOS.


De qualquer forma, a pegada mista de duas atmosferas bem discrepantes, com boas lembranças de Diablo III: Eternal Collection (Switch), tem tudo para dar certo, até mesmo pelo estilo móvel do híbrido da Big N. Entretanto, a sensação de que falta inspirações e novidades faz com que Darkest Hunters seja ofuscado, mesmo que possa agradar alguns fãs do gênero.

Sem preocupações com originalidade

Para quem não conhece o gênero Match-3, o jogador deve unir peças do mesmo tipo, como se fosse um quebra-cabeça moderno, a fim de coletá-los e dar sequência a mais peças no espaço delimitado pelo jogo (fazer mais pontos e por aí vai). Darkest Hunters segue o mesmo padrão, até porque ele foi lançado primeiramente para mobile com microtransações. Felizmente a versão para Switch não possui formas de pagamentos extras além do atrativo preço para comprá-lo na eShop, porém há alguns problemas que comentarei posteriormente.
O diferencial dessa aventura está na temática e nas criaturas mais sombrias que atraem “novas” mecânicas no game, tudo isso na tentativa de torná-lo mais atrativo para fãs da temática e misturar dois universos que normalmente não se misturam na indústria. Contudo, o resultado disso tudo, principalmente quando ligado à TV, aparenta ser algo genérico e intuitivamente enjoativo.


A princípio, o visual aparenta agradar os fãs de pixel art, até mesmo porque é notável o capricho com detalhes e nas feições dos personagens nas primeiras cenas do jogo, mas, quando o jogador progride em Darkest Hunters, é possível perceber que algumas artes foram feitas às pressas e a riqueza de pixels se perde nesse caminho, infelizmente.
Além do mais, a história se atrapalha e inexiste em certos pontos, visto que a introdução temática medieval e de criaturas horrorosas não possui desenvolvimento de narrativas, tampouco personagens que sejam lembrados — até porque os criadores dão essa sensação de não quererem ser memoráveis por isso. Assim, tal apresentação genérica de tudo pode prejudicar o interesse da progressão por alguns jogadores.

Totalmente intuitivo

Não há problemas no aprendizado de Darkest Hunters. Pelo contrário, a famosa tática de reunir ao menos três peças idênticas para conseguir pontos está aqui e com um plus: há monstros pelo cenário e armaduras coletáveis durante a progressão do game. Isso é interessante pelo incentivo à busca de ferramentas melhores, mesmo que isso não seja essencialmente necessário dependendo da sua experiência com jogos do gênero. As armaduras são formas interessantes de incentivar o jogador a continuar a experiência, mas até mesmo os estilos de armaduras que, aparentemente, são muito parecidos acabam estragando a sensação de novidade ou até mesmo de exclusividade.
Falando nisso, a dificuldade não surpreende muito, o que pode decepcionar jogadores que gostam de puzzles exigentes e que demandam estratégias mais elaboradas. Durante o avanço da jogatina, alguns artifícios surgem a fim de entregar mais elaborações na partida, como teias de aranha que impedem a progressão das peças de mesma cor. É interessante mencionar também que no modo portátil é possível controlar os comandos dos personagens com o uso do touch screen, o que facilita a imersão na experiência, mas não remove alguns sérios problemas do game.

Tudo por vezes flui como se fosse um jogo de tabuleiro, visto que o jogador precisa reunir peças específicas para atingir seus objetivos, como coletar mais pontos de ataque para investir no inimigo ou de health para recuperar o personagem após uma série de ofensivas dos inimigos. Isso é positivo, porém, com o tempo, o game torna-se monótono e repete bastante a mesma estrutura, em uma condição bastante enjoativa.

É tudo, de certa forma, mediano

Seria possível resumir Darkest Hunters em uma palavra: mediano. A projeção inicial em smartphones com o intuito de vender microtransações e viciar jogadores não parece funcionar bem com o Switch, principalmente no modo docked, visto que há uma sensação de não ser natural e tudo parece funcionar de forma, novamente, mediana, o que atrapalha de forma grave o fator replay.

Sim, o Switch é também portátil. Contudo, ao tentar induzir os jogadores a um game original de smartphones sem um certo esforço para que funcione de forma fluída e interessante, toda a proposta oferecida pode ser descartada por alguns jogadores. A ideia é interessante, porém a forma mediana que tudo é construído corrobora a ideia de ser mais um jogo genérico e sem muitos diferenciais, até mesmo com customizações muito parecidas e, por vezes, desinteressantes. Ainda assim pode ser agradável para fãs do gênero que gostam de distrações rápidas em eventos cotidianos, ao esperar em filas ou enquanto o metrô não chega na estação aguardada, por exemplo, ou apenas deseja resolver puzzles em situações tediosas — entretanto, não espere muito mais que isso.

Prós

  • Interessante mistura de gêneros;
  • Muito conteúdo, contando com vários níveis e desafios;
  • Pixel arts predominantemente bem feitas;
  • Acessibilidade com touch screen no modo portátil.

Contras

  • Falta inspiração na construção de níveis variados;
  • Sem muitos desafios no decorrer da jogatina;
  • Problemas com os controles e a câmera;
  • Experiência no modo docked não é efetiva;
  • Ausência de construções narrativas e de originalidade.
Darkest Hunters - PC / Mobile / Switch - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch


Análise produzida com cópia digital cedida pela Ultimate Games
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É estudante e apaixonado por games desde seu primeiro contato com Duck Hunt e Ice Climbers do nintendinho em 2002. Fanático por Pokémon e admirador de diversas franquias, reúne seu tempo livre para escrever e tentar colocar as matérias da faculdade em dia.
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