Tetris e Nintendo: com quantos blocos se faz uma história de amor?

Juntos desde 1989, vamos mergulhar na longa parceria entre estes dois nomes de peso da indústria dos games.

em 03/03/2019

Nascido na Rússia, em 1984, Tetris veio direto da mente de Alexey Pajitnov, na época um pesquisador de inteligência artificial para a Academia Soviética de Ciências. Devido a isto, o game foi considerado propriedade da União Soviética em um contrato de 10 anos. Seu licenciamento para outros países era dado através da Elektronorgtechnica ou “Elorg”: órgão governamental responsável pela importação e exportação de hardwares e softwares.


A Elorg foi privatizada em 1991 e se manteve como parceira da The Tetris Company, com 50% dos direitos sobre o game, até ser finalmente comprada em sua totalidade em 2005. Desde então Tetris é propriedade exclusiva da própria The Tetris Company.

Enquanto isso, nasce uma alma gêmea

Em 1989 uma empresa de games japonesa, famosa por seu mascote italiano de bigode grosso, resolve ousar no mercado de consoles com uma proposta nunca antes vista: um aparelho portátil compatível com cartuchos de jogo, de forma que o usuário poderia trocar de game sem precisar comprar um hardware novo, como era feito até então.

Nascia assim o Game Boy, o primeiro integrante da linha de portáteis mais famosa do mundo. Sua versão japonesa surgiu em 21 de abril, poucos meses antes da Nintendo finalmente fechar o acordo para a visita internacional daquele que seria o parceiro ideal para o console: o senhor Tetris. Cinco anos mais velho e experiente, o game fora finalmente licenciado pela Elorg e lançado no japão em 14 de junho do mesmo ano. Foi amor à primeira partida.



Nessa relação console-jogo, um completava o outro que nem feijão com arroz. Além do puzzle combinar perfeitamente com um aparelho portátil, Tetris foi o primeiro game compatível com o acessório Cabo Link, que permitia a dois jogadores conectarem seus consoles para uma partida multiplayer. Sucesso de vendas e de crítica, Game Boy e Tetris se tornaram um daqueles casais apaixonados que todos gostariam de ser.

Em julho, ainda em 1989, o casamento foi finalmente consolidado com a ajuda de Henk Rogers, futuro fundador da The Tetris Company, que fechou um acordo para que no resto do mundo todos os Game Boy viessem com Tetris incluso. Essa versão foi a grande responsável pela popularização mundial do game e o próprio Rogers certa vez chegou a afirmar “Tetris fez o Game Boy e o Game Boy fez o Tetris”.

Uma longa Linhagem

Deste casamento surgiram diversos filhos por todos os consoles da Big N. Estes incluem algumas versões alternativas da fórmula original, remakes e até mesmo games que não passam de puzzles completamente diferentes carregando o título do jogo por puros motivos de marketing. Vamos listar aqui pelo menos um de cada console e que sejam de fato um Tetris, deixando as ovelhas negras de fora.
  • Tetris (NES) - Lançado em novembro de 1989, o título para Nintendinho é utilizado até hoje na competição mundial: Classic Tetris World Championship (CTWC). Ao terminar o jogo no modo Type B alguns personagens Nintendo aparecem durante os créditos dançando ou tocando diversos instrumentos.

  • Tetris Plus (GB) - O grande chamariz desta versão é o modo puzzle que traz a historinha de um explorador e sua aprendiz. O desafio consiste em limpar linhas para eliminar os blocos pré-posicionados, de forma que o simpático arqueólogo chegue até o fundo da tela, escapando de uma parede de espinhos que desce aos poucos.
  • Tetris & Dr. Mario (SNES) - Este pacote especial “dois em um” contém versões otimizadas destes clássicos do gênero puzzle.
  • 3D Tetris (Virtual Boy) - Apesar do fracasso do Virtual Boy ele recebeu uma das versões mais curiosas de Tetris. Com uma perspectiva tridimensional, as peças podiam ser rotacionadas horizontalmente e verticalmente, além de serem posicionadas em quatro direções diferentes.
  • Tetris 64 (N64) - Lançado apenas no Japão, esta versão incluía um biossensor que era acoplado ao controle. Dele se estendia um fio com uma espécie de pregador na ponta que era preso à orelha do jogador para medir seu batimento cardíaco. Quanto mais forte, mais rápido o jogo ficava.

  • Tetris DX (GBC) - Esta versão de Game Boy Color trazia dois novos modos e a possibilidade de manter salvos os recordes dos jogadores. Além disso, era retrocompatível podendo ser jogada no Game Boy clássico.
  • Tetris Worlds (GC/GBA) - Esta versão contava com oito modos de jogo distintos e não apareceu somente em consoles Nintendo, mas também no Windows e todos os videogames ativos no mercado em 2001 e 2002.
  • Tetris DS (DS) - Essa é uma versão super especial que celebra o casamento de Tetris e Nintendo. Cada modo traz um tema baseado em um game clássico de NES: Super Mario Bros., The Legend of Zelda, Metroid, Balloon Fight, Donkey Kong e Yoshi’s Cookie. Além disso, dando continuidade à tradição de pioneirismo multiplayer, essa foi a primeira versão de Tetris compatível com Wi-Fi.

  • Tetris Party Deluxe (Wii/DS) - Originalmente lançado apenas em versão digital para WiiWare em 2008, o game trazia compatibilidade com os Miis e um modo de jogo que utilizava a Wii Balance Board para controlar as peças com o peso do próprio corpo. A versão Deluxe chegou à prateleiras dois anos depois, em 2010, para o Wii e também para o Nintendo DS.
  • Tetris Axis (3DS) - Com mais de 20 modos de jogo, 3D estereoscópico e um simpático Mii dançante na tela inferior, essa versão de destaca como uma das mais completas já lançadas.
  • Puyo Puyo Tetris (Multi) - Para não deixar o esquecido Wii U faltar na lista nós relembramos esse, que chegou para o console abandonado e para o 3DS somente no japão em 2014. O game veio pelas mãos da Sega e consiste em um crossover das séries Puyo Puyo e Tetris, como o título obviamente sugere. Uma versão para Switch chegou ao resto do mundo em 2017.

E por fim… Tetris chega ao Battle Royale

Quê?! Pois é isso mesmo. O mais recente título da franquia, Tetris 99 (Switch), é uma mistura de Tetris com o gênero Battle Royale em um imenso multiplayer online no qual 99 jogadores competem simultaneamente em partidas do querido jogo de blocos. Cada linha completada envia ataques na forma de linhas cinzas, chamadas de “linhas lixo” (garbage rows em inglês) para a tela de outros jogadores.

As outras 98 partidas são exibidas simultaneamente e é possível selecionar qual jogador será o alvo do seu ataque ou utilizar uma de quatro configurações pré-determinadas: alvos aleatórios, adversários que estejam fazendo alvo no jogador, aqueles que estão próximos da derrota e, por fim, os que possuem insígnias. Estas, por sua vez, são prêmios recebidos ao realizar um nocaute com “linhas lixo”.

Ao derrotar um adversário com seus ataques o jogador recebe uma insígnia nova e quaisquer outras que o derrotado já tivesse conquistado. Elas garantem um bônus cumulativo na quantidade de “linhas lixo” que o jogador pode enviar em seus ataques, podendo chegar a um benefício de até 100%. Vale lembrar que Tetris 99 é gratuito e exclusivo para assinantes do serviço Nintendo Switch Online.

E quem um dia irá dizer, que não existe razão nas coisas feitas pelo coração.

E foi assim, em um inusitado romance Russo/Japonês com o Game Boy, que a franquia Tetris se tornou um elemento icônico não só no mundo dos games, mas em toda a cultura mundial. É praticamente impossível achar alguém que não conheça o “jogo dos bloquinhos”. Tetris foi a base para todo um novo gênero nos games e serviu de inspiração para diversos títulos. Até mesmo a Nintendo, que foi uma sogra e tanto, criou seu próprio puzzle de blocos: Dr. Mario.

Com uma mecânica simples e viciante, além de uma clássica trilha sonora, Tetris é um velho amigo da comunidade gamer, para o qual os jogadores e os mais variados desenvolvedores retornam de tempos em tempos em busca de um pedacinho de nostalgia.

E você leitor? Qual versão de Tetris está jogando agora?

Revisão: Pedro Franco

Mestre Pokémon de longa data, salvador de Hyrule em todas as encarnações do herói e ocasionalmente um encanador de bigode grosso.
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