Análise: The World Next Door (Switch): dois mundos distintos são

Explore um outro mundo nesse jogo com grande enfoque narrativo, visual de anime e combate em match 3

em 06/04/2019

Seres extraterrestres provavelmente existem, certo? De qualquer forma, se existissem, eles não teriam que ser completamente diferentes de nós. Agora, e se esses seres fossem antropomórficos e, também, nossos vizinhos? The World Next Door explora essa premissa em uma narrativa interativa e bem estruturada.

Um sorteio entre mundos

A protagonista dessa visual novel, Jun, vive no mundo dos humanos, mas é fascinada com Emrys, o mundo vizinho onde moram seus grandes amigos. Ela mantém contato com eles por meio da internet, mas, periodicamente, quando acontece um festival de união e celebração dos dois universos, uma pessoa de cada mundo é sorteada para passar um dia no lado de lá.

Naturalmente, Jun é sorteada. O jogo começa na metade desse dia especial e imediatamente somos apresentados a alguns dos personagens que se fazem presentes ao longo da jornada. Todos os visuais do jogo esbanjam criatividade e contribuem muito na imersão do jogador, e também atribuem personalidades distintas aos personagens.



A primeira faísca que inicia o real enredo do jogo logo também é apresentada: Jun deveria retornar ao seu mundo no fim do dia, mas se atrasa porque os seus amigos queriam mostrar a ela como lançar magias (coisa que só é possível nesse mundo, mas é muito comum). Porém, a magia presente em Emrys é letal para humanos que forem expostos a ela por muito tempo. Sabendo disso, todos os colegas de Jun reúnem esforços para achar uma maneira de reativar o portal que foi selado e salvar sua vida.

Magic Crush

O aspecto mais inovador de The World Next Door é, sem sombra de dúvidas, o seu sistema de combate. Tematizado ao redor das diferentes magias, a protagonista enfrenta inimigos em plataformas com diferentes layouts, lançando os feitiços ao combinar 3 ou mais “runas” do mesmo tipo.

Em outras palavras, o combate é um match 3 em tempo real, com o jogador fazendo as permutações fisicamente, através do seu personagem, enquanto desvia e foge de inimigos.


A ideia é muito interessante e, sinceramente, até certo ponto muito bem executada. Todas as magias são suficientemente diferentes entre si, como por exemplo quando, ao invés de dar dano diretamente ao inimigo, o golpe elétrico monta uma armadilha no chão que machuca inimigos que passarem por cima dela. Os layouts das fases são diferentes e modificam sempre a experiência, então dificilmente será algo repetitivo, principalmente porque é um jogo curto. Porém, esse sistema tem o potencial para ser muito melhor.

O principal problema é a falta de progressão, algo que não se concentra apenas na jogabilidade de match 3, mas também na falta de adições de sistemas de RPG. Isso quer dizer que as suas primeiras lutas serão, na maior parte, iguais às últimas, porque tirando algumas combinações especiais que são expandidas para a magia branca (obtida ao ativar 4 ou mais “runas” de uma só vez), o jogo não expande esse sistema.


E, como na maioria dos jogos desse gênero, que operam em um ciclo diário, o jogador pode explorar a cidade, falar com outros personagens e completar missões secundárias. Porém, deixando de lado o potencial narrativo, essas atividades não complementam em nada o restante da experiência. Pior que isso: algumas recompensas são itens que aparecem no inventário do jogador, mas não fazem nada, são placebos.

Avaliar como jogo ou como história?

Inúmeros jogos com o foco narrativo recebem uma variedade de críticas, tanto positivas quanto negativas. Não há um real consenso ou muito menos uma linha direta que separe literatura e jogos, mas, no caso de The World Next Door, é possível evidenciar alguns deslizes na jogabilidade que afetam a experiência narrativa do jogador.


Além da já comentada falta de evolução no combate, que afeta totalmente o senso de progressão da protagonista, muitos diálogos oferecem escolhas banais que não contribuem em nada. Não se espera que existam centenas de finais possíveis que sejam adaptados de acordo com as menores escolhas do jogador: o jogo já dá uma ótima diversidade nesse sentido. Porém, se eu não tenho controle de tudo que é dito pelo meu personagem, espero que quando eu tenha que fazer uma escolha de diálogo isso carregue algum impacto, mesmo que não na conclusão, mas pelo menos na minha experiência.

Por fim, ressalto que a maioria dos personagens secundários são bem desenvolvidos caso o jogador interaja com eles, e isso contribui significativamente para a história. A arte visual do jogo é belíssima e, mesmo que o enredo possa começar de maneira pouco interessante, acredito que a maioria das pessoas que derem uma chance ao jogo vão gostar da história, principalmente os fãs de animes.

Prós:

  • Visuais belíssimos;
  • Enredo e personagens interessantes;
  • Sistema de combate inovador e agitado;
  • Formato do jogo perfeito para jogatinas curtas no Switch.

Contras:

  • Falta de progressão no combate;
  • Inteligência artificial dos inimigos é bastante básica;
  • Alguns diálogos são pouco interessantes e não adicionam à experiência.
Análise: The World Next Door - Switch/PC - Nota: 7
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Fernandes 
Análise produzida com cópia digital cedida pela VIZ Media
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